Home “Se eu traí, eu fui traída antes”, Cristiane Zanatta Massaro (PMDB)

“Se eu traí, eu fui traída antes”, Cristiane Zanatta Massaro (PMDB)

Última atualização 24 de dezembro de 2014 - 08:12:19

Eleita recentemente para presidir a Cãmara de Vereadores de São Miguel do Oeste, com o seu voto e votos da bancada de oposição, a vereadora Cristiane Zanatta Massaro (PMDB), em entrevista exclusiva ao Jornal Gazeta Catarinense falou das tratativas para sua eleição, afirma que não se considera uma traidora, defende que Vanirto seria um ‘laranja’ de Nini e desabafa sobre o desafio de ser irmã do presidente do PMDB de São Miguel do Oeste, o qual estaria sendo pressionado por integrantes do partido, para excluí-la da sigla

JORNAL GAZETA CATARINENSE: Por que você chegou a decisão de se candidatar à presidência?

VEREADORA CRIS: A princípio não tinha esse interesse, não era isso que almejávamos, até porque já tínhamos aberto para nossos colegas de vereadores, da minha bancada. Tínhamos expectativa que nessa linha de raciocínio as coisas iriam andar para o PMDB estar assumindo. Mas isso não ocorreu. Então foi quando tivemos a oportunidade de sentar e conversar. Pois o Guaresi era para ser o candidato a presidência da Cãmara, e ele nos procurou, fez uma leitura e apresentou essa possibilidade até por que nós tínhamos um mesmo objetivo: não deixar acontecer o que vinha acontecendo nesses dois anos. Nós não temos nada contra a pessoa do Vanirto, mas nós víamos na figura do Vanirto a continuidade do mandato do vereador Nini. E nós queríamos mudança. Então os colegas vereadores que estão junto conosco querem a renovação, que a Cãmara seja para todos os vereadores, que a estrutura possa ser usufruída para o trabalho de todos os vereadores, que não haja manipulações, mas sim construção, diálogo, pensando na população, ouvindo, construindo e tomando decisões em conjunto. Sempre me posicionei dizendo que não concordava com situações que vinham ocorrendo, como segurar projetos, manipular situações do dia a dia com os demais vereadores, e quando eu conversei com os vereadores da oposição eles também fizeram esse desabafo e nós entendemos que era o momento de ter essa possibilidade para a população que estava esperando uma resposta. Nós tínhamos que fazer justiça nesse momento.

JORNAL GAZETA CATARINENSE: Na sua opinião o Vanirto seria um ‘laranja’ do Nini?

VEREADORA CRIS: Sim. E se cada vereador da minha bancada, colocar a mão na consciência, eles também tem esse entendimento. E era por isso que nós estávamos criando alternativas e possibilidades para ter o nome do PMDB, a exemplo do vereador Berté e o vereador Claudio Barp, que também tinha essa disponibilidade. Mas não evoluiu e por isso, tivemos que tomar essa decisão difícil.

JORNAL GAZETA CATARINENSE: Quem procurou quem, para tomar essa decisão?

VEREADORA CRIS: Eu penso que foi um trabalho em conjunto. Nós tínhamos um trabalho de liderança do governo, onde sempre buscamos a aproximação, ouvir. Nós não deixávamos de ouvir e nem de dar razão muitas vezes para as ideias que os colegas vereadores do PT e PR nos falavam. A liderança do governo foi que me aproximou dos colegas vereadores, justamente pelo trabalho que eu realizei, de construção, não de enfrentamento. As coisas foram se desenhando naturalmente.

JORNAL GAZETA CATARINENSE: Em outro veículo de comunicação, o vereador Vanirto declarou que considera você uma traidora. Você se avalia uma pessoa que traiu a confiança de seus colegas de bancada?

VEREADORA CRIS: A palavra traição sozinha, é repugnante. Mas posso dizer que o quadro já vinha se desenhando, pois se eu traí, eu fui traída antes. Pois votei no Nini, votei no Vanirto e não tive um tratamento recíproco como base aliada, como colega vereadora. Isso para mim foi a maior traição. Então ele tem o entendimento de traição e eu tenho o meu. Isso foi recíproco. O tratamento que eu recebo, eu devolvo. Isso é passo pacífico em toda a minha caminhada. Se eu ganho o pão vou doar pão, se eu ganho pedra, vou devolver pedra. Todo acordo tem um início e se no decorrer não houve cumprimento, então o final também não poderia ser feliz. Entendo as razões dele, mas se alguém traiu o Vanirto, não foi a vereadora Cris. Quem traiu foi o Nini, pois o Vanirto era para ser presidente no primeiro biênio do mandato. Mas se teve um acordo, o acordo era que a presidência da Cãmara ficasse para o PDT no primeiro biênio. Elegeu-se vereador do PDT o Vanirto, então ele deveria estar brigando por isso, ele tem uma capacidade de ter uma leitura mais crítica e de ver que quem traiu ele não foi a vereadora Cris, mas foi o presidente atual.

JORNAL GAZETA CATARINENSE: Você acredita que sua atitude é motivo para uma expulsão de partido?

VEREADORA CRIS: Primeiro quero dizer que não fui infiel com meu partido. Eu votei na vereadora Cris, que é do PMDB. Eu tive o apoio de meus colegas vereadores que tiveram a humildade e a sabedoria de entender que poderíamos fazer um trabalho melhor para os nove vereadores e para a população migueloestina. Esse é um caminho para estarmos mostrando que nós podemos provar que existem políticos comprometidos pelo bem da população, belo bem da comunidade. Segundo, que, eu entendo o partido. Até por que não cumpri uma situação que estava pré estabelecida, de votarmos no Vanirto. Mas também já havia deixado diversos pontos da nossa insatisfação que vinha ocorrendo. Em todas as reuniões eu comentava de como se vinha desenhando os trabalhos na Cãmara de Vereadores. No meu julgamento eu não mereceria, eu não traí o partido. Mas se as pessoas que estão lá entenderem que isso é o melhor para mim, eu vou aceitar. Vou aceitar de cabeça erguida porque a população está comigo. Eu estou saindo na rua e em nenhum momento fui questionada, pelo contrário, fui só parabenizada. E isso me deixa ainda mais feliz na minha tomada de decisão.

JORNAL GAZETA CATARINENSE: O fato de o presidente do PMDB ser teu irmão, causou um certo desconforto entre vocês?

VEREADORA CRIS: Essa tem sito a pior parte para mim. Tenho que admitir. (PAUSA). É difícil envolver uma decisão particular com família. Sempre tive que família é tudo. Mas eu não podia aceitar o que vinha acontecendo. Eu comentava nas reuniões e falava, mas eles entenderam que a política é a ‘arte de engolir sapo’ e que eu tinha que aceitar. Não foi fácil, não está sendo fácil, mas acho que o tempo é a melhor coisa para tudo. Espero que o tempo nos ajude a termos bastante sabedoria e iluminação divina para fazer o melhor, o melhor para todos. O tempo vai se encaminhar de dizer as coisas para mim e para meu irmão.

JORNAL GAZETA CATARINENSE: Como você pretende conciliar seu mandato, pelo fato de estar aliada a partidos com ideologias diferentes?

VEREADORA CRIS: Com muito diálogo, pois sem diálogo nada se constrói. Vamos construir para que todas as situações sejam encaminhadas da melhor forma possível. Mas sempre pensando na população, não a questão partidária de nenhum. Nós fizemos uma mesa diretora eclética, tínhamos um desejo, um objetivo, que era fazer a diferença a atual gestão da presidência de hoje. E é isso que nós temos que pensar, toda a mesa diretora e todos os vereadores para fazer a diferença no trabalho, para o bem comum da população migueloestina.

JORNAL GAZETA CATARINENSE: E isso você vai deixar bem claro na hora de cobrar dos vereadores essa vontade de legislar em pró a população?

VEREADORA CRIS:Eu acho que já deixei bem claro. E sinto que eles também tem esse mesmo entendimento. Então isso é claro para nós, exemplo disso foi essa união que fizemos pelo melhor de todos.

JORNAL GAZETA CATARINENSE: Você cita que estavam descontentes com a maneira como vinha sendo legislado. O que realmente lhe deixou descontente?

VEREADORA CRIS:Vocês tem acompanhado que no início do mandato tivemos um desgaste com o presidente da cãmara, que segurou um projeto que era da saúde. Nós não queremos fazer isso, os projetos que são bons para a população tem que ser votados. A máquina pública tem que andar a favor da comunidade migueloestina, não para estar sustentando egos de uns e de outros. E era isso que sentíamos. Se os vereadores tinham uma ideia, de algum projeto que gostariam de protocolar, já era esbarrado na hora de protocolar. A secretaria da Cãmara antes de protocolar já barrava, dizia que não era viável, e vinha com justificativas dizendo que o projeto não ia passar. Quem diz isso é plenário, os vereadores que tem que analisar e votar. Outra questão, nós temos toda uma estrutura da Cãmara e éramos privados de utilizar. Nós queremos proporcionar isso a todos os vereadores.

JORNAL GAZETA CATARINENSE: Exemplo de projeto que foi segurado é o estacionamento rotativo. Isso é uma prioridade sua?

VEREADORA CRIS:É uma prioridade botarmos para votação. Ele não pode ficar parado, e temos que botar para votação. Mas temos que definir o que é melhor. Vamos retomar esse projeto e buscar alternativas para que a sociedade como um todo ganhe. Temos ideias e queremos ver isso com todos os vereadores, chamar as entidades novamente e com o governo. Vejo que podemos melhorar ainda mais o projeto. Não queremos demorar muito, mas preciso ouvir todos os colegas e avançar. Temos que implantar sim, mas de uma forma gradativa, pois tudo o que é novo gera um certo receio, mas nós só vamos saber se vai dar certo se implantarmos. Nós pensamos que o governo já poderia ter visto alguns descontentamentos com alguns decretos e já melhorado quando tirou o projeto desde a primeira audiência pública. O projeto precisa ser sentado e discutido, não engavetado. Temos que ‘botar a cara’ e achar uma solução.

JORNAL GAZETA CATARINENSE: Com relação aos cargos comissionados, vai haver mudança?

VEREADORA CRIS:Sim. Já estamos discutindo para que em janeiro já começamos a trabalhar com essas pessoas nos cargos. Vejo que precisamos construir e estamos bem solidários uns com os outros entre os colegas mesa diretora, um abre aqui, outro cede ali, mas eu vejo que a mudança é necessária.


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