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Infidelidade financeira abala relacionamentos

Última atualização 19 de setembro de 2012 - 14:19:41

Imagine a situação: você chega do trabalho, seu marido está tomando banho e deixou as roupas em cima da cama. Você vê um extrato bancário caído sobre a colcha. Dá uma espiadinha e nota que não se trata da conta conjunta nem da pessoal dele. Então descobre a traição… Não, ele não tem uma amante. Mas, além de ter mentido durante três anos sobre quanto ganhava, não disse que mantinha outra poupança. E era ali que ficava a diferença entre o que dizia receber e o salário real. Aconteceu com a farmacêutica Denise*, 31 anos, e, pelo menos, com mais 7 mil pessoas, segundo pesquisa da revista Forbes. De acordo com estudo com 23 mil americanos que mantêm conta conjunta, 31% declararam cometer infidelidade financeira. A nova modalidade de pulada de cerca envolve omissão de gastos, dívidas e até de outras fontes de renda. Dessas escapulidas, a mais comum entre as leitoras esconder do parceiro ou mentir o preço quando compram coisas muito caras.

Bolso partido

Será que uma traição que mexe no bolso é tão ruim quanto a que vai um pouco, digamos, mais embaixo? Segundo 70% das mulheres que responderam à pesquisa da Forbes, sim. Denise concorda: “Acho que eu teria levado mais numa boa se ele tivesse passado uma noite com outra mulher”, diz a farmacêutica.

O casal dividia as despesas da casa proporcionalmente ao que ganhava. “Ele recebia um valor 40% maior do que me dizia. Enquanto eu deixava todo o meu salário na conta conjunta, ele tinha dinheiro aplicado”, diz. Um ano e meio depois, os dois se divorciaram. “A frustração aparece por causa da mentira e porque a pessoa não se enxerga como parte dos planos do parceiro”, diz o psicanalista Alexandre Mattos, do Núcleo de Estudos e Temas em Psicologia, em São Paulo.

A empresária Marina*, 33 anos, de São Paulo, não achava que suas escapulidas financeiras eram muito graves. Ela e o parceiro moram juntos há seis anos e têm uma grana conjunta, além da conta individual. Mas, quando Marina tinha seus surtos consumistas, era o cartão do casal que usava para pular a cancela do shopping. “Eu deixava as compras no porta-malas e só subia com as sacolas quando o Danilo estava dormindo.” O caso de amor de Marina com o cartão de crédito do casal durou mais de três anos. Até o marido tentar pagar uma compra no supermercado e ter o cartão recusado. “Ele ficou furioso! Depois de muitas brigas, entramos num consenso sobre o dinheiro”, diz a empresária. Agora, todo mês os dois colocam em planilhas os gastos em comum. “Se eu não mudasse minha postura, iria perder o marido”, diz Marina.

Gerenciamento de crise

A empresária agiu certo, segundo o educador financeiro Mauro Calil, gerente-geral do Instituto Nacional de Investidores. “A primeira regra é a organização conjunta”, diz. E quanto se deve guardar para despesas em comum e individuais? “O sensato é dividir proporcionalmente ao salário de cada um”, diz Calil. Se o cara ganha o dobro, a divisão deve ser em três. Ele paga dois terços do total e você o restante.

O primeiro passo é colocar na ponta do lápis as despesas do casal. “Se os dois têm um objetivo em comum, como uma viagem, é bom abrir uma poupança em conjunto”, diz Eduardo Coutinho, coordenador do curso de administração do Ibmec em Belo Horizonte. Nesse caso, também, a quantidade com que cada um deve colaborar segue a lei da proporção do salário. Feitos esses cálculos e estipulados os limites da individualidade no orçamento de cada um, ambos estão liberados para tirar férias conjugais financeiras (e, claro, ele não precisa saber quanto você gastou na bolsa que comprou com o seu dinheiro). “Quando duas pessoas decidem viver juntas, elas constroem uma vida e um patrimÔnio conjuntos”, diz Calil. E devem ser fiéis para sempre. Na riqueza e na pobreza…

* Os sobrenomes foram omitidos a pedido das entrevistadas.

Não é o que você está pensando!
É, sim. Esconder gastos, salário e usar a poupança conjunta também são formas de traição. É mais ou menos como:

A traição financeira –Esconder uma compra de valor pequeno
A traição sexual– Flertar com um estranho no bar

A traição financeira– Usar o dinheiro conjunto para fins individuais
A traição sexual– Beijar outro na balada

A traição financeira– Esconder uma compra de valor alto
A traição sexual– Mandar mensagens picantes para outras pessoas ao longo da semana

A traição financeira– Omitir uma conta bancária
A traição sexual– Transar com outras pessoas às vezes

A traição financeira– Mentir sobre quanto ganha
A traição sexual– Ter um caso

A traição financeira– Não contar sobre dívidas
A traição sexual– Ter outra família

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