Os grupos de trabalho formados por Grêmio e Arena Porto-Alegrense para estudar alterações no contrato da Arena reúnem-se pela primeira vez na quinta, no Olímpico.
Pressionado pelos altos custos gerados com a migração de seus associados para a Arena e pela demora em obter sua parte nos lucros gerados pelo novo estádio, o clube estuda a revisão urgente de algumas cláusulas. Ou, até mesmo, comprar os direitos de gestão da Arena e livrar-se dos encargos que hoje consomem suas receitas.
A Arena Porto-Alegrense cobra por ano R$ 41 milhões de “aluguel” do Grêmio. A conta é relativa à migração de 25 mil associados para o anel superior (R$ 23 milhões) e outros 8 mil para as cadeiras Gold e Gramado (R$ 18 milhões). Por mês, são cerca de R$ 3,4 milhões que saem do Quadro Social. Como a receita anual gerada por esse departamento é estimada em R$ 55 milhões anuais, sobram apenas R$ 14 milhões.
Este não é o único problema. Como os custos de financiamento da obra subiram de R$ 170 milhões para R$ 275 milhões, elevaram-se o prazo de amortização e o valor dos juros. Isso provoca uma demora no repasse ao Grêmio, por parte da Arena Porto-Alegrense, dos lucros líquidos – o clube tem direito a uma parcela de 65%.
Por contrato, o Grêmio também tem que repassar à parceira a receita gerada pela bilheteria, publicidade e camarotes em jogos realizados no Olímpico.
– Desde o início, havia a previsão de que essas receitas passassem para a Arena. Mas havia, também, a previsão de que os custos e as despesas da Arena fossem bem menores. E que, além de receber uma quantia fixa de R$ 9 milhões anuais, o Grêmio também teria participação no lucro líquido da Arena Porto-Alegrense – recorda o vice-presidente Adalberto Preis, escolhido pelo presidente Fábio Koff para liderar o grupo que negocia com a parceira.
Nos corredores do Olímpico, a situação é definida como “enforcamento financeiro”. Há restrições ao fato de diretorias passadas terem assinado um contrato que, na prática, se revela nocivo. E estranheza por alguns aditivos, como os R$ 18 milhões relativos às Cadeiras Gold e Gramado, terem escapado ao crivo do Conselho Deliberativo. Segundo um dirigente, “o contrato assinado não é o que foi aprovado”.
Nas manifestações públicas, contudo, evita-se qualquer crítica à OAS.
– Trata-se de um problema transitório. Não somos contra a Arena. Não há conflito, o diálogo continua muito bom. É uma questão de ajuste que toda operação que se inicia enfrenta – completa Preis.
Zero Hora tentou, sem sucesso, contato com representantes da Arena Porto-Alegrense para que analisassem a iniciativa do Grêmio.
Grêmio estuda adquirir gestão da Arena
Ainda que não assuma em caráter oficial a intenção de adquirir o direito de gestão da Arena, o Grêmio já faz sondagens para saber quanto precisaria gastar. É do clube, conforme o contrato, a preferência para comprar a totalidade da ação da superficiária (sociedade que detém os direitos de utilização da superfície do terreno).
Uma das hipóteses é fazer uma proposta à Arena Porto-Alegrense, indicando preços e condições de pagamento. Caso não haja acordo, o preço será fixado por uma das seguintes empresas de avaliação: KPMG, Deloitte, PriceWaterhouse Coopers e Ernst Young.
– O homem (Fábio Koff) já está atrás de dinheiro para fazer a compra – comemora um conselheiro.
O passo seguinte é assumir o financiamento de R$ 275 milhões. Um dos entraves é o fato de o BNDES não oferecer linhas de financiamento para clubes de futebol. Como o banco só aceita liberar recursos para a iniciativa privada, o Grêmio precisaria ser representado por um grupo de empresários. E, claro, oferecendo garantias de pagamento.
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