O velório surgiu na idade média, para evitar que pessoas
fossem enterradas vivas, pois a medicina, na época, não era tão avançada como
nos dias de hoje. Com isso, os médicos solicitavam aos familiares um tempo para
ter a certeza que o defunto estivesse efetivamente morto. Conforme as crenças
amadureciam, as pessoas passaram a “preparar” seus entes queridos
para a passagem ao outro plano, pois muitos acreditavam que a alma permaneceria
por perto do corpo. Já outros, ainda hoje, acreditam que o ente querido necessita
se despedir dos parentes, mesmo morto. E assim, basicamente, nasceu o costume
de velar os defuntos.
Mas, hoje, para que serve o velório? Qual o sentido do
velório? Despedida? Não sei! Só sei que quem fica lá 24 horas velando o defunto
são os parentes que não se veem há muito tempo e por força deste acabam
transformando o momento em um grande encontro de família, que há tempo não se
visitavam, e aí fazem sacrifícios e até de muitos quilômetros para se despedir
do parente morto.
Porém, em muitos casos, como não dá para festejar o momento,
torna-se imprescindível um encontro de piadas, comer bolinhos, bolachas e beber
café, e até umas cachaças a noite toda. O engraçado é que, ao menos nos
velórios, o defunto recebe tratamento de nobreza e bem altruísta, muitos elogios
e se torna um parente adorado, enquanto no caixão, mesmo os que não o viam há
muitos anos – e quando lembravam em vida sempre o criticavam – de repente tudo
muda com a maior facilidade.
A parentaiada sempre arruma desculpas em vida para não
visitar os outros parentes, porém, no velório, é necessidade obrigatória e uma
troca de desculpas e elogios falsos ou verdadeiros, na pretensa ideia de que os
que em estado de luto fossem se confortar com as suas presenças ou talvez
ajudar com suas orações na salvação do defunto.
O velório não deixa de ser um momento de despedida, um tempo
para refletir sobre a vida que se foi e para se adaptar a nova realidade da dor
dos que ficaram, porém, com o quadrado mental ou a ideia pré-concebida desde a
idade média, o velório ganhou em sofisticação, pois custa muito caro velar um
defunto hoje, se for contar, toda a infraestrutura, um ritual deixa os parentes
endividados.
Agora, não deixa de ser um excelente momento para o encontro
daqueles parentes que nunca se veem em vida, e somente conseguem se encontrar
nos dias de velórios. Que coisa! Agora me toquei, ficar todo este tempo
queimando fosfato cerebral para escrever estas coisas. Desculpem-me os parentes,
mas que é vero, é vero…
Até a próxima!
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