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Pandemia com falta de crédito 'derrete' empregos em Santa Catarina

Última atualização 13 de maio de 2020 - 09:11:00


Divulgação


Primeiro Estado do país a decretar lockdown, em 17 de março, Santa Catarina conseguiu proteger mais pessoas da Covid-19, o que é relevante. Mas está vendo a sua economia ser atingida por grandes abalos. O mais preocupante é o desemprego acelerado, embora ainda não apareça em estatística oficial. A pesquisa conjunta realizada pelo Sebrae-SC, Federação do Comércio e Serviços (Fecomércio) e Federação das Indústrias (Fiesc), divulgada nesta quarta-feira, mostra que desde o início do isolamento até agora, o Estado perdeu 530.264 postos de trabalho.

Este é o terceiro levantamento para apurar desemprego e outros impactos da crise do coronavírus. Foram ouvidas 2.547 empresas de todas as regiões entre os dias 4 e 6 de maio, com margem de erro de 1,9% para mais ou para menos. Na primeira pesquisa, no final de março, o problema já com o isolamento provocou 148 mil demissões. Cerca de 15 dias depois, em meados de abril, a pesquisa apurou 406 mil demissões e, agora, indica mais de 530 mil.
As vendas também derreteram. No primeiro levantamento, empresas apontaram perda da ordem de R$ 4 bilhões, no segundo mais de R$ 9 bilhões e, agora, R$ 16,2 bilhões.

Segundo o superintendente do Sebrae-SC, Carlos Henrique Ramos Fonseca, a pesquisa mostrou que a MP 936/20, conhecida como MP do Emprego, está ajudando a evitar demissões no Estado. Das que responderam ao questionário, 24,7% adotaram suspensão temporária de contrato de trabalho e 22% reduziram jornada e salário. São 870 mil trabalhadores protegidos com essas duas medidas.

Mas se a MP do emprego ajuda a manter vagas, os programas de crédito não estão chegando às empresas e isso ajuda a fechar postos de trabalho. Do total de empresários entrevistados, 49,2% informaram que buscaram crédito no sistema bancário, mas de cada 10 apenas três conseguiram acessar recursos.

As pequenas tiveram mais dificuldades porque os bancos pedem garantias reais ou aval. Isso mostra que os bancos estão agindo com o rigor de antes da pandemia, o que é uma pena porque, para não correr mais riscos, muitas empresas acabarão fechando. Além disso, há segmentos ainda sem linha especial. O senador Jorginho Mello informa que liga todos os dias para o presidente Jair Bolsonaro, pedindo para que sancione o programa que prevê R$ 15,9 bilhões para as micro e pequenas empresas. A última informação é de que vai sancionar esta semana.

Ao comentar os dados, o presidente da Fecomércio, Bruno Breithaupt, disse que as perdas maiores de receitas são de empresas comerciais e que parte das quase 20 empresas de comércio e serviços que ainda não entraram em atividade não reabrirão as portas. O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, alertou sobre o risco de desorganização social diante de tanto desemprego no Estado.

Entre os motivos de mais demissões, nos últimos 20 dias está a fraca atividade na reabertura da economia do Estado pós-isolamento, observou em entrevista à Rádio CBN/Diário o diretor técnico do Sebrae, Luc Pinheiro.

Vale destacar que esses milhares de empregos fechados ainda não apareceram na estatística do seguro-desemprego do Estado. No mês de abril, segundo a Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, SC registrou 45.577 solicitações do benefício, 103% maior que no mês anterior, março, e 52% superior ao total do mesmo mês do ano passado.

Segundo a Junta comercial, de 17 de março a 30 de abril foram abertas 13.157 empresas no Estado e fechadas 4.460, o que resultou em saldo positivo de 8.697 CNPJs. Essa redução de vagas resultará em maiores custos federais de seguro-desemprego.

No meio disso, um novo alento pode ser decidido em Brasília. Existem conversas dentro e fora do governo para tornar permanente a ajuda emergencial de R$ 600 aos informais e mais pobres. Pelo cenário da pandemia, será uma decisão necessária.

Além disso, é importante aumentar a conexão entre as pessoas e entidades que representam categorias para facilitar a ajuda a quem precisa. É que muitos trabalhadores, mesmo com curso superior estão em dificuldades porque as atividades que faziam foram suspensas. São tempos muito difíceis.


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