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Lagartas atacam plantação de milho no interior de Palmitos

Última atualização 21 de março de 2016 - 13:38:43
PALMITOS – Sobrou apenas o caule e a espiga de milho, o resto foi consumido pelas milhares de lagartas em apenas dois dias. O fenômeno aconteceu na Linha Três Pinheiros, interior de Palmitos, na propriedade da família Sell. Há oito anos, o casal Nilo e Noeli Sell vivem com os filhos Jéssica e Lucas naquela propriedade, e até hoje nunca relataram algo parecido. “Foi apavorante, nunca vi coisa igual”, afirma o proprietário.
O fato aconteceu na semana passada e o prejuízo deve ultrapassar os R$ 5 mil, sem contar que a plantaçÃo era destinada para a produçÃo de silagem e daria para alimentar os animais da propriedade num período de um ano. Os agricultores nÃo conseguem mensurar o tamanho do prejuízo, pois os reflexos virÃo nos próximos meses, com a falta de alimento para os animais.
A plantaçÃo atacada é distante da residência da família, o que dificultou a percepçÃo imediata do ataque das lagartas. O agricultor plantou em quatro hectares, quatro sacos de milho da variedade 5050 Santa Helena, é uma semente convencional, nÃo resistentes a pragas.
Até chegar ao pedaço consumido pela lagarta, ele conta que a invasÃo foi instantânea, sem possibilidades de reaçÃo. Ele encontrou também lagartas na pastagem da propriedade, e pretende realizar o controle químico, já que nÃo foi possível com a plantaçÃo de milho. A família tem aproximadamente 20 vacas de leite e vive apenas da produçÃo leiteira.
Ao perambular pelo pedaço de terra, Sell parece desacreditar naquilo que vê, e desabafa: “NÃo tinha o que fazer, é triste de ver isso aí”. Com a situaçÃo atual, o agricultor nÃo sabe o que fazer com o que sobrou da plantaçÃo, mas cogita a possibilidade de logo fazer silagem, pois com a perda total das folhas do pé de milho, os danos sÃo praticamente irreversíveis.
Noeli acrescenta que a pastagem vai perder o valor nutritivo, tendo consequências na produçÃo leiteira. “De agora em diante vamos diminuir pela metade a quantidade de pasto para as vacas, para manter até no inverno. O pior é saída do inverno, pois o pasto na entre safra diminui e esse é o período que mais precisamos da silagem”, explica.

“Os danos sÃo praticamente irreversíveis”

De acordo com o engenheiro Agrônomo da Empresa de Pesquisa Agropecuária e ExtensÃo Rural de Santa Catarina (Epagri), Ruan Benvenutti, os ataques estÃo acontecendo em todas as regiões. “O controle químico é feito com uso de piretroides e diamidas, é a forma mais eficiente de controle após o ataque ocorrer, porém, tem apenas efeito curativo, matando parte das lagartas”, explica.
Ele acrescenta que as plantas danificadas tem a produçÃo comprometida, mesmo com o número de aplicações de produtos químicos aumentado. Em algumas regiões é comum uma média acima de cinco aplicações na safra. “Vários fatores podem ser levantados para explicar os danos crescentes de pragas, mas a grande preocupaçÃo no momento é o desenvolvimento de populações resistentes a produtos químicos” acrescenta.
Essa resistência ocorre, pois há uma diminuiçÃo sensível da diversidade de agentes de controle biológico, em consequência do mau uso dos agrotóxicos. Benvenutti argumenta, que o ciclo das lagartas é semelhante a qualquer outra borboleta, com a fase larval, que tem um consumo voraz, normalmente consumindo toda a planta, entrando em fase de pupa, (encasula) e vira borboleta.
O engenheiro Agrônomo salienta que a maioria das lagartas que nÃo sÃo eliminadas pelos inseticidas, vira borboleta e reinicia o ciclo. “Porém quando a populaçÃo de lagartas é muito grande e o alimento é restrito, acabam morrendo ou sendo devoradas por predadores como pássaros”.
Para ele, depois que uma lavoura é atacada, os danos sÃo praticamente irreversíveis, no entanto, há diferentes níveis de danos. “Se o controle for feito no período adequado, os danos sÃo toleráveis e nÃo comprometem a produçÃo, mas quando o ataque é muito severo, com consumo da maioria das folhas e outras partes importantes da planta, a perda de produçÃo é muito grande, chegando a níveis que nÃo há viabilidade em gastar com a colheita da lavoura”, observa.

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