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Número de eleitores de 16 e 17 anos cresce 244% em SC; saiba o que motivou alta adesão

Última atualização 14 de maio de 2022 - 09:51:02

Thayssa Rodrigues tem 17 anos e realizou o cadastro eleitoral – Foto: Leo Munhoz/ND

 “O que forma a sociedade são os cidadãos. Se a
pessoa não vota, como ela vai melhorar o lugar em que ela vive?”. O
questionamento certeiro partiu da jovem eleitora catarinense Thayssa
Rodrigues de Almeida, de 17 anos.

Aluna do 3º ano do ensino médio
do IEE (Instituto Estadual de Educação), em Florianópolis, Thayssa fez o
cadastro eleitoral este ano e espera exercer o papel de cidadã nas eleições do
dia 2 de outubro. E ela não é a única.

A adolescente está entre os 77
mil jovens de 16 e 17 anos aptos a votar em Santa Catarina. O voto para menores
de 18 anos não é obrigatório no Brasil.

Dados provisórios – há grande
quantidade de solicitações a serem processadas – repassados pelo TRE-SC
(Tribunal Regional Eleitoral) de Santa Catarina apontam que nas eleições
municipais de 2020 foram 22.452 adolescentes aptos a votar, número que agora
saltou para 77.386, um aumento de 244%.

Com esses dados, a participação
dos eleitores de 16 e 17 anos representará 1,46% dos eleitores no Estado.

O crescimento exponencial é
atribuído pelo TRE-SC à campanha “Bora Votar” iniciada em setembro do
ano passado que incentivou o alistamento eleitoral e o voto consciente dos
jovens dessa faixa etária.

Ao todo, o Estado deverá ter no
pleito eleitoral deste ano 5.291.652 eleitores e eleitoras contra 5.205.931
aptos em 2020.

Vale destacar que o número ainda
pode mudar, de acordo com o processamento dos dados computados até o dia 4 de
maio, quando foi fechado o cadastro eleitoral. A relação oficial do eleitorado
apto a votar no próximo pleito será divulgada pelo TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) no dia 11 de julho.

Campanha do TRE-SC

O crescimento exponencial dos
jovens eleitores em Santa Catarina é atribuído pelo TRE-SC à campanha nacional
“Bora Votar”.

Iniciada em setembro do ano
passado, a campanha incentivou o alistamento eleitoral e o voto consciente dos
jovens de 16 e 17 anos que, mesmo não sendo obrigados a votar, podem participar
do processo eleitoral e escolher seus representantes nos Poderes Executivo e
Legislativo.

O diretor-geral do TRE-SC,
Gonsalo Ribeiro, diz que, por mais que a campanha tenha sido lançada em todo o
território nacional, a Justiça Eleitoral de Santa Catarina “abraçou” a
iniciativa e deu ainda mais fomento às ações.

“A Justiça Federal no Brasil
lançou a campanha Bora Votar e em Santa Catarina teve um incremento maior do
que o normal. Uma comitiva da Justiça Eleitoral do Estado percorreu vários
municípios catarinenses. Já em dezembro tínhamos um número bastante
considerável, em torno de 45 mil jovens eleitores, e agora, embora ainda não
seja o número final das eleições, estamos com mais de 77 mil jovens eleitores.
A campanha foi um sucesso e houve grande engajamento entre os jovens”, avalia o
diretor-geral do TRE-SC.

A facilidade para realizar o
cadastro eleitoral também atraiu os jovens, na avaliação do diretor-geral. O
processo pode ser feito todo de forma online, sem a necessidade de sair de
casa.

“A democracia pode ser
beneficiada com o incremento de novos eleitores, em especial, os jovens porque
todos os votos contam e voto não tem idade. Se nós temos um contingente maior
de eleitores são mais pessoas decidindo o destino do município, Estado ou
país”, completou Ribeiro.

Fatores que impulsionaram adesão

Daniel Pinheiro, professor de administração
pública da Esag (Escola Superior de Administração e Gerência) da Udesc
(Universidade do Estado de Santa Catarina) e coordenador do programa de
extensão Educação e Cultura Política, avalia que a Justiça acertou ao lançar
uma campanha para atrair os jovens ao voto com uma linguagem mais acessível e
menos burocrática.

O fato do cadastro eleitoral ser
disponibilizado via web facilitou a adesão dos adolescentes, segundo Pinheiro.

Além disso, as redes sociais
tiveram papel fundamental nesse incentivo, com artistas e influenciadores
divulgando a campanha para a retirada do título de eleitor.

“Figuras que, geralmente, não se
envolviam nesse processo, começaram a criar discursos com uma linguagem que
atingiu os jovens, o que ajudou no crescimento desse eleitorado. Nas redes
sociais, elas chamaram os jovens a votar. Isso fez toda a diferença”, aposta.

O professor Tiago Daher Padovezi
Borges, do Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFSC (Universidade
Federal de Santa Catarina), diz que a pandemia da Covid-19 e o contexto
econômico atual podem ter influenciado a adesão dos adolescentes ao voto.

Jovens de diferentes classes
sociais sentiram os impactos da pandemia seja pelo viés econômico ou social e
isso se transforma numa questão política, segundo o acadêmico.

“Vivemos um momento econômico
delicado com uma inflação muito alta. Em momentos de crise mais acentuada, a
mobilização também aumenta porque a pessoa se sente mais motivada a alterar o
estado das coisas. Os jovens sentem os dramas vividos pelas famílias e pensam
nas perspectivas que eles têm de emprego e de estudo. Eles estão atentos ao
próprio futuro, ainda mais depois de terem passado pela experiência de
pandemia”, avalia o cientista político.

A campanha promovida por
instituições, imprensa, partidos, lideranças políticas e artistas incentivando
o alistamento eleitoral entre os jovens também pode ter impactado nos números.

“Não lembro de ter visto isso
sendo feito de forma tão intensa como foi agora. O incentivo partiu até de
atores norte-americanos”, comenta o professor.

Borges acrescenta ainda que a
eleição polarizada que está por vir pode ter estimulado os jovens a se
alistarem para votar. “Será uma campanha delicada e difícil. À medida que se
torna mais competitiva gera mais incentivo para que as pessoas participem”,
conclui.

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