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“O que incomoda somos nós, povo organizado”

Última atualização 11 de setembro de 2015 - 11:34:50
Comungar é tornar-se um perigo…Viemos para incomodar…Aos poucos, as ruas foram se enchendo. O colorido foi tomando espaço dentro de um desfile tradicional e conservador. Gostaria de partilhar com os leitores desta regiÃo algumas de minhas vivências, especialmente as desta segunda-feira que passou, durante o sete de setembro, quando as ruas de SÃo Miguel do Oeste, município onde vivo, foram palco para uns e resistência para outros. Mesmo sabendo que nÃo somos bem vindos nesta marcha pelo patriotismo e amor ao Brasil dos economicamente fortes e dos lascados alienados, ainda assim, resistimos por entender que a sociedade algum dia vai precisar pensar sobre o porquê lutamos ou talvez, nem entenda. NÃo somos patriotas, a pobreza, a fome, a discriminaçÃo nÃo tem pátria. Os estudantes que nÃo se reconhecem dentro desse sistema de ‘desfile’ também nÃo tem pátria. Pátria acham que tem, os educadores que garantem o ponto na média para quem fizer a marcha como bem manda o regimento, o que é uma vergonha. Paulo Freire se remexe ao pensar nisso. Chega se transferir ao pensar que nossos educadores estÃo achando ‘cedo’ discutir política, falar sobre os problemas sociais e a necessidade de sermos protagonistas, de lutarmos, de falarmos em nosso nome, em resposta a um coletivo.
Fico pensando no encanto das crianças que tem sido quebrado. Mais tarde, ou logo cedo nÃo beberÃo mais água potável, nÃo vÃo respirar o mesmo ar que respiram hoje e que por sinal está muito contaminado. Fico pensando: Que pena! Nossas crianças perderÃo o encantamento de viverem no futuro, a complexa adolescência, sem poder andar pelas ruas, de mÃos dadas, nÃo vÃo conseguir namorar aos ares das praças. Vou sentir…quando o encantamento for quebrado quando as armas que nos rodeiam forem para além de apontadas, usadas contra a nossa condiçÃo de liberdade. Esse é o encantamento das crianças, é o encantamento que move a vida. Ser livre é o encantamento, e nÃo essas princesas e heróis que nos querem fazer amar. Chega ser fatídico, ridículo fantasiar as escolas fazendo analogia a Ditadura Militar. Mas fazer o que, quem direciona isso sÃo os cargos comissionados dentro de um sistema que nÃo representa o povo.
Mas, pensando bem, este sete de setembro deixa claro o projeto que se quer manter. Enquanto falam que as organizações, movimentos e pastorais sociais ‘criminalizam quem produz’, ‘quem trabalha’ e nos culpam por carregarmos a ideologia da vida que para alguns é chamada de Comunismo, para outros Socialismo, para outros mais, Reino de Deus, a gente diz: Trabalhadores somos nós. Nós é quem produzimos, nós camponesesas somos quem alimentamos as cidades, nós operáriosas é quem movemos toda essa estrutura de produçÃo. Quem fala de cima apenas ordena, reprime.
Mesmo com essa carga de incompreensÃo e de afronta aos nossos direitos, as ruas foram tomadas pelo colorido. Os rostos pintados em nome da diversidade surpreenderam quem nÃo acompanha o processo. Estava tÃo linda a marcha da diversidade do Grito dos Excluídosas que até Policiais Militares nos fotografaram, rosto a rosto. Que beleza…Fotografaram o encantamento da vida. Só gostaríamos agora de acompanhar a publicaçÃo destas fotos tÃo belas e cheias de sonhos que brotam das tribos das periferias, dos interiores do Oeste, Extremo-oeste Catarinense, de outros estados e de outros países que nos acompanhavam em marcha pela vida dos povos.
Além das belas fotos feitas, e que pena, talvez nÃo foram direcionadas as nossas faixas pela Universidade Federal Fronteira Sul, contra a criminalizaçÃo das juventudes, pela Agroecologia, em celebraçÃo ao Primeiro Acampamento das Juventudes do Campo da Cidade, em defesa das vadias e vagabundas, das putas da sociedade, em defesa dos povos originários dessas terras, creio que a sociedade em si nÃo deva ter prestado tanta atençÃo em duas faixas também muito importantes: Repúdio a mídia golpista e contra o golpe no Brasil. O processo alienatório está intrínseco e muitas vezes ocasiona a cegueira, adoece as pessoas que preferem nÃo mais pensar, mas deixar que a mídia comande a vida por elas e é esse o grande problema. O cenário de insegurança nos deixa em alerta e por isso levantamos nossas bandeiras para dizer uma vez mais NÃO! NÃo Haverá golpe no Brasil. Sabemos muito bem quem é o inimigo do povo e ele chama-se Capitalismo. Enquanto retornamos de uma marcha movida pelo encantamento de viver a liberdade de poder amar uma sociedade diferente, seguimos estudando, nos juntando e em alerta. Aos poucos vamos nos reunindo para a vitória sabendo que o que realmente incomoda a sociedade somos nós, povo organizado, críticos em construçÃo. Adelante. Até a próxima.






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