A carne suína catarinense está oficialmente liberada para entrar no Japão, maior importador mundial do produto. Para selar a parceria histórica, uma comitiva do Governo do Estado participou na manhã desta sexta-feira, dia 28, em Tóquio (noite de quinta-feira, dia 27, no Brasil), de um seminário que reuniu lideranças do agronegócio e empresários catarinenses e japoneses na capital do Japão. Em seguida, o governador Raimundo Colombo visitou o Ministério de Agricultura, Floresta e Pesca japonês, onde assinou e entregou documento confirmando que Santa Catarina atenderá as exigências necessárias para dar início às exportações. Os primeiros embarques comerciais da carne suína catarinense devem deixar o Estado em julho e chegar aos compradores japoneses em agosto.
Ao abrir o seminário “A carne suína de Santa Catarina e do Brasil no Japão”, o governador Raimundo Colombo destacou a força do agronegócio catarinense, lembrando que mesmo com apenas 1,1% do território nacional, o Estado é o maior produtor de carne suína do Brasil, o segundo maior produtor de carne de frango e o quarto maior produtor de leite. “Santa Catarina tem uma tradição muito forte no agronegócio, com os pequenos produtores rurais mantendo uma relação especial com as nossas indústrias pelo sistema de produção integrada. E esse trabalho é aprimorado por um serviço público de controle muito preciso e diferenciado e que continuará tendo nossa atenção e dedicação”, afirmou o governador. Colombo ressaltou, ainda, a participação da comunidade japonesa em Santa Catarina no início do plantio de maçã no Estado, que hoje lidera a produção da fruta no país.
O embaixador do Brasil em Tóquio, Marcos Galvão, lembrou que a liberação do mercado japonês foi um longo trabalho, iniciado em 2006, e que, nos últimos anos, contou com o empenho do governador Raimundo Colombo nas negociações, em parceria com os órgãos do governo federal e das próprias indústrias. “Agora, Santa Catarina está plenamente habilitada para iniciar as exportações. A carne suína catarinense vai se somar à parceria do agronegócio brasileiro com o Japão, que em 2012 movimentou cerca de US$ 3,5 bilhões em exportações”, comemorou. Oito frigoríficos foram habilitados a exportar carne suína ao mercado japonês nesta etapa: BRF (com as unidades de Campos Novos e de Herval D’Oeste), Seara (frigoríficos de Seara e de Itapiranga), Pamplona (Rio do Sul e de Presidente Getúlio), Aurora (Chapecó) e o Sul Valle (São Miguel do Oeste).
Galvão ressaltou que o Brasil já é o principal fornecedor de carne de frango para o Japão, respondendo por 90% do abastecimento do mercado japonês, sendo que o frango catarinense é responsável por 60% dessa fatia. E a expectativa do secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues, é de que os atuais compradores do frango catarinense também passem a comprar a carne suína produzida no Estado.
O presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Corte, também destacou a grande parceria comercial já existente entre Santa Catarina e Japão. Em 2012, o Japão foi o quinto principal destino das exportações catarinenses, movimentando US$ 500 milhões. Em contrapartida, o Estado importou US$ 235 milhões dos japoneses, principalmente insumos e matérias-primas. Ou seja, somando exportações e importações, a parceria movimentou US$ 735 milhões. Com a entrada da carne suína na lista dos produtos exportados, a expectativa da Fiesc é atingir a marca de US$ 1 bilhão de corrente comercial entre SC e Japão até 2015.
A abertura do mercado japonês é um incentivo também para o aumento da produção catarinense, concentrada no Oeste do Estado. Hoje, Santa Catarina é líder nacional em produção de carne suína, com a média de 800 mil toneladas por ano. Projeção apresentada pelo diretor do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados em Santa Catarina (Sindicarne), Ricardo Gouvêa, indica que a produção catarinense de carne suína passará para 1,065 milhão de toneladas em 2017, um ganho da ordem de 30%.
O seminário em Tóquio, promovido pela Fiesc em parceria com o Governo do Estado, também contou com apresentações de representantes do Ministério da Agricultura do Brasil e do Banco do Brasil. Para encerrar o evento, foi exibido um vídeo institucional abordando a diversidade e a força da economia industrial catarinense.
Ministério japonês
Após o seminário, a comitiva catarinense visitou o Ministério de Agricultura, Floresta e Pesca japonês. O governador Raimundo Colombo assinou e entregou o documento que sela a parceria para a liberação da entrada da carne suína catarinense no Japão. O grupo brasileiro foi recebido pelo vice-ministro sênior da pasta, Yoshito Kajiya. “Essa parceria é resultado do trabalho de ambas as partes e queremos manter esse bom relacionamento, com um diálogo permanente entre nossos países”, afirmou o vice-ministro.
Colombo agradeceu a parceria e reforçou o compromisso do Estado em cumprir as exigências sanitárias estabelecidas. Após o encontro, o governador voltou a conversar com a imprensa que acompanhou a viagem. “Todas as etapas foram superadas e as exigências atendidas. Agora é trabalhar a produção e trazer a carne suína para o Japão. Estamos realizando um sonho que vai melhorar a vida de todas as famílias de produtores e dar mais visibilidade para as indústrias, garantindo mais empregos e melhor renda ao setor”, destacou.
A importãncia do Japão
O Japão é o maior importador de carne suína do mundo, comprando o equivalente a 1,2 milhão de toneladas por ano (em equivalente a carcaça), com o diferencial de que os japoneses pagam melhor do que os outros países porque compram cortes específicos e de valor agregado (sem osso) e fazem contratos de longo prazo, o que vai garantir estabilidade para a suinocultura catarinense. Trata-se também de um mercado que é referência internacional no setor. Ou seja, o aval dos japoneses deve agilizar a negociação para venda de carne suína catarinense para novos destinos, como Coreia do Sul e União Europeia, que já estão em negociações com o Governo do Estado.
Historicamente, os japoneses só importavam carne suína quando todo o país de origem possuía o status de área livre de aftosa, mas foi aberta uma exceção para os catarinenses, diante da qualidade do trabalho sanitário – Santa Catarina é o único Estado brasileiro livre de febre aftosa sem vacinação e o governo catarinense mantém uma barreira sanitária em cada fronteira do Estado (são 67 em operação atualmente).
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