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Polícia investiga compra de ossos clandestinos

Última atualização 12 de setembro de 2013 - 08:59:45

Um dentista de Chapecó será investigado pela compra de material de um banco de ossos clandestino, que foi fechado na semana passada em Londrina (PR). A delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes como a Saúde (Nucrisa), de Curitiba, Sãmia Coser, informou que o inquérito será encaminhadonesta quinta-feiraao Ministério Público de Londrina, cidade onde funcionava ilegalmente o estabelecimento.

A delegada vai recomendar ao Ministério Público que remeta à Polícia Civil de Chapecó o pedido de investigação do dentista, que foi interceptado em ligação telefÔnica solicitando material clandestino. Sãmia não revelou o nome do profissional catarinense, que foi descoberto fazendo o pedido por meio de interceptação telefÔnica.

— Não queremos criar preocupação para os clientes dele, pois ainda não sabemos se ele utilizou o material ou iria revender para outra pessoa— disse a delegada.

Atéesta quarta-feira,a Polícia Civil de Chapecó ainda não havia recebido nenhuma demanda sobre o caso. O delegado do Conselho Regional de Odontologia, Celso Nunes Moura Filho, disse que a entidade vai tomar as medidas cabíveis assim que for notificada sobre a irregularidade.

O material oriundo de banco de ossos é utilizado em enxertos para implantes dentários ou na recomposição de fraturas em mandíbulas. Devido ao risco de rejeição e de contaminação por doenças como hepatite, os ossos devem ter origem controlada. Em um estabelecimento legalizado, depois de coletados, os ossos têm que ficar cerca de seis meses em observação, para garantir que não há contaminação.

O banco clandestino de Londrina funcionava em uma casa no Bairro Jardim Cláudia, onde foram encontrados 89 frascos com pedaço de osso em bloco, 46 frascos com osso moído em soro fisiológico e 16 cabeças de fêmur, sendo algumas armazenadas no freezer da cozinha da residência.

— A armazenagem era sem higiene, fora das normas— disse a delegada.

Dois irmãos, de 42 anos e 37 anos, contra quem havia mandado de prisão expedido, foram detidos e encaminhados ao Presídio de Londrina, onde permanecem à disposição da justiça. Eles e os receptadores responderão por crime de tráfico de órgãos e tecidos. A polícia suspeita de que o crime ocorria desde 2004.

Cada frasco com osso era vendido entre R$ 180 e R$ 250. Além de Chapecó, a dupla tinha clientes em Belo Horizonte (MG), Belém (PA) e em cidades de Goiás e do Mato Grosso. A Polícia Civil ainda não identificou a procedência dos ossos.

No Brasil existem seis bancos de ossos, um deles na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, que está interditado no momento. Os outros estão em Passo Fundo (RS), no Rio de Janeiro e três em São Paulo.

SAIBA MAIS

O que é

O uso do banco de ossos em tratamentos odontológicos é utilizado desde 1999 no Brasil. São estabelecimentos de saúde com instalações físicas, equipamentos, recursos humanos e técnicas adequadas para identificação e triagem dos doadores, captação, processamento, armazenamento e distribuição de tecidos e seus derivados, de procedência humana, de doadores vivos ou cadáveres, para fins terapêuticos e de pesquisa.

Como funciona

Qualquer pessoa que apresente perda óssea causada por trauma, infecção ou doença poderá realizar cirurgias de enxerto ósseo. As técnicas ajudam a prevenir a perda óssea adicional e auxiliam os pacientes na recuperação da função mastigatória e a melhorar a fala. Em muitos casos, enxertos ósseos são necessários antes de implantes dentários.

Quem usa

A doação de ossos pode ajudar pacientes que precisam realizar cirurgias odontológicas para correção de falhas relacionadas aos dentes e pacientes que necessitem de cirurgias ortopédicas.

Quem doa

Existem dois tipos de doadores de tecidos: o doador vivo e o morto. O primeiro é o paciente que será submetido à cirurgia para colocação de prótese em quadril, na qual é retirada, durante o procedimento, a cabeça femoral. Para ser doador neste caso, o paciente precisa autorizar a utilização da cabeça do fêmur pelo banco. O doador em óbito é aquele que evoluiu com morte encefálica ou parada cardíaca durante internação hospitalar. Ele não pode ser portador de nenhuma doença que possa ser transmitida ao paciente receptor. São pessoas que em vida eram saudáveis. Fatores como idade, antecedentes médicos e causa da morte são levados em conta.

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