O número de leitos SUS disponíveis na rede estadual e filantrópica em Santa Catarina encolheu quase 10% entre setembro e novembro, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES). O percentual representa a desativação de 151 leitos de UTI em cerca de 60 dias.
O montante é apresentado pela própria SES. No boletim diário desta terça-feira (17), por exemplo, o Estado afirma ter 1.406 leitos de UTI SUS ativos, boa parte deles – 400 – ocupados por pacientes com Covid-19.
O movimento é de fechamento de unidades. Em 17 de setembro, eram 1.557 leitos ativos, segundo a SES. Já em 17 de outubro, 30 dias depois, eram 1.505. E chegou a 1.406 nesta semana.
Segundo os hospitais, o problema está no financiamento do serviço. “Essa é uma preocupação muito grave, mas nós temos outra preocupação muito grave que nossos hospitais estão há mais de cem dias sem receber pelos serviços prestados de UTI Covid”, disse o diretor-executivo da Associação de Hospitais do Estado de SC (Ahesc), Adriano Ribeiro.
Segundo ele, é difícil estimar o valor correspondente que não foi repassado, mas seria algo a partir de R$ 50 milhões. Além disso, garante que 90% dos recursos que os hospitais filantrópicos do Estado receberam têm origem no governo federal.
“Montar equipe, desmontar equipes das UTIs não é brincadeira. Nós temos esse fator, mais o fator insumos. Desorganizou toda a rede hospitalar. Os hospitais não estão segurando a demanda”, afirmou. “A desativação dos leitos é consequência do não pagamento […] A gente está cobrando muito”, acrescentou. O fechamento de leitos atinge o Oeste, Meio-Oeste, e outras regiões do Estado.
Contraponto
A SES nega que falte recursos e afirma que os pagamentos estão em dia. A pasta sinaliza que a desativação de leitos é bem maior do que 151, e poderia passar de 230. Além disso, acrescenta que está repassando o valor total conveniado aos hospitais filantrópicos, o que dará mais de R$ 270 milhões no ano.
A Secretaria diz ainda que está fazendo um levantamento de leitos desativados e que irá cobrar das unidades filantrópicas justamente porque existem recursos e a população não pode ficar desassistida.
A queda de braço deve repercutir na Assembleia Legislativa de SC (Alesc), que pediu ao governo do Estado a prorrogação da habilitação de leitos nesta quarta (18) por meio de ofício emitido pela Comissão de Saúde.
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