Apesar da sólida vocação catarinense para dança – o Estado tem o maior festival do mundo, o Festival de Dança de Joinville, e eventos do gênero espalhados por 70% de suas cidades, segundo a Associação dos Profissionais em Dança de SC (Aprodança) -, Santa Catarina não tem uma única graduação no setor. Diferente dos vizinhos Rio Grande do Sul, com pelo menos três, e Paraná, com um dos cursos mais respeitados do Brasil, mantido pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP). A lacuna pode ser preenchida pela Udesc. E uma reunião marcada para esta terça será decisiva.
A partir das 13h30min, em um encontro do Conselho de Administração da Udesc (Consad), o relator Ivair de Lucca apresentará parecer sobre o impacto financeiro da criação de nove cursos na universidade – entre eles o de licenciatura em Dança. Há 23 anos, professores do Centro de Artes da Universidade Estadual de Santa Catarina (Ceart) lutam pela implementação da graduação na Udesc. A proposta já tramitou em todas as instãncias. O parecer do Consad é a penúltima. Se tiver aval favorável, entra na pauta da reunião do Conselho Superior (Consuni), onde se bate o martelo sobre o tema. Se for negativo, a criação do curso, fatalmente, voltará para a gaveta.
– Essa lacuna precisa ser preenchida urgentemente. Nosso estado tem uma vocação única para dança. Não podemos mais nos omitir – afirma Sandra Meyer, professora de técnica de dança no departamento de Teatro da Udesc e organizadora do projeto de criação do curso.
Para Alejandro Ahmed, coreógrafo do Cena 11, companhia catarinense reconhecida internacionalmente, a graduação, se chegar, vem tarde:
– Já chega atrasada. Santa Catarina tem uma atmosfera riquíssima em dança, mas nos falta um espaço onde essencialmente se pense a dança. No Cena 11, temos alguns bailarinos que se formaram na Udesc, mas precisaram buscar outros cursos como artes plásticas ou teatro.
Lisa Jaworski, presidente da Aprodança, lembra que os profissionais da área têm que cursar Educação Física:
– Mas nossa área é artística, antes de ser física. Pela punjança da dança no nosso Estado, pela enorme quantidade de festivais que realizamos, precisamos ter um lugar onde se forme o artista da dança, que pode ser o coreógrafo, mas também o diretor artístico, o crítico, o estudioso, e esse lugar é a universidade.
A Udesc teve uma especialização na área, entre 1999 e 2002. Havia fila de espera para o curso, que era pago. Hoje, no programa de pós-graduação em Teatro, Sandra orienta 10 trabalhos – oito deles são de dança. A criação do curso concorre com outros oito pleitos na Udesc (Direito, Física, Engenharia da Madeira, Engenharia de Produção Agroindustrial, Ciências Sociais, Engenharia Têxtil, Geologia, Ciências Biológicas). Os defensores acreditam que a dança é o de menor impacto financeiro:
– Só precisaremos contratar professores, mas de forma gradual, porque já temos alguns – afirma o diretor do Ceart, Milton de Andrade.
O reitor Antonio Heronaldo de Souza não é otimista. Afirma que a arrecadação caiu e não acredita que haverá recursos para implementar o curso em 2013. Profissionais do setor organizam um manifesto na tarde de hoje na Udesc. Sonham com a primeira turma ano que vem.
deixe seu comentário