Pesquisa aponta possíveis causas de estiagem recorrente no Oeste
Última atualização 23 de junho de 2017 - 10:29:58
Um estudo encomendado pela Secretaria de Estado da Defesa Civil (SDC) e desenvolvido pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) mostra as possíveis causas da estiagem no Oeste de Santa Catarina. O relatório técnico foi intitulado “Estiagem no Oeste catarinense: diagnóstico e resiliência”, levou em consideraçÃo dados históricos de 35 anos (1979 – 2013), com uma pesquisa que durou aproximadamente um ano.A estiagem é conhecida como um fenômeno recorrente e cíclico na regiÃo, com registros a partir da década de 1940 e menções também importantes na década de 60. Destacam-se, em anos mais recentes, os eventos ocorridos nos anos de 2002 e 2012.
O objetivo do estudo foi apresentar um diagnóstico georreferenciado da evoluçÃo dos fatores condicionantes da estiagem no Oeste. Ele também servirá para projetar possíveis cenários para o futuro e promover a conscientizaçÃo das pessoas, fortalecendo a resiliência local por meio da implantaçÃo de estratégias de gestÃo hídrica.
Para colocar em prática a ideia, os pesquisadores dividiram o trabalho em três etapas. A primeira tratou sobre o diagnóstico físico da regiÃo e dinâmica da sociedade. A segunda etapa abordou o trabalho de campo com visita nas microrregiões. A última fase serviu para analisar os dados e ajustar o documento final.
O território de estudo é distribuído em três regiões hidrográficas: Extremo-Oeste, Meio-Oeste, Vale do Rio do Peixe. No que se refere às águas subterrâneas, a regiÃo Oeste conta com dois aquíferos: Aquífero Geral e Aquífero Guarani. O relatório aponta ainda que também há bastante disponibilidade hídrica superficial e, portanto, a diminuiçÃo dos índices pluviométricos nÃo seria a única responsável pela falta sazonal de água. PERFURAÇÃO DE POÇOS
A água abundante instiga a perfuraçÃo de poços artesianos, sendo que dos 7.165 cadastrados em Santa Catarina, 4.782 estÃo no Oeste.O documento chama atençÃo porque nem todos esses poços estÃo cadastrados no SIAGAS, levando a uma estimativa de que existam, no total, aproximadamente 50 mil poços, dos quais 90% sejam ilegais. “Assim, a perspectiva de promover a abertura de poços como uma soluçÃo para a estiagem, sem o devido planejamento e garantias de fiscalizaçÃo, nÃo só é equivocada, como se constitui numa atitude que, ao invés de se resolver os problemas de escassez de água em certas épocas do ano, os pode potenciar”, cita o relatório.
O estudo aponta que o solo possui boa drenagem e áreas para cultivo agrícola, porém, isso aumenta a demanda de água que, associadas a práticas inadequadas de exploraçÃo e uso, vÃo afetando a capacidade de retençÃo. Considerado celeiro de Santa Catarina, o Oeste produz aproximadamente 74% do milho, 68% da soja, 82% da carne de frango e 67% de carne de suínos produzidos no Estado.”O corte da mata nativa para o plantio e produçÃo agrícola pode ser um dos fatores que agravam a situaçÃo de estiagem no Oeste. Efetivamente, essa transformaçÃo afeta a capacidade de infiltraçÃo da água no solo com o aumento do escoamento superficial e do fluxo de abastecimento dos aquíferos.”
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