O segundo semestre letivo é alvo de preocupação para estudantes e reitorias das instituições federais de ensino superior em Santa Catarina. Sem previsão de desbloqueio de recursos do governo federal, anunciado em abril, é possível que sejam feitos novos cortes em programas previstos.
Caso não haja mudanças em relação ao contingenciamento, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por exemplo, tem para receber até o fim do ano R$ 16,9 milhões para manter limpeza, energia elétrica, vigilância – os gastos de custeio. O valor é 35% a menos do que o orçamento previsto.
A economia na instituição já começou. As aulas regulares estão garantidas no segundo semestre, mas visitas técnicas e o programa de bolsas intercâmbio foram cortados. Pelas contas da Secretaria de Planejamento da UFSC, dá pra levar assim por mais um mês e meio.
“É muito difícil dizer [sobre onde cortar custos]. É realmente difícil. Enfim, a nossa preocupação é que o governo faça essas liberações, o que estamos observando que estão fazendo mês a mês, enfim, o que causa uma angústia, uma incerteza em relação a isso. Mas realmente essa decisão é muito difícil”, disse Vladimir Arthur Fey, secretário de Planejamento e Orçamento.
A decisão é difícil também para o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). O orçamento é de R$ 78,3 milhões ao ano, mas mais de R$ 23 milhões foram bloqueados. Nos corredores, as luzes dos corredores ficam apagadas, prática adotada desde 2015, quando o repasse começou a diminuir.
Como este ano o orçamento ficou mais apertado, o serviço de limpeza também foi cortado. As salas são limpas todos os dias, já a reitoria e os setores administrativos passaram a ser higienizados três vezes na semana.
“Em determinado momento, se não houver o desbloqueio do orçamento, a gente não vai mais ter como comprar esses insumos de sala de aula. A gente começa o segundo semestre em estado de atenção em relação à continuidade das nossas aulas práticas. A partir de setembro a gente começa a ficar numa situação bastante delicada e talvez até com cortes de contratos”, disse Aline Heinz Belo, pró-reitora de Administração.
A ordem é enxugar gastos, o que acaba refletindo no ensino. O Programa de Intercâmbio para estudantes que mandava 15 alunos para estudar fora do país, baixou pra 10. E as visitas que os estudantes costumavam fazer para entender na prática como funciona o mercado foram reduzidas.
“Tiveram que reduzir isso porque não tinha verba para transporte. Não tinha como ir para os hotéis na região. Prejudica porque nós acabamos não vivenciando isso, acabamos só ficando na imaginação”, disse Agnes Erig Hohn, estudante de Hotelaria.
Nesta semana o Governo Federal anunciou um novo programa voltado para universidades e institutos federais, o Future-se. Em resumo, as instituições poderão fazer parceira público-privada, ceder prédios e até vender nomes de campi e edifícios.
Representantes de universidades do país inteiro foram chamados pra conhecer o plano do governo. A UFSC diz que boa parte do que foi apresentado não é novidade e que não deve trazer benefícios imediatos.
“A curto prazo não traz nenhum fôlego para as universidades ou mudará a situação das universidades e dos institutos. Pode ser que a longo prazo sim, mas isso é uma ação que o Ministério [da Educação] poderia fazer sem na verdade ter uma adesão imediata das universidades”, disse.
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