Os produtores de sete municípios do Oeste catarinense não estão tranquilos nesta entressafra. A cada dia, há pelo menos três anos, bandos de javalis visitam as plantações e deixam um rastro de destruição por onde passam. Os alvos normalmente são as
roças de grãos.
Mesmo com todas as tentativas para afastá-los, os animais continuam saindo da mata, assustando proprietários e ferindo até
cachorros. Segundo o policial ambiental Luciano Bergonzi, de Chapecó, nenhuma pessoa foi machucada até agora.
A Polícia Militar Ambiental estima que haja entre 10 mil e 12 mil javalis numa área de 100 quilÔmetros quadrados. Pelas
estimativas de Luciano, a população de javalis pode dobrar em cinco anos. Entre os municípios afetados estão Ponte Serrada, Passos Maia, Água Doce, Vargeão, Faxinal dos Guedes, Irani e Vargem Bonita.
Toda vez que planta a lavoura de milho e soja o agricultor Adão Júnior Trevisan, de Ponte Serrada, já sabe que vai perder parte da safra para os javalis. Há sete anos os animais apareceram na região, mas as perdas se intensificaram nos últimos três anos.
Neste ano, ele estima uma perda de 20% nos 100 hectares de milho que semeou. Como a perspectiva era de colher 18 mil sacas do cereal a perda é de 3,6 mil sacas. Com o valor de R$ 30 a saca o prejuízo seria de R$ 100 mil.Isso sem contar que os 170 hectares de soja também devem sofrer algum ataque quando os grãos estiverem maduros.
—Dá para comprar um trator novo- declarou o agricultor—, desabafa.
Uma cerca de 6 quilÔmetros com seis a dez fios de arames farpado foi a solução do agricultor José Foresti para contar o ataque dos
javalis. Foresti perdia cerca de R$ 30 mil por ano com os ataques e preferiu investir R$ 23 mil para evitar os dadnos.
—No primeiro ano a cerca se pagou—, comenta.
O secretário de Agricultura de Ponte Serrada, Olivo Cortelini, afirmou que cerca de 80 famílias do município já tiveram prejuízo com
os javalis. Além das lavouras, há registro de ataque a bezerros.
Como chegou no Oeste?
Segundo Luciano, alguns criadores trouxeram do Uruguai e depois soltaram os animais, cerca de dez, para caçar. Neste período, os javalis começaram a se reproduzir até ganhar a proporção atual.
Com a falta de sementes na mata, eles saem para buscar comida plantações. Quando não encontram, chegam a atacar animais. Há pelo
menos dois registros de ataques a cães no Oeste.
Para diminuir a população, no ano passado foi liberada a caça controlada. Os interessados devem pedir autorização da Polícia Ambiental. Para solicitar, devem enviar documentos da arma e dados sobre a área da caça. Os javalis vivem próximos Parque Nacional
das Araucárias.
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