A corrente é o mais utilizado
As motocicletas utilizam três tipos de transmissão de força do motor para a roda traseira: cardã, correia e corrente. Os três tipos são bons, mas o que possui o menor custo é o que utiliza corrente e por isso mesmo é o mais presente nas motos de todas as cilindradas. Porém, essa economia tem um custo de manutenção mais elevado. O modelo que utiliza a corrente é o que mais precisa de manutenção.
Existem três situações onde a manutenção deve ser feita imediatamente após o uso: água em excesso, areia de praia e barro. Motos que rodam no asfalto tendem a cumprir a recomendação de verificar o estado de lubrificação a cada mil quilÔmetros rodados. Mas isso vai depender do que você usa na lubrificação.
Há quem use a graxa branca – que na realidade é para aplicação náutica e não para motos. Ela tem um problema: junta muita areia e resíduos e ela não penetra nas peças internas da corrente e contribui para um desgaste maior com o tempo de uso, pois quando vão lubrificar motos que usam a graxa náutica a maioria sequer retira a graxa velha – apenas joga por cima.
Noutra situação se utiliza apenas o óleo antiferrugem que não suporta o calor e o atrito forte da corrente acaba perdendo a viscosidade necessária para reduzir um atrito tão violento.
Por fim, depois de muito pesquisar e ouvir tudo por aí, decidi testar na Kawasaki Versys o modelo que usa lavar a corrente com antiferrugem e depois utilizar óleo W90 ou W100 SAE50 – Óleo para motores de aviação 4T (Eu uso um SAE J1899 antigamente o MIL-L-22851D). Não pense que utilizei esse óleo por que motos voam. Não. O óleo usado em motores de avião possui todos os aditivos necessários para minimizar os efeitos do atrito da corrente com o conjunto, já que possui uma excelente viscosidade a qual é muito adequada a este tipo de transmissão.
Rodei seis mil km realizando lubrificação a cada 1200 km. O mais interessante era que mesmo depois de 1200 km, alguns desses rodados em terra, a corrente estava ainda lubrificada. Uma curiosidade percebida, coincidência ou não, foi que o afrouxamento da corrente foi menor que o de hábito para este tipo de conjunto. Apenas uma única vez foi necessário apertar a corrente e mesmo assim foi um ajuste mínimo bem abaixo dos padrões para este tipo de transmissão. Mas mesmo assim realizei o procedimento que vou repassar a vocês.
Dica de lubrificação
Primeiro coloque a moto em um cavalete que permita que fique com a roda traseira totalmente suspensa. Em seguida ligue a moto e coloque a primeira marcha. Talvez seja preciso pedir ajuda de alguém – no meu caso não foi necessário e deu para controlar a embreagem e lubrificar a corrente.
Com a roda traseira e lave com o antiferrugem toda a corrente – os quatro lados (não economize). Os dois lados superior e inferior – parte interna e os dois laterais da corrente até que perceba escorrer um líquido preto. Lave por mais um minuto e depois desligue a moto e deixe escorrer por uns cinco minutos.
Feito isso é hora de colocar o óleo. Vide a foto. Esta situação tem melhor resultado se for feito com o pneu girando. Coloque umas duas ou três tampinhas – vá soltando devagar, um fiozinho de nada até que a tampa esvazie – repita o procedimento mais duas vezes – será o suficiente. Desligue o motor.
Agora é hora da Lei da Gravidade fazer o resto. Você vai perceber que após isso você verá descer rapidamente um óleo mais fino. Este é o óleo desengripante ou antiferrugem que está sendo ‘expulso’ pelo óleo mais ‘viscoso’.
Deixe a gravidade trabalhar. Mantenha a moto no cavalete por aproximadamente umas 3 a 5 horas. Você pode ainda ajudar mais – coloque no cavalete lateral para que o óleo escorra também em outro sentido.
Sempre faça isso antes de viajar. Se precisar fazer isso em viagem, lubrifique quando for parar a moto de um dia para outro (leve seu kit de lubrificação e nunca use óleo velho). Lubrifique a corrente e deixa-a descansando para pegar nela apenas no dia seguinte.
Isso vai ajudar a escorrer todo o excesso de óleo e fazer com que a quantidade certa de lubrificante fique em toda a extensão da corrente. Sua moto pode durar mais se você cuidar bem dela. Boa viagem!
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