Vacina contra o zika deve demorar, no mínimo, três anos
Última atualização 11 de fevereiro de 2016 - 09:29:37
Em meio à ameaça global do zika, laboratórios de diversos países anunciaram esforços para o desenvolvimento de vacinas contra o vírus. A OrganizaçÃo Mundial da Saúde (OMS) informou que pelo menos 12 grupos de oito países pesquisam, atualmente, uma soluçÃo – que, se for encontrada, ainda vai demorar alguns anos para chegar aos hospitais e postos de saúde.
A maior parte dos estudos está em estágio inicial de desenvolvimento e, na expectativa mais otimista, só vai resultar em algum produto para uso humano dentro de três anos.
Há pelo menos dois obstáculos para a criaçÃo mais rápida de uma vacina contra o zika. O primeiro é a falta de conhecimento sobre o vírus. Pouco se tinha ouvido falar a respeito da doença até meados do ano passado, e seus efeitos (febre, erupções na pele, coceira e dor muscular) eram considerados leves até ser levantada a hipótese de relaçÃo com a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré. Falta descobrir como o zika afeta o organismo, se pode ser transmitido entre pessoas, como o sistema imunológico pode se proteger da infecçÃo, entre muitas outras coisas.
O segundo obstáculo é que o desenvolvimento de uma vacina é um processo lento. É preciso criar um produto seguro, eficaz e de pronta entrega, que proteja crianças, adultos e grávidas, testá-lo em animais e fazer estudos clínicos com humanos – etapas que, em geral, levam uma média de 10 anos para serem concluídas. Institutos de saúde e empresas farmacêuticas anunciaram métodos diferentes de estudos para combater o vírus.
Uma esperança de desenvolvimento mais célere está na possível semelhança do zika vírus com a dengue. Cientistas de Estados Unidos, França e Brasil, que têm estudos avançados na criaçÃo de uma vacina contra essa outra doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, trabalham com a mesma “plataforma” como ponto de partida. A primeira vacina contra a dengue, aprovada no Brasil em dezembro, levou quase 20 anos para ser criada e receber registro em um país.
– Pesquisamos se há uma imunidade cruzada entre os vírus, o que seria uma boa notícia – explicou, por meio de nota, o diretor-geral do laboratório francês Sanofi Pasteur, Olivier Brandicourt.
O laboratório produz vacinas licenciadas contra a febre amarela, a encefalite japonesa e, agora, também contra a dengue. No momento, a OMS seleciona as pesquisas existentes na área para determinar quais devem ter prioridade. A organizaçÃo também pretende facilitar os trâmites regulatórios para a aprovaçÃo dos testes clínicos nos países, reduzindo a burocracia, e compartilhar amostras e informações entre grupos de pesquisa sobre o zika.
deixe seu comentário