Exatamente uma semana antes da primeira onda de atentados completar um ano, os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública referentes a 2012 mostram que os ataques não influenciaram no número de homicídios registrados no Estado de Santa Catarina.
O levantamento revela inclusive uma redução na taxa de assassinatos por grupo de 100 mil pessoas na comparação com o ano anterior – 11,3 diante dos 11,7 anteriores. O levantamento mantém Santa Catarina com o segundo menor resultado do país.
Ocorre que o líder é o Amapá com 9,9 mortes por 100 mil habitantes, mas os dados enviados ao fórum são considerados pouco confiáveis. O descolamento entre os atentados e o número de homicídios ocorreu porque os assassinatos são acontecimentos esporádicos entre os criminosos, analisa AntÔnio Carlos Brasil Pinto, professor de Direito Processual Penal da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Ele explicou que, com raríssimas exceções, matar alguém é a atividade escolhida por bandidos como meio de vida. Os homicídios acontecem em determinado contexto e por isso não há relação com a onda de violência que começou em 12 de novembro do ano passado. Brasil Pinto também lembrou que matar não era objetivo dos mandantes dos ataques.
Mesmo com o decréscimo no número de assassinato em Santa Catarina, o professor da UFSC ressalta que os atentados não passaram despercebidos pela população. Acrescentou que as pessoas se sentiram fragilizadas e a sensação de insegurança aumentou.
O delegado geral de Polícia Civil, Aldo Pinheiro D’Ávila, concordou com a análise de que a ordem para queimar Ônibus e atirar em prédios públicos não incluía assassinatos.
Ele comemorou o resultado e o atribuiu a uma série de fatores. O mais citado foi o índice de resolução de homicídios, que se aproxima dos 70% no Estado. Desta maneira não há sensação de impunidade no Estado, o que freia os criminosos.
D’Ávila ainda mencionou o aumento no policiamento e os bons indicadores sociais. O professor da UFSC tem a mesma opinião neste último ponto e ressalta os índices de educação, os melhores do país.
Conscientização ainda é lenta
O bom resultado de Santa Catarina nas ruas não foi repetido nas estradas. O Estado apresentou o terceiro maior índice de homicídios culposos de trãnsito de acordo com o Anuário e fechou com 17,7 casos para grupo de 100 mil habitantes. Isso representa aumento de 17,2% em relação a 2011 e foi considerado alarmante pelo inspetor Silvinei Vasques, superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em SC.
Ele contou que acidentes envolvendo motociclistas são a principal causa de mortes, seguido por ultrapassagens em locais proibidos e de excesso de velocidade. E ressaltou que o aumento se deve ao crescimento de casos em ruas e estradas estaduais porque em rodovias federais houve recuo no número de mortes.
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes em SC
2008 – 12,6
2009 – 11,9
2010 – 8,1
2011 – 11,7
2012 – 11,3
Homicídios culposos em acidentes de trãnsito em 2012 por grupo de 100 mil pessoas
1º Paraná – 24,2
2º Sergipe – 19,8
3º Santa Catarina – 17,7
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