Depois de listar os cortes de quase R$ 20 milhões na UFFS e de R$ 60 milhões na UFSC, o deputado Padre Pedro Baldissera questionou, na sessão da Assembleia Legislativa desta terça-feira (14), as consequências do contingenciamento das verbas do ensino superior, anunciado pelo Ministério da Educação (MEC). A análise do parlamentar apontou para um quadro que atinge em cheio, por exemplo, a saúde pública.
A manifestação do parlamentar aconteceu no mesmo momento em que alunos e professores da UFSC e UFFS definiram, em assembleias, pela participação na paralisação em defesa da educação, nesta quarta-feira (15), em todo País.
As duas instituições abrigam, respectivamente, 7 mil e 47 mil estudantes, mas conforme Padre Pedro, eles são apenas um dos públicos prejudicados. “Estas universidades atendem a agricultura familiar, a produção industrial em diversos setores, conduzem pesquisas em áreas de interesse social, como energia e saúde. Nós estamos interrompendo estudos que já alcançavam resultados ou caminhavam para a solução de problemas reais e muitas vezes gravíssimos”, afirmou o deputado.
Na saúde, uma das maiores preocupações
Para manter suas atividades básicas, a UFFS planeja interromper todos investimentos. Mesmo assim enfrentará dificuldades para o custeio. Conforme a reitoria, isso compromete a pesquisa, a extensão, as monitorias e até o funcionamento dos laboratórios, em razão dos custos dos materiais.
Como a saúde e diversos outros setores, a educação enfrenta desde dezembro de 2016 os efeitos da Emenda 95, que congelou investimentos por 20 anos. “A UFFS já tinha perdido 18% até este ano, com a Emenda 95. Com o corte atual, significa redução de quase metade do orçamento”, observa Padre Pedro.
No caso da UFSC, o corte atrasa ou interrompe pesquisas para prevenir e tratar doenças como o câncer, a depressão e o Mal de Alzheimer. Um dos estudos, já em fase avançada, trabalha na qualidade de vida de agricultores expostos ao veneno.
A instituição ainda atende pacientes gratuitamente em diversos serviços, desde saúde bucal até atenção psicológica. Na avaliação de Padre Pedro, o corte sem critério prejudica não só o atendimento direto da população, mas a busca de soluções a médio e longo prazo que influenciam a vida de milhões de pessoas.
Falta de medicamentos compromete
No mesmo pronunciamento, o deputado Padre Pedro questionou o Ministério da Saúde em relação à informação de que estão em falta medicamentos imunossupressores (usados para evitar a rejeição de um órgão transplantado) e destinados ao tratamento do HIV, da hepatite e do câncer.
O problema, segundo Padre Pedro, é que alguns municípios receberam a informação de que não há atraso; as compras simplesmente não foram feitas. No Brasil, cerca de 2 milhões de pessoas dependem destes medicamentos. “Queremos a informação oficial por parte do Ministério da Saúde, já que estes relatos estão se multiplicando”, concluiu o deputado.
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