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Mais de 30 mil bilhetes já vendidos na Rifa da Fazendinha

Última atualização 6 de setembro de 2021 - 11:35:34

É um estouro -. Assim, a professora Jussara Sávio define o sucesso da “Rifa da Fazendinha”, campanha que estourou na última semana a partir do vídeo que viralizou, da leitura pela vereadora Bete Bortolotto (PP) da lista de prêmios da promoção da Escola Municipal do Bairro Bortolotto, de Nova Veneza, no Sul de Santa Catarina.

Já são mais de 30 mil bilhetes vendidos. É como se cada morador de Nova Veneza, com seus 15 mil habitantes, já tivesse garantido dois números para concorrer aos três porcos, às galinhas, salames, queijos e outras iguarias mais. – Hoje a gente atualiza a conta, mas já passou e bem de 30 mil sim – confirma a professora e diretora da escola.

A mobilização ganhou o reforço do Banco do Brasil desde a última sexta-feira (3). – O gerente nos cedeu uma conta especial para a rifa, sem custos para a escola e com um pix junto. Isso está facilitando, já que a nossa equipe não dá mais conta de tantas vendas – comemora Jussara.

Quando a rifa começou, sem a ideia de alcançar essa dimensão atual, havia um prêmio estabelecido para duas turmas da escola. – A turma das séries iniciais e a turma das séries finais que mais vendessem números, ganhariam uma ida à pizzaria. Agora, com esse sucesso todo, vamos levar todos os 403 alunos, os professores e os funcionários para comer pizza – anuncia a diretora.

– Já falaram aqui pra abrir pra todo mundo da rede em Nova Veneza, mas não, o mérito é da nossa escola – salienta Jussara. Serão levadas duas turmas por dia para comer pizza pelo resultado da rifa.

A diretora frisa que os recursos arrecadados (por enquanto, mais de R$ 60 mil) serão usados em ações diretas em prol das crianças da Escola Bortolotto. Nada para estrutura física. – Antes da pandemia, fazíamos a ação de Dia das Crianças fechando a rua e colocando brinquedos. Se houver liberação, faremos de novo. E teremos o dia da pipoca, do cachorro quente, do algodão doce e do crepe. E vamos presentear todos os nossos alunos. Como atendemos crianças de todo o município, temos muitas crianças carentes também na nossa comunidade, que se não fosse a escola não ganhariam presente algum no Dia das Crianças – relata.

A união de esforços tem vindo à tona nos últimos dias, com o salto nas vendas da rifa. – Temos uma equipe de dez pessoas, que dividimos entre os atendimentos das vendas e o envio dos números dos bilhetes comprados. É muito trabalho. Então as nossas merendeiras e a comunidade se uniram para nos trazer almoço e café, pois a gente não consegue parar muito para comer – conta a diretora. – É uma comoção só, muito bonito de ver – acrescenta Jussara.

As vendas para todas as partes continuam. – Toda Santa Catarina está participando. Todos os estados do Brasil também. E seguimos vendendo para o mundo, muitos números para a Inglaterra nos últimos dias – conta. As participações de vários países da Europa, da América do Norte e da Ásia continuam chegando.

E como fazer para que os prêmios alcancem esses destinos, caso os contemplados sejam de fora? – A Cidasc tem nos dado todo o apoio. Nossos produtores rurais estão muito preocupados, não querem perder o selo de qualidade. Então recebemos o apoio, nos últimos dias, de empresas de logística que estão se dispondo, conforme os lugares, a fazer a entrega dos nossos produtos nas condições indicadas – refere Jussara

Mas há uma preocupação especial: e quem ganhar o décimo primeiro prêmio? – É né, é a choca com os pintinhos, mais a dúzia de ovos e o torresmo. Sobre a choca, conforme o lugar do ganhador, a gente vai fazer contato com alguém lá pra ver se lá eles tem choca e pintinhos, talvez não tenhamos como transportar eles – comenta Jussara. Itens como queijo, salame e cuca, fornecidos pela cooperativa da agricultura familiar de Nova Veneza (Coofanove) não deverão representar problemas para as entregas. – É que os turistas que vem para a cidade levam esses produtos sem problemas – observa a diretora.

Jussara já anuncia que vem preparando novidades por aí. – Ganhamos tanta coisa que já temos um terneiro e um porco garantido, além de outros prêmios, para uma próxima promoção – reforça.

A professora conta que a escola tem outras metas, e vai aproveitar o momento para tentar resolver. A Escola Bortolotto partirá em busca de R$ 260 mil em emendas parlamentares para duas obras. – Precisamos de R$ 180 mil para o novo telhado da escola, e R$ 80 mil para trocar o piso. Ainda não pedi, mas vamos tentar com nossos deputados emendas para resolver isso – anuncia. – Tem muitos deputados, tem prefeitos de vários estados e até um senador do Rio Grande do Sul que comprou a nossa rifa, vou pedir ajuda pra essa turma toda – emenda.

Outro objetivo da diretora é conseguir R$ 15 mil para instalar um toldo de acrílico em um dos corredores da escola, para chegada e saída das crianças. – O prefeito Rogério Frigo também nos prometeu apoio. Vamos cobrar – destaca.

Jussara vai representar a Escola Bortolotto nessa semana na Assembleia Legislativa (Alesc). – A escola vai receber uma moção de aplauso – diz a diretora. A proposta foi do deputado estadual Tiago Bolan Frigo (PSL) que é suplente, está no exercício do mandato e tem laços familiares em Nova Veneza. Ele é parente do prefeito da cidade e de um vereador também.

A diretora revela seus planos futuros e garante: embora a notoriedade com o episódio da “Rifa da Fazendinha”, não tem qualquer pretensão política. – Que nada, meu projeto é ser diretora da escola até 2024, quando vou me aposentar e me dedicar à comunidade. Meu sonho é ser presidente da Associação de Moradores do Bortolotto. Em política eu não entro – assegura.

Professora da rede municipal de ensino há 30 anos (começou no magistério com 18 anos), Jussara está lotada na Escola Bortolotto há duas décadas. – Era para eu ter me aposentado no ano passado, mas pediram para eu ir ficando, e fiquei – sublinha. Nova Veneza tem um ambiente político sempre efervescente, mas a professora garante que passa à margem dessas paixões políticas. – Tenho amigos dos dois lados – aponta.

Jussara Sávio tem em seu currículo atuação na Apae de Nova Veneza. Apaixonada pela educação, ela conta com orgulho essa passagem e aproveita recente polêmica, em cima de declarações do ministro da Educação, Milton Ribeiro, para contrapor e garantir: – aluno especial não atrapalha. Muito pelo contrário. Penso que todo o professor teria que ter essa experiência – comenta.

Segundo a diretora, a Escola Bortolotto conta, atualmente, entre seus 403 alunos, com estudantes autistas, com síndrome de down e deficiências visual e auditiva. – E eles são ótimos, carinhosos, empenhados e muito participativos. E os colegas ajudam, gostam da convivência. Lugar de toda a criança é na escola, sem diferenças – assegura.

Essa leitura da importância da educação está pautando a decisão da diretora sobre a forma de exibição do sorteio da rifa, no dia 20 de setembro. É que a Escola Bortolotto já recebeu dois convites oficiais de redes nacionais de TV para a transmissão do evento, e a decisão sai nos próximos dias. – Eu tenho a minha preferência, não quero que sejamos chacota, quero sim que seja um espaço para promover a educação – finaliza.

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