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SC terá delegacias regionais anticorrupção

Última atualização 15 de outubro de 2019 - 14:40:48

Delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Paulo Koerich, acredita que o policial é o grande responsável pelos bons índices de segurança do Estado. Além disso, afirma que a integração das forças de segurança foi essencial para redução da criminalidade.

Em entrevista para a Associação dos Diários do Interior de SC (ADI/SC) e para a Associação dos Jornais do Interior de SC (Adjori/SC), Koerich falou sobre as novas delegacias anticorrupção, combate às organizações criminosas, e o mandato como presidente do Colegiado Superior de Segurança Pública.

ADI/Adjori – Santa Catarina registrou queda no número de índices de violência. De onde vem essa redução?

Paulo Koerich – Esses índices eu reputo que devem-se, principalmente, ao fato de as polícias terem aumentado a integração de suas ações. E quando eu falo integração, é no sentido de a Polícia Militar realizando as operações ostensivas, da Polícia Civil com trabalho de inteligência, no sentido de retirar de circulação pessoas que praticaram atos criminosos e possuem contas a prestar para com a Justiça.

ADI/Adjori – Alguns especialistas apontam que a redução da criminalidade estaria vinculada à queda de conflitos entre organizações criminosas. Isso aconteceu em Santa Catarina?

Koerich – Em Santa Catarina a polícia organiza operações semanais, para não dizer diárias, no sentido de coibir a ação de organizações criminosas. Tanto é que nós temos, quase que semanalmente, operações aqui na Grande Florianópolis tirando de circulação pessoas que integram organizações criminosas, dessa forma é que nós mantemos o controle e o Estado com índices diferenciados em relação aos demais estados do Brasil.

ADI/Adjori – A gente teve casos nos últimos anos promovidos por essas organizações. Hoje, a situação está mais controlada?

Koerich – Sim, está mais controlada. Com certeza.

ADI/Adjori – Sobre a integração das polícias… não é uma coisa que acontece do dia para noite. Há algo para melhorar? Qual a sua avaliação?

Koerich – O governador, de uma forma inovadora e ousada, criou uma forma diferente de gestão com a criação do Colegiado Superior de Segurança Pública. Os dirigentes das instituições policiais, do Corpo de Bombeiros, e do Instituto Geral de Perícias, sentam semanalmente à mesma mesa e discutem ações relacionadas à segurança pública, quais são as demandas que as instituições têm, no que uma pode auxiliar a outra, que é o que acontece na grande maioria das vezes, e dessa forma, busca-se o quê? A integração e o respeito à legislação.

ADI/Adjori – E lá na ponta? Está dando certo?

Koerich – Com certeza. Ela está funcionando. 

ADI/Adjori – No ano que vem o senhor assume como presidente do Colegiado. Quais são os planos?

Koerich – O que eu planejo é dar continuidade ao trabalho que vem sendo feito: a integração das forças policiais, o respeito ao cidadão, e buscar a melhoria da condição de trabalho para todos os nossos policiais e bombeiros militares e peritos oficiais. É continuar o trabalho que está sendo feito.

ADI/Adjori – Alguma demanda específica, por equipamento ou por pessoal?

Koerich – Na verdade, nós sempre temos a demanda. Não adianta o dirigente dizer que está satisfeito. Enquanto nós estamos conversando aqui, alguma ferramenta nova de segurança pública está sendo lançada. O que a gente busca é o aperfeiçoamento do nosso policial com cursos continuados de formação, como também a ampliação das condições de trabalho, buscando a inteligência artificial. Nunca tivemos tantos policiais sendo enviados para fora do país e para outros estados da Federação em treinamento como nós temos nesses dez meses.

ADI/Adjori – O ministro Sergio Moro esteve em Santa Catarina e disse que tem vontade de fomentar delegacias anticorrupção nos estados. O senhor conversou com ele? Como isso acontecerá em SC?

Koerich – Nós já temos uma delegacia que atua nesta área de combate a corrupção e crimes contra o patrimônio público na DEIC. O projeto que o Ministério da Justiça apresentou é que esta ação seja ampliada. Para tanto, a Polícia Civil, antes disso, já vinha trabalhando numa reformulação visando a criação de outras unidades de combate à corrupção em outras regiões de Santa Catarina. Então veio a complementar. Nós vamos abrir, em um primeiro momento, quatro ou cinco novas delegacias que atuarão em macrorregiões e essas delegacias atuarão especificamente no combate à corrupção. Serão uma na região Sul, uma ampliação aqui na DEIC da Capital, no Norte, no Meio-Oeste, e Extremo-Oeste. São delegacias de combate à corrupção que terão uma coordenadoria estadual vinculada à Delegacia-Geral. Essas delegacias atuarão especificamente, os policiais atuarão especificamente, no combate à corrupção.

ADI/Adjori – Existe um prazo?

Koerich – Nós temos um programa que estamos buscando superar. Existe uma questão histórica que á a carência de efetivo. Temos uma realidade logística que tem que ser respeitada dentro da academia de polícia, porque nós temos que formar novos policiais, e temos que continuar com os cursos de formação continuada. Tanto é que até o mês de julho retornaram à academia cerca de 1,5 mil policiais civis. São ações inovadoras que nós estamos buscando. Nós passamos nesses dez meses por uma revolução na administração da Polícia Civil. Temos hoje um planejamento estratégico sendo redigido e sendo levado à fase final de elaboração com assessoramento de pessoas que têm conhecimento específico na área. 

ADI/Adjori – Esse planejamento estratégico mudaria mais os processos de gestão do que lá na ponta?

Koerich – Se você tiver gestão interna e organização, o resultado na ponta você altera também.

ADI/Adjori – Santa Catarina tem dados positivos sobre resolução de crimes. Como o senhor avalia estes índices?

Koerich – O resultado que nós temos deve-se, primeiro, à qualidade do nosso policial civil e à dedicação dos nossos policiais como um todo. Segundo, nós temos com isso know how que nenhuma outra polícia tem. Por exemplo, resolução de sequestros. Santa Catarina é detentora de um know how único. Nós temos todos os nossos sequestros, há mais de 25 anos, todos solucionados. Todas as vítimas resgatadas com vida, ilesas, sem ter pago um resgate, e com todos os autores identificados. Agora, tudo isso ainda requer aprimoramento e é um trabalho lento. Como o país, o Estado também tem uma deficiência de recursos e nós trabalhamos com os recursos que nós temos. Por isso que reputo que o sucesso das nossas operações, das nossas ações, deve-se à qualidade dos policiais que Santa Catarina tem e que fazem a diferença a nível de Brasil.

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