Home Pouca chuva compromete atividades rurais

Pouca chuva compromete atividades rurais

Última atualização 2 de maio de 2021 - 09:17:27

Produtor Clari Zanluchi amarga os efeitos da falta de chuva nas produções

A situação da estiagem, com chuvas abaixo da média histórica nos últimos meses, se agravou ainda mais em abril e as perdas já se acumulam no campo.

Se fevereiro e março já tinham sido de pouca precipitação com 30 e 40 milímetros, respectivamente, abril foi ainda pior registrando menos de 10 milímetros.

O quadro é tão preocupante que até mesmo o abastecimento das propriedades rurais com caminhão-pipa está mais demorado, pois vários açudes e pequenos riachos estão secando e a prefeitura de Seara se vê obrigada a buscar água cada vez mais longe, em rios maiores, para atender o produtor.

Mais de 20 propriedades são abastecidas diariamente pela prefeitura. Conforme o coordenador da Defesa Civil de Seara, Carlos Paludo, “se continuar assim, vai ser cada vez mais difícil encontrar água para transportar. Para se ter uma ideia, estamos captando agora em uma cachoeira em Canhada Grande e em Nova Teutônia, com uma bomba instalada no rio Ariranha e alguns arroios, mas muitos estão secando”.

Paludo explica que “está cada dia pior e estamos suprindo as principais demandas, mas é quase desumana essa situação”. A falta de água para consumo animal atinge todo o interior do município e, em muitas famílias, já falta para o consumo humano também”.

Na última semana foi editado um novo decreto de Situação de Emergência em função da estiagem em Seara. O documento tem validade de 180 dias e, segundo o prefeito Kiko Canale, “nos últimos 10 anos nós não tivemos uma seca tão prolongada como agora. Esses últimos meses têm dado um prejuízo muito grande para nós na questão de lavouras, abastecimento de água para animais e na produção de leite que já contabiliza perdas enormes e não tem retorno”.

No campo, as lavouras de milho foram as mais afetadas pela seca sem falar das pastagens, “e não temos água, praticamente não choveu nos últimos 90 dias para melhorar a situação”.

Ressaltou ainda que “os prejuízos são incalculáveis. A gente ainda não tem nem cálculos disso e vamos sentir os reflexos no Inverno onde os problemas serão ainda maiores sem alimentação para os animais”, justificou.

Quem sente na pele os reflexos da estiagem é o produtor de suínos e de gado leiteiro, Clari Zanluchi, de linha Rosina Nardi. “Na primeira safra de milho tive que largar o gado dentro do milharal para não perder tudo e na segunda a seca e as cigarrinhas prejudicaram a produção. O prejuízo é de mais de 75% e interfere diretamente na alimentação do gado e na produção de leite”. Zanluchi conseguiu fazer um pouco de silagem, mas será obrigado a adquirir insumos, principalmente grãos, com elevado preço para manter os plantéis.

Em relação à água, a situação também é complexa. “Já são mais de 60 dias puxando com trator. A prefeitura também auxilia e temos um poço comunitário, mesmo assim não está fácil”. A família Zanluchi cria 900 suínos e a demanda é de 40 mil litros de água por dia.

Abastecimento

A Casan também enfrenta grandes dificuldades para manter o abastecimento de água em Seara. Na semana passada iniciou um rodízio na distribuição. Das 9h às 21h, abastece o centro da cidade e os bairros Niterói, Nações, Bela Vista, Nossa Senhora Aparecida e Vila Esperança. Das 21h às 9h, o abastecimento é priorizado aos bairros Industrial, São João, Garguetti, Padre Lídio, São Daniel, Vila Feliz e Colina. A Companhia faz apelo para que a população economize e não desperdice água.

Falta de chuva agrava situação

TRANSPORTE Não tem água para consumo humano e animal

A falta de chuva em volumes suficientes está deixando toda a região em situação precária e com poucas perspectivas de melhorar o cenário.

Em Arabutã, no Vale da Produção, de acordo com secretário de Agricultura, Douglas Braun, 35 propriedades rurais estão recebendo transporte de água pela prefeitura, tanto para consumo animal quanto humano.

Estão sendo levados às localidades em torno de 135 mil litros diários de água. “Temos um caminhão do município e outro terceirizado colocados neste serviço, e a cada dia que passa, a situação fica mais complicada”, afirma.

Todas as regiões do município estão sofrendo com a falta de água que afeta principalmente as pastagens destinadas à alimentação do rebanho bovino. Fato que está refletindo na produção de leite reduzindo o volume e prejudicando a qualidade, além disso, dificulta a realização dos trabalhos de silagem.

Arabutã renovou na semana passada o decreto de Situação de Emergência em virtude da falta de água, estendendo para mais 30 dias e a expectativa é de que desta vez a chuva chegue antes da necessidade de uma nova renovação.

Douglas Braun destaca que a prefeitura está trabalhando na abertura de reservatórios com proteção de fonte caxambu e tubo em pé, como forma de auxiliar os produtores. “Também estamos abrindo valas, de forma gratuita para as cisternas, para facilitar a vida dos nossos produtores”, relata.

Em Ipumirim, de acordo com o prefeito Hilário Refatti, a situação também é muito preocupante com o constante aumento no número de pedidos para transporte de água pelas propriedades rurais. Até esta semana eram mais de 20 localidades sendo abastecidos com caminhões do município.

A prefeitura tem um caminhão-tanque e vários tratores com distribuidores de adubo executando este trabalho. “Em Dois Irmãos, colocamos tubulações visando levar a água do poço artesiano até as propriedades. Até o momento, são cerca de seis propriedades que estão sendo beneficiadas com o fornecimento”, afirma o prefeito.

Há uma grande preocupação com a bovinocultura de leite e também com a avicultura, que são as maiores fontes de renda do município. Ipumirim está em situação de emergência, com o decreto atual vencendo em 3 de maio. Caso não chova o suficiente até a próxima segunda-feira o prazo será prorrogado, garante Refatti. “Estamos também consultando os bancos, para ver da possibilidade de prorrogação dos prazos de pagamento dos financiamentos para facilitar para nossos produtores”, comenta.

Em Lindóia do Sul, de acordo com o prefeito Nico Bertol, a situação  é muito complicada também e a solução esperada virá somente com a chuva. “Cada dia que passa o quadro fica pior. Já estamos transportando água para mais de 25 famílias em várias comunidades e, caso não chova, não sei como vamos fazer para atender todo mundo”, ressalta o chefe do Executivo. “Estamos transportando água potável para o consumo da população e também para a alimentação dos animais”, acrescenta.

Lindóia do Sul prorrogou em abril o decreto de situação de emergência e, segundo o prefeito, espera não necessitar repetir este processo.

Na agricultura, os principais prejuízos ficam com o milho e as pastagens, com o primeiro já tendo sofrido quebra em função da praga conhecida como cigarrinha.

Abertura de fontes e várias outras atividades para enfrentamento da situação também estão sendo adotadas, garante o prefeito Nico Bertol.  “De uma forma ou outra, estamos auxiliando nossa gente”, conclui.

Prazo prorrogado

A Situação de Emergência se estende além dos prazos anteriormente previstos, uma vez que a precipitação pluviométrica (chuva) não chegou e as previsões são desanimadoras segundo as prefeituras de Arabutã, Ipumirim e Lindóia do Sul.

deixe seu comentário