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Tecnologia melhorou a estrutura de trabalho e a qualidade de vida

Última atualização 22 de julho de 2016 - 10:50:12
Aventuras, desafios, alegrias, tristezas, a saudade da família, a solidÃo e a insegurança rodeiam a vida de quem escolheu a “boleia” de um caminhÃo como profissÃo. Só quem vive na estrada é que sabe das dificuldades enfrentadas pelos caminhoneiros. Mesmo com tantos obstáculos, avanços e conquistas, os caminhoneiros buscam por uma melhor qualidade de vida. “Trafegar pelas rodovias do Brasil nÃo é tarefa fácil”, e é assim que o aposentando Rudi Riese descreve seus 35 anos na ‘boleia’ de um caminhÃo. O caminhoneiro, que percorreu essas rodovias desde 1975 lembra das dificuldades que enfrentou. Entre elas, ele cita a estrutura que os caminhões tinham há quatro décadas. “Quando eu comecei a dirigir, nÃo aguentava o ronco do motor e os barulhos que ele fazia, e hoje os caminhões estÃo silenciosos”, comenta.
Neste quesito, Riese diz que os avanços tecnológicos tem auxiliado o motorista no dia a dia, “na minha época tudo era manual, e era mais sofrido”, declara ele citando outros equipamento que surgiram com o passar dos anos, como o GPS. “NÃo tinha esse aparelho de GPS, e o caminho era descoberto sozinho, ou quando alguém que já tinha ido para o Estado em que eu iria, mostrava o caminho. O primeiro que foi levava os outros”, comenta.
O motorista aposentado conta que viajava na companhia de seus colega, em ‘comboio’. Segundo ele, como nÃo havia rastreamento, GPS e poucos conheciam os caminhos, andavam em fila, que contava com aproximadamente cinco caminhões. “Saíamos juntos e chegávamos juntos no local previsto, e hoje nÃo pode mais andar assim, cada um tem seu destino”, comenta.
Conforme Riese, andar em ‘comboio’ era uma maneira de ajudar o outro caminhoneiro. “Quando tinha mais que um motorista que ia para o mesmo lugar, íamos juntos. Se um furava o pneu, os outros esperavam, quando era hora de comer, se reuníamos e comíamos juntos. E hoje os patrões nÃo deixam mais fazer isso, pois se um caminhÃo furar o pneu, atrasa os outros motoristas”, menciona.
Riese que está aposentando desde 2009, lembra que negociou muito frete durante sua trajetória. Ele conta que sempre trabalhou de empregado, porém, quem negociava as cargas era o motorista. Um fator desse processo era a falta de comunicaçÃo da época. “O motorista chegava na transportadora, ligava para o patrÃo e falava o valor do frete, quando o patrÃo concordava, carregava, recebia o dinheiro e seguia viagem. Muitas vezes o motorista que decidia para onde ir”, conta.
O caminhoneiro lembra que recebeu dos fretes grandes quantias em dinheiro, e para nÃo ser assaltado escondia o dinheiro em várias partes do caminhÃo. “Uma vez eu recebi duas cargas de feijÃo em dinheiro e cheque, e com medo de um assalto eu escondi uma parte na carroceria e outra parte na cabina para vir embora”, diz.
A comunicaçÃo era escassa na época, e segundo Riese, em suas viagens para o Mato Grosso, existia um local onde havia um telefone, porém tinha que marcar hora. “Havia um local chamado PS onde tinha que ser agendado um horário para usar o telefone. Mas, quando a ligaçÃo nÃo dava certo, tínhamos que esperar, às vezes, um dia para usar novamente”, conta.
Com a família, o caminhoneiro marcava horários, pois em Palmitos também nÃo haviam telefones e celulares como atualmente. Riese lembra, que no bairro Santa Terezinha, onde reside, havia um telefone. “Normalmente eu marcava para o sábado de meio dia para ligar e falar com a família. Isso ocorria a cada 14 dias, dependendo do local onde eu estava, pois as viagens eram de 40 a 60 dias fora de casa”, recorda.
Há quatro décadas Riese enfrentava muita estrada de chÃo, além das poucos rodovias que existiam. “Quando comecei a dirigir Brasil a fora, tinham poucas rodovias, as alternativas eram duas: a BR 101 e 116. E ao longo dos anos foram surgido novas rodovias e encurtando caminhos”, comenta.
DO MANUAL PARA O HIDRÁULICO

Quem hoje encara as estradas neste Brasil, é o palmitense Diego Desordi dos Santos, 33 anos. Ele que está há 12 anos na ‘boleia’ de um caminhÃo, optou por essa vida devido a um sonho de criança. Mas mesmo assim, nÃo deixa de relatar os obstáculos e as condições que enfrenta nesta profissÃo.
Ele recorda que, quando iniciou como caminhoneiro, chegou a ficar cinco meses fora de casa, pelo fato de nÃo ter experiência no ramo. Porém, durante seis anos contou com a companhia de sua mulher, Marília Marcon, nas viagem. “Com o passar dos anos fui adquirindo experiência e hoje minhas viagem sÃo de cinco a 10 dias fora de casa”, comenta.
Mesmo com os avanços na comunicaçÃo, Diego conta que ainda negocia os fretes, por estar em contato com o cliente. “Hoje faço as negociações de frete devido a experiência e conhecimento que adquiri nos 12 anos. Hoje eu saio sabendo aonde vou carregar e no começo era uma surpresa. O contato com os clientes facilitou”, declara.
Santos iniciou como caminhoneiro quando o contato telefônico era mais fácil, entretanto, ainda havia lugares que nÃo encontrava sinal de celular. “Dependendo aonde eu ia, conseguia ligar para casa diariamente. Mas, quando ia para alguma fazenda, eu avisava antes que iria ficar em torno de dois dias sem contato”, conta.
Equipamento tecnológicos facilitam a vida de quem vive na estrada, mas mesmo assim, Diego optou por usar o mapa rodoviário. “O GPS é um equipamento bom, mas para cidade grande. Sempre me guiei pelo mapa rodoviário que acho melhor. O GPS leva o caminhÃo para algumas ruas que sÃo para automóveis, pois procura o caminho mais curto”, declara.
As estruturas dos caminhões também foram avançando com o passar dos anos. Diego lembra que no início o caminhÃo nÃo comportava um ar condicionado, era manual e incomodava no caminho, o que nÃo ocorre hoje. “Hoje em dia nÃo sai mais caminhÃo de fábrica sem ar condicionado, hidramático, e em matéria de tecnologia para o motorista trabalhar, a ferramenta de trabalho melhorou 100%, nem tem como comparar com o início”, contrapõe.

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