O secretário estadual da Agricultura, João Rodrigues, se reúne hoje, dia 20, às 14h, com representantes da Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab) e do Ministério da Agricultura, para pedir que o governo federal crie mecanismos para garantir o abastecimento de grãos no país. Com a alta dos preços de milho e soja, as agroindústrias catarinenses, que produzem carne de frango, estão com dificuldades de comprar os grãos, responsáveis por 70% da ração alimentar das aves.
As entidades representativas do setor, Federação da Agricultura de SC (Faesc), Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Organização das Cooperativas de SC (Ocesc) e Sindicato das Indústrias de Carne (Sindicarne), ainda não se reuniram para avaliarem juntas o problema, que não é novo e vem se agravando desde a última seca que assolou o Estado, iniciada em novembro do ano passado. Uma reunião deve ocorrer entre hoje e amanhã, mas ainda não se sabe nem onde será, se em Florianópolis ou Chapecó.
Para João Rodrigues, o governo federal deveria sobretaxar a exportação de grãos para evitar que o milho e a soja, necessários para a cadeia produtiva das carnes, acabe sendo vendidos para produtores dos EUA.
— Mais de 50% da próxima safra brasileira, que ainda está sendo plantada, já foi vendida para os EUA. Não há controle. Queremos que a Conab garanta o abastecimento em SC, afinal nosso Estado produz carne — diz.
Levantamento da própria Conab aponta que a exportação do milho brasileiro deve ser de 15 milhões de toneladas em 2012, 3 milhões a mais do que costuma exportar por ano.
O milho comprado do Centro-Oeste do país chega em SC entre R$ 31 e R$ 34 a saca de 60 quilos. O Estado, eventualmente, compra também do Paraguai, com preço acima de R$ 35. Quanto mais longe for a origem do milho, mais as agroindústrias pagam no frete, explica Marcos Zordan, presidente da Ocesc.
— Quando compramos do Paraná, que é grande produtor, o frete representa um custo de R$ 2 a R$ 3, mas quando vem do Centro-Oeste, é de até R$ 10. Não está mais valendo a pena produzir aves. Não há margem de lucro. Como a produção é vertical, as agroindústrias absorvem todo o aumento de custo. Já temos quatro ou cinco empresas pequenas com dificuldades. Acho que, se continuar assim, elas e outras mais vão fechar as portas— alerta.
A pressão dos preços dos grãos começa a chegar ao consumidor. A Brasil Foods (BRF) anunciou que aumentará entre 5% e 10% os preços das carnes de frango e suína ainda neste trimestre. A Marfrig também deve aumentar seus preços. Zordan concorda que o preço do frango pode subir entre 5% e 10%. Mas ressalta que as agroindústrias ainda estão com dificuldade de repassar o aumento porque o preço do boi também baixou.
— A carne bovina é balizador do preço de suínos e aves. E o boi confinado já foi solto no pasto porque a ração está cara. Se reproduzem mais e com alta oferta, mais o preço cai. A arroba estava em R$ 105 e já está em R$ 90, R$ 89 — explica.
Zordan lembra, ainda, que a lei do motorista de carga vai aumentar o custo de produção em mais 30% para as agroindústrias, que precisam transportar tanto grãos, quanto produto pronto para entrega
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