Home Preço da carne cai pela primeira vez após 16 meses, mas alta acumulada é de 22%

Preço da carne cai pela primeira vez após 16 meses, mas alta acumulada é de 22%

Última atualização 27 de outubro de 2021 - 15:07:14

Foto: Marco Favero, Diário Catarinense – Seis cortes registraram alta nos preços. O maior avanço foi o da picanha

Depois de 16 meses consecutivos de alta, os preços das
carnes caíram no país em outubro. É o que apontam os dados do IPCA-15 (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), conhecido como a prévia da inflação
oficial. Apesar da trégua, as carnes ainda acumulam alta de 22,06% em 12 meses.

Em outubro, os preços das carnes tiveram baixa de 0,31%,
conforme a pesquisa. A última queda havia ocorrido em maio do ano passado
(-1,33%). O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os
dados nesta terça-feira (26).

 Neste ano, de janeiro
a outubro, a inflação prévia acumulada pelo grupo é de 10,27%. A pesquisa foi
feita com base nos preços das cidades de Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro,
Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Goiânia, Brasília,
Belém. Nenhum município de Santa Catarina fez parte do levantamento. ​

Segundo o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a queda nos preços em
outubro pode ser associada à suspensão das exportações das carnes brasileiras
para a China.

A paralisação ocorreu após o registro de dois casos atípicos
de vaca louca em setembro. Com a trégua na demanda chinesa, a tendência é de
que uma quantidade maior de mercadorias seja destinada ao mercado interno,
levando os preços para um patamar inferior.

” A gente vai ver uma queda mais intensa de acordo com a
duração desse efeito de paralisação das exportações. A China não deve manter o
embargo por muito tempo. Quanto maior for o tempo do embargo, maior é a
probabilidade de a gente ver queda no preço “, aponta Braz.

O economista pondera que, devido à alta acumulada ao longo
da pandemia, o consumidor precisará de novas reduções nos preços para sentir um
alívio no bolso.

” A taxa em 12 meses das carnes ainda está acima de 20%.
Então, é preciso ter muitas quedas para que o consumidor volte a consumir
carnes como antigamente”, relata o pesquisador.

De 18 cortes que compõem o segmento de carnes no IPCA-15, 12
tiveram baixa nos preços em outubro. A maior queda foi a da capa de filé (-1,83%).

Seis cortes registraram alta nos preços. O maior avanço foi
o da picanha (2,88%).

Durante a crise sanitária, a escalada inflacionária e o
desemprego levaram mais pessoas a buscarem doações e até mesmo restos de carnes
para alimentação.

Um desses casos ocorreu no Rio de Janeiro, onde um caminhão
ficou conhecido por distribuir ossos para um grupo com fome. Cidades como
Cuiabá (MT) também registraram filas em busca de restos de ossos de boi.

Em outubro, o IPCA-15 teve variação geral de 1,20%, a maior
para o mês desde 1995 (1,34%). Com o novo resultado, a prévia da inflação
atingiu 10,34% no acumulado de 12 meses.

Neste mês, os preços das carnes caíram em 6 das 11 capitais
e regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. As maiores reduções ocorreram
em Goiânia (-1,63%), Porto Alegre (-1,54%) e Belém (-0,98%).

Na região metropolitana de São Paulo, a queda em outubro foi
de 0,55%. Trata-se da primeira baixa depois de 16 meses de alta.

O economista Diego Pereira, da Apas (Associação Paulista de
Supermercados), atribui a redução a dois fatores: a paralisação das exportações
para a China e a recente trégua nos preços de commodities como o milho, usado
em rações animais. ​

Cinco metrópoles tiveram alta nas carnes em outubro,
conforme o IPCA-15. As principais elevações foram registradas em Brasília
(1,28%), Salvador (1,25%) e Fortaleza (1,15%).

Em 12 meses, Porto Alegre é a capital com a maior inflação
das carnes: 30,9%. Em seguida, aparecem Curitiba (29,16%), Brasília (24,89%) e
São Paulo (23,72%).

De acordo com Pereira, o cenário é de novos recuos nos
valores finais caso a paralisação das vendas para a China se mantenha. Por
outro lado, pressões de custos internos, como a alta da energia elétrica, jogam
contra uma redução mais acentuada nos preços para os consumidores.

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