A taxa de desemprego voltou a subir no Brasil e atingiu 8,8%
no primeiro trimestre de 2023, segundo dados apresentados nesta sexta-feira
(28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Apesar da oscilação, a taxa de desocupação é a menor para o
período desde 2015, com 8%.
Diante da alta de 0,9 ponto percentual na comparação com o
intervalo entre os meses de outubro e dezembro, a quantidade de profissionais
ainda fora da força de trabalho equivale a 9,4 milhões de pessoas, o que
representa um acréscimo de 860 mil pessoas à procura por trabalho.
Por outro lado, o total de profissionais ocupados caiu 1,6%,
o equivalente a menos 1,5 milhão de pessoas no mercado de trabalho.
Com a queda, o volume de trabalhadores fica em 97,8 milhões,
de acordo com a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do
IBGE, explica que o movimento de retração da ocupação e expansão da procura por
trabalho é observado, historicamente, em todos os primeiros trimestres da
pesquisa.
“Esse resultado do primeiro trimestre pode indicar que o
mercado de trabalho está recuperando seus padrões de sazonalidade, após dois
anos de movimentos atípicos”, avalia a pesquisadora ao citar que a única
exceção ocorreu em 2022, ano marcado pela recuperação pós-pandemia.
O nível de ocupação, percentual de pessoas ocupadas na
população em idade de trabalhar, chegou a 56,1%, índice que corresponde a uma
queda ante o trimestre anterior (57,2%), mas é 1 ponto percentual maior que
igual trimestre do ano passado (55,2%).
Carteira assinada
Segundo Adriana, a queda na ocupação reflete principalmente
a redução dos trabalhadores sem carteira assinada.
Entre os empregados sem carteira no setor público, a queda
no trimestre foi de 7% (menos 207 mil pessoas). Já no setor privado, o
contingente de empregados sem carteira assinada caiu 3,2% (menos 430 mil
pessoas).
A retração do emprego sem carteira pode ser observada em
algumas atividades econômicas, como nos grupamentos da agricultura, construção
e comércio, que tiveram quedas de, respectivamente, 2,4% (menos 201 mil
pessoas), 2,9% (menos 215 mil pessoas) e 1,5% (menos 294 mil pessoas) no total
de seus trabalhadores.
“Na construção, essa queda está focada no setor de
edificações e tem uma característica muito sazonal”, afirma a coordenadora da
pesquisa. Ela destaca ainda as quedas nas atividades de administração pública
(-2,4%, ou menos 415 mil pessoas) e de outros serviços (-4,3%, ou menos 231 mil
pessoas).
“O grupamento Administração pública tem um conjunto de
atividades bem heterogêneo e foi influenciado, principalmente, pelo segmento de
educação fundamental e de administração pública em si”, explica Adriana.
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