As mudanças mais importantes ocorrem de dentro para fora, não o contrário. Um guarda-roupa novo pode dar um empurrão na autoconfiança, mas é preciso mergulhar fundo dentro de si para curar ataques frequentes de timidez. “Todo mundo tem algo que gostaria de mudar, só não sabe por onde começar”, diz a americana Belisa Vranich, autora de Get a Grip: Your Two Week Mental Makeover (inédito no Brasil). Confira dicas práticas para fazer uma reforma interior:
· Não leve tudo tão a sério
Quem disse que o mundo está interessado em criticar, ridicularizar, magoar e ferir você? Nem toda frase infeliz é pronunciada com a intenção de atingi-la. Muitas vezes as pessoas dizem coisas apenas por dizer. Ou porque estão em um dia ruim. Dê aos outros o benefício da dúvida. Pelo menos a priori.
· Controle-se!
É difícil manter seus sentimentos sempre sob controle, mas é possível lapidar a forma como os expressa. Ao perceber seu lado gênio ruim prestes a se manifestar, respire fundo, segure a língua e limite-se a responder com um comentário banal. Ou fique em silêncio e sorria. Avalie se não superestimou uma bobagem.
· Sorria, mesmo sem vontade.
Ficar na defensiva pode preservar seu espaço, mas também fazê-la perder coisas boas, ressalta a psicóloga clínica Carmen Cerqueira Cesar, de São Paulo. “Comece já a colocar aquele seu sorriso simpático no rosto. Apenas isso abrirá portas para que pessoas se aproximem e gostem de você.” Ainda que no começo o sorriso saia forçado, insista. “Se você ‘finge’ com frequência algo, acaba ‘convencendo’ seu cérebro”, diz a vice-presidente da consultoria de carreira Sociedade Brasileira de Coaching, Flora Victoria, uma expert em orientar executivos em mudanças de atitudes.
· Saiba que você merece.
Segundo a americana Jenna Forrest, autora de Help Is on Its Way (inédito no Brasil), um desafio em quadros do gênero é silenciar vozes interiores que repetem crenças como “Eu não posso, não devo, não mereço”. O antídoto é providenciar afagos para levantar a autoestima. Veja o que funciona para você. Até um cabelo novo e saltos podem ajudar a começar a se achar no direito, sim.
· Questione seus pensamentos negativos assim que eles surgirem.
Se seu chefe não gostou de algo que fez e você já pensa logo “Sou uma inútil”, está usando o filtro errado para ver as coisas. Erros, falhas, obstáculos fazem parte da vida de todos. Pergunte-se: “Como sei que sou inútil? O que prova que isso é verdade?” Segundo Flora, questionar-se o tempo todo é ótima tática para mudar comportamentos enraizados.
· Busque outros pontos de vista.
“Todas as situações apresentam aspectos positivos e negativos”, lembra a psicóloga Carmen. Chame um colega para um café ou uma amiga para jantar, conte seu caso e peça opinião. Saber como outras pessoas interpretam a mesma história ajuda a ver as coisas de uma nova perspectiva.
· Não generalize.
“O pessimista generaliza as coisas ruins que lhe acontecem e especifica as boas”, observa Flora. Funciona assim: se a noite de paquera foi malsucedida, o pensamento é “Sempre me dou mal com os homens”. E, se a balada terminou bem, a frase é “Hoje, finalmente, dei sorte”. “É preciso aprender a amplificar o impacto das coisas boas que lhe acontecem e reduzir o das ruins”, receita a expert.
· Se é para usar generalizações, que sejam as do bem.
A promoção não veio para você? Experimente esta: “Tudo tem seu tempo”. Ou: “Todo mundo tem sua hora”. A tática pode servir para dar a você a calma necessária para trabalhar mais, mudar posturas e ser lembrada numa futura oportunidade.
· Injete alegria na sua vida.
Escolha a companhia de otimistas. Faça programas que levantem o astral. Prefira comédias a dramas no cinema. Veja seriados bobos na tevê. Parece pouco, mas o acúmulo de pequenas alegrias ajudará a mudar a atitude negativa.
· Seja coadjuvante de vez em quando.
Não se coloque como protagonista de todas as conversas. Resista à tentação de contar sempre sua história assim que o outro termina a dele. “Ouça mais em vez de falar”, aconselha Carmen. “O ser humano é um ser de relações. Se não trocamos nada com o mundo, nos desequilibramos.”
· Pratique empatia.
“Tente se colocar no lugar do outro”, receita Carmen. Faça isso muitas vezes, em várias situações. Por exemplo, quando alguém diz algo de que você não gosta, não julgue nem corte a pessoa imediatamente da sua vida. Procure entender por que ela pensa assim.
· Ofereça ajuda.
Seja para finalizar um projeto de trabalho da vizinha de mesa, seja para acompanhar uma amiga em um exame, ofertas desse tipo servirão para esquecer um pouco de si e dedicar-se a uma questão alheia. O bÔnus: quando precisar de apoio, você o terá com mais facilidade.
· Peça ajuda.
Fazer isso significa admitir que você tem falhas e fraquezas, como qualquer mortal.
· Engaje-se.
Se ajudar uma amiga já é pedagógico, imagine contribuir para um projeto social.
· Avalie seus medos.
Ao entrar em um lugar, parece que todos os olhos estão grudados em você. Sua cabeça fervilha: “O que estão pensando? Que vergonha!” A psicóloga Carmen explica: “Por trás da timidez, estão mil inseguranças. Pense: será que os outros estão assim tão preocupados com você?”
· Aumente aos poucos sua zona de conforto.
“Comece a se arriscar a cada dia um pouco mais”, diz Carmen. Vale tudo: cumprimentar vendedores, sorrir para as pessoas na rua, puxar conversa com a vizinha no elevador. Forçar-se a interagir com os outros vai prepará-la para voos maiores.
· Teste seus limites.
Em uma festa, aproxime-se de uma roda e tente entrar no papo. Ou circule por vários grupos sem falar nada. Se é demais para você, aborde alguém sozinho que pareça deslocado. Confessar sua timidez pode ajudar.
· Faça um diário da mudança.
A dica é da coach Flora. Anote perdas causadas pela timidez e motivos percebidos. Exemplo: “Aniversário da Andréa – estava cheio de gatos, mas não disse ‘Oi’ a nenhum. Tive vergonha por chegar sozinha”. Pense no que poderia ter feito diferente. Será que chamar uma amiga para ir com você a deixaria mais confiante? “O diário funciona em qualquer tipo de mudança”, diz Flora.
· Encontre o inimigo
Faça uma autoavaliação. O que outras pessoas dizem sobre você? Há pontos que se repetem? Peça a alguém que a conhece bem para dar opinião sincera sobre você. “Preste atenção no que lhe causa resistência”, sugere o americano Richard Bandler, autor de livros como Hora de Mudar (Rocco). O que menos quiser escutar é o que tem maior chance de ser seu ponto fraco.
· Ponha na balança
Por mais contraditório que pareça, um comportamento negativo dá algo bom. Quem é pessimista não cria expectativas, o que previne frustrações. Pese prós e contras de uma reforma interior antes de executá-la. Se concluir que vale mudar, crie um objetivo maior. Digamos que decida arranjar um namorado até o fim de 2011. Para tanto, terá de conhecer pretendentes, mas, se continuar a agir como um porco-espinho, nenhum cara vai chegar perto. Então, precisa parar com o sarcasmo.
· Vença a batalha
Escolha suas armas e use-as sempre. Quantas vezes precisar. A repetição é a chave para mudar. De tanto fazer diferente, uma hora você será diferente!
deixe seu comentário