A prefeitura do Rio cancelou a festa de Réveillon na Praia
de Copacabana. O anúncio foi feito pelo prefeito Eduardo Paes diante da
recomendação preliminar do comitê científico do estado, de suspensão do evento
na forma clássica, para evitar as aglomerações na orla. O comitê da prefeitura
tem entendimento diferente e concordava com a realização da tradicional festa
da virada do ano. Segundo o prefeito, como havia divergências, ele optou pela
mais restritiva e por respeito à ciência.
“Respeitamos a ciência. Como são opiniões divergentes entre
comitês científicos, vamos sempre ficar com a mais restritiva. O comitê da
prefeitura diz que pode, o do estado diz que não. Então não pode. Vamos
cancelar, dessa forma, a celebração oficial do Réveillon do Rio”, postou Paes
em seu perfil no Twitter.
“Se é esse o comando do estado (não era isso o que vinha me
dizendo o governador), vamos acatar. Espero poder estar em Copacabana,
abraçando a todos na passagem de 2022 para 2023. Vai fazer falta, mas o
importante é que sigamos vacinando e salvando vidas”, comentou em outra
mensagem.
Paes se reuniu hoje (4) com o secretariado no Centro de
Convenções Sulamérica, na Cidade Nova, região central do Rio. Em coletiva após
a reunião, o prefeito disse que tomou a decisão com tristeza. “Estou muito
triste, pessoalmente e como prefeito. Acho que a celebração do Réveillon no Rio
é uma das festas mais incríveis. É uma celebração incomparável, que mistura
gente, mistura credos, em que as pessoas se abraçam. Não tem nada mais
anticarioca do que essa porcaria da covid. O Rio é a cidade da celebração, do
abraço, do espaço público, do encontro, mas nós vamos resistir bravamente. Nós
vamos prevalecer, e o Rio continua aqui lindo e maravilhoso”, comentou.
O prefeito afirmou que até aquele momento só tinha visto as
restrições à realização da festa, mas que se houver mais decisões restritivas,
o município vai acatar. “Se puserem mais medidas restritivas, a gente acata. Eu
vi, na decisão do comitê científico do estado, a decisão em relação à festa do
Réveillon. Não houve nenhuma outra recomendação. Não sou eu que vou decidir. Se
houver outra recomendação, a gente segue”.
Paes contou que tinha o limite, até o fim da primeira
quinzena deste mês, para a prefeitura tomar a decisão se iria manter ou não a
celebração em Copacabana e, enquanto isso estava sendo feito, havia o
planejamento, porque para ocorrer um evento desse porte é preciso ter uma série
de medidas que não podem ser tomadas de uma hora para outra. “A gente planeja
muito para fazer um evento dessa dimensão e dessa proporção”.
O prefeito disse que foi surpreendido pela recomendação,
embora mantenha contatos frequentes com o governador do Rio, Cláudio Castro,
que, segundo ele, tem dado apoio ao município. Mas no caso de comitês
científicos, nem ele, nem o governador têm ingerência. “Não é uma opinião
minha. Eu gostaria que tivesse a festa, que pudesse ter a celebração, mas não
vou ficar aqui palpitando. Isso não é achismo. O gestor político acompanha as
decisões da ciência. Esse é o nosso papel”, afirmou.
“Comitê científico é comitê científico. Nem eu mando no meu,
nem o Cláudio Castro manda no dele”
Sobre o carnaval, o prefeito disse que ainda faltam quase
três meses, mas se houver uma recomendação da ciência de suspensão, a
prefeitura vai seguir. “Eu sigo a ciência sempre, e essas coisas têm que estar
muito claras. Tomara que não precise cancelar o carnaval, não só pela
importância da festa e da celebração para a cultura do país, mas pela
importância econômica para a cidade do Rio e para todo o Brasil”, completou.
O presidente do Sindicato dos Meios de Hospedagem do
Município – Hotéis Rio, Alfredo Lopes, lamentou a decisão de cancelamento da
festa, mas concordou que se a recomendação é científica precisa ser acatada. “A
hotelaria esperava chegar a 100% de ocupação. Mas entendemos, já que é uma
recomendação do Comitê Científico, então precisamos acatar. Ano passado já não
teve Réveillon e chegamos a 80% de ocupação. Vamos torcer para que as reservas
se mantenham e vamos em frente para que no ano que vem a gente possa ter um
Réveillon espetacular”, completou.
O governador do Rio, Cláudio Castro, disse, em seu perfil no
Twitter,que vai se reunir quarta-feira (8) com o prefeito Eduardo Paes para
discutir uma decisão final sobre a realização do Réveillon em Copacabana.
“Falei há pouco com o prefeito Eduardo Paes e decidimos, juntos, que
faremos uma reunião na próxima semana para uma decisão final sobre a festa.
Participarão desse encontro técnicos da saúde do estado e do município”,
informou Castro.
O presidente da Federação do Comércio do Rio de Janeiro
(Fecomércio RJ), Antonio Florencio de Queiroz Júnior, disse que apesar dos
reflexos econômicos provocados pela suspensão, a decisão foi acertada. “Embora
o impacto econômico imediato seja inegável, temos a convicção de estarmos
plantando a segurança de curto e médio prazo. A capacidade de avaliar essa
situação pela ótica científica nos traz a tranquilidade de medidas
equilibradas. O comércio apoia a medida e daremos imediatamente início a uma
campanha esclarecendo o âmbito e a abrangência, além das recomendações de
segurança”, afirmou.
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