O modelo alemão de ensino, que alia as aulas básicas com aprendizado técnico, está sendo estudado pelo Ministério da Educação (MEC) para ser implementado no Brasil em parceria com alguns institutos federais do país. Em Santa Catarina, o Instituto Federal (IFSC) seria um dos escolhidos para lançar o projeto piloto.
O sistema de educação alemão se diferencia do brasileiro no início da vida escolar do aluno. Após concluir os quatro primeiros anos do ensino fundamental, por volta dos 10 anos de idade, a criança escolhe um caminho: se dedica para entrar em uma universidade ou opta por uma formação técnica, o que não a impede depois de entrar na vida acadêmica.
Para quem escolhe o curso técnico, há na Alemanha um sistema chamado dual, que permite ao estudante ter a teoria em sala de aula e a prática em uma empresa parceira. É este modelo que o MEC quer trazer para o país.
Para conhecer de perto o sistema da Alemanha, uma comitiva brasileira esteve em Leipzig durante o WorldSkills 2013, uma competição internacional de educação profissional, realizado de 4 a 7 de julho. Ao detalhar o projeto, o diretor de Desenvolvimento da Rede Federa l de Educação Profissional e Tecnológica do ministério, Aléssio Trindade, explica que não se trata apenas da empresa abrir espaço para o aluno praticar ou estagiar.
— A empresa também irá formar o estudante, que será acompanhado por um instrutor vinculado à escola. Além de precisar repassar tarefas associadas ao conteúdo visto em sala de aula, as avaliações também precisam ser em conjunto com a instituição de ensino— explica Trindade.
O modelo está sendo estudado pelo MEC e passaria por algumas modificações no Brasil. A ideia é que seja oferecido para alunos de ensino médio integrado com o técnico e também para os que estão nos cursos tecnólogos, considerados superiores. Há ainda aspectos legais a serem adaptados, já que no Brasil o estudante menor de 18 anos pode atuar numa empresa somente como estagiário ou menor aprendiz. Nos dois casos, o vínculo não pode durar mais do que dois anos.
:: Projeto no IFSC é um dos mais avançados
De acordo com Trindade, o IFSC é um dos mais adiantados na discussão, principalmente pela ligação do Estado com a Alemanha, e tem as condições necessárias para lançar o projeto piloto em breve. Os institutos federais do Distrito Federal e do Ceará, e os Senais de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais também participam do projeto do MEC. Uma reunião será marcada para dar andamento nas discussões.
A reitora do IFSC, Maria Clara Kaschny Schneider, que integrou a comitiva do MEC em Leipzig, adianta que em Santa Catarina já foram feitas reuniões com empresas de Jaraguá do Sul e Joinville para estudar a possibilidade de implantar o projeto. Para ela, além de todas as questões legais, ainda é preciso cuidar para que haja aprendizado efetivo do aluno na empresa.
Ainda sem ter um prazo para lançamento do projeto piloto, Maria Clara conta que ainda neste ano deverá haver o desenho de um plano de ação. Até o momento, diz a reitora, poucos cursos deverão escolhidos para implantação do modelo.
— Queremos começar com menos cursos, porque acreditamos que este é um modelo muito bom para os alunos. Então, é preciso começar com bastante cuidado— observa.
A ida da comitiva do MEC à Alemanha ainda foi uma maneira de estudar a participação dos estudantes da rede federal de educação profissional no WorldSkills, incluindo os alunos do IFSC. Nesta última edição, a delegação brasileira tinha 41 competidores, todos dos Senai e do Senac, que disputaram provas em 37 profissões ligadas à indústria e ao comércio.
A ideia é que no próximo torneio internacional, que será realizado em São Paulo em agosto de 2015, estudantes dos institutos federais também participem. Para competir, os alunos que tenham formação técnica precisam passar por etapas estaduais e a nacional, chamada de Olimpíada do Conhecimento.
Essa possibilidade será levada ao Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e discutida entre os dirigentes da rede federal.
O diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi, afirma que há o maior interesse para que a rede federal participe da competição, mas faltam aos estudantes performance para alcançar os índices. Ele conta que já teve uma tentativa de uma escola técnica de SP, que não conseguiu ir adiante nas disputas.
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