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Pandemia do novo coronavírus em SC afeta também a saúde mental, dizem especialistas

Última atualização 21 de agosto de 2020 - 15:05:06

Saúde mental também foi afetada durante a pandemia do novo coronavírus — Foto: Reprodução/NSC TV

A saúde física da população infectada com a Covid-19 é a preocupação mais urgente da pandemia do novo coronavírus. Mas não a única. Os desdobramentos da crise também causam impacto negativo na saúde mental das pessoas. Em 2020, a procura por assuntos relacionados à ansiedade disparou na internet. No buscador mais popular, a pesquisa dos brasileiros sobre o tema aumentou três vezes em relação à média dos últimos 16 anos.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou o Brasil como o país com o maior número de pessoas com esse transtorno. Mais de 9% da população convive com esse sentimento.

“A ansiedade é muito comum. Ela afeta grande parte das pessoas ao longo da vida, de crianças a adultos. E aí nesse momento, com essa alta taxa de estresse, pode ser muito difícil mesmo para o nosso organismo se adaptar e passar por isso sem um grau de sofrimento”, disse Deisy Mendes Porto, presidente da Associação Catarinense de Psiquiatria.

A consultora de desenvolvimento humano Elaine Viana desenvolveu a ansiedade nesse período em que estamos convivendo com uma nova rotina de vida, trabalho e convívio.

“Eu tive muitos contratos cancelados e vi minha receita reduzir drasticamente. Além disso, senti medo mesmo, medo de não conseguir me adaptar com esse novo modelo de trabalhar, medo de me contaminar, da contaminação de meus familiares. E venho sofrendo bastante com o distanciamento das pessoas queridas”, disse Elaine.

Especialistas acreditam que o transtorno é mais uma das consequências da pandemia. “A gente sabia que o efeito colateral da pandemia ia ser o aumento do sofrimento emocional nas pessoas, porque nós, seres humanos, somos pessoas que necessitam da troca, do convívio das relações. E a pandemia restringiu, diminuiu, dificultou isso”, disse Telma Lenzi, psicóloga da ONG ASSIM.

A Associação Brasileira de Psiquiatria fez uma pesquisa com médicos de 23 estados e do Distrito Federal. No total, 47% dos entrevistados tiveram aumento de até 25% nos atendimentos de transtornos psiquiátricos e mentais, entre eles a ansiedade, durante a pandemia. Entre os psiquiatras, 67% relataram que receberam pacientes novos. E 89% dos médicos perceberam agravamento em alguns casos e relacionaram isso à pandemia.

Boca seca, falta de ar, náusea, calafrio, tremor, tensão muscular, dor no peito, coração acelerado, tontura são alguns indicativos de uma crise de ansiedade. A programadora Vanessa da Conceição percebeu que a pandemia estava afetando a vida profissional e a saúde mental dela.

“O que me levou nesse momento a aumentar a frequência da terapia foi a questão dessa nova realidade que a gente passou a viver, que acredito que ninguém estava preparado para ela. Então, lidar com as incertezas, lidar com a sensação de não poder estar perto das pessoas que a gente gosta”, disse.

Para a psicóloga Marjorie Carvalho, as pessoas têm a falsa impressão de quem podem controlar as coisas.

“Essa sensação, que na verdade é ilusória, de que a gente tem tanto controle sobre o que acontece conosco, a previsibilidade dos nossos projetos, dos nossos planos. Na verdade, essa pandemia chegou trazendo um 'chacoalhão', tipo: 'Peraí, a gente não tem esse controle todo'”, disse.

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