Home Grito dos Excluídosas gritam: Alto lá, mídia golpista.

Grito dos Excluídosas gritam: Alto lá, mídia golpista.

Última atualização 28 de agosto de 2015 - 15:58:24
NÃo basta lamúria, é preciso mais açÃo. Por muito tempo somos dominados e temos nossos dias programados pelas mídias. Historicamente temos sido bombardeados com informações distorcidas da realidade. Canais televisivos, emissoras de rádio, revistas e jornais insistentemente programam o que vamos assistir, ouvir, ler, comer, vestir e nos dizem a amaneira como devemos viver. O celular nas mÃos de crianças, embora pareça divertido e interessante, também faz parte de uma estratégia de negócios poderosíssima. Uma grande indústria se move comercializando nossas culturas, interferindo nas decisões coletivas da humanidade, e nós, o que temos feito?
Assistir a tudo isso sem movimentar-se é um grande erro. NÃo falar de nossas lutas, ter medo de levantar uma bandeira, de expor o rosto nas ruas é sim uma falha. Enquanto a imprensa tradicional divulga qualquer que seja a açÃo realizada em benefício de seus sócios, o que nós fizemos? Nos escondemos? Precisamos falar de nós, contar para os outrosas que nós existimos, que nos movimentamos. Por isso que o Grito dos Excluídos e Excluídas deste ano traz como lema: “Que país é esse que mata gente, que a mídia mente e nos consome”, para que o povo desperte. Pensar dói muito, exige tempo, paciência, mas é preciso. Já vivemos muito tempo sobre a tortura da imprensa, é hora de darmos um basta.
A proposta de uma comunicaçÃo horizontal permeia o campo da comunicaçÃo comunitária, voltada à elaboraçÃo e execuçÃo de um Jornalismo alternativo, que leva em consideraçÃo a movimentaçÃo (espaço e pensamento) entre receptor e emissor. Ao contrário do que descreveu Aristóteles na “Arte da Retórica”, onde a comunicaçÃo é vista como estratégia para persuadir com o poder da fala, a escola Latino Americana surge para contrapor-se as teorias Norte Americanas, isto é, pensa a comunicaçÃo como ferramenta de transformaçÃo social que valoriza as vozes pouco ouvidas na sociedade atual ou historicamente excluídas do processo de comunicaçÃo.
Dentro do contexto de comunicaçÃo horizontal, entende-se que há um emissor e um receptor que trocam de lugar simultaneamente, interagindo, construindo de diferentes formas e com diferentes linguagens a comunicaçÃo. Foi assim também quando a comunicaçÃo vista pelo viés das Comunidades Eclesiais de Base (CEBS) ganhou uma nova vida dentro das comunidades, é assim também, que pensa-se na perspectiva da comunicaçÃo horizontal, uma construçÃo comunitária e alternativa que valoriza as especificidades humanas e as relações existentes entre comunicadores e receptores.
Os meios de comunicaçÃo de massa se mostram na história trabalhando um contexto de comunicaçÃo longe da realidade das comunidades. A perspectiva de inserçÃo de uma notícia que valorize a vida humana, o ser humano e as relações entre as “gentes” é pouca ou inexistente. Já uma comunicaçÃo diferenciada fundamenta-sena construçÃo de novas relações entre as pessoas e consequentemente traz de volta um processo de identificaçÃo cultural negado aos seres humanos historicamente, principalmente aos povos excluídos do Brasil, ao negro, ao ameríndio, ao caboclo.
Por isso, questiono: Até quando vamos discutir e defender que a comunicaçÃo, que a imprensa é o quarto poder? Até quando vamos acreditar que somos livres e que podemos expressar o que sentimos? E os efeitos? E os canais? E o sistema?A comunicaçÃo horizontal, está ligada ao diálogo, entre as massas empobrecidas, que surgiram como massa de manobra muito antes da ditadura, e continuam vivas há mais de 400 anos dentro de um Brasil escravo. Porém, ela nÃo poderá ser construída dentro de uma lógica mercantilista, onde as relações acontecem com a venda da força de trabalho e o lucro de um patrÃo, onde a comunicaçÃo se mantém como ferramenta que alimenta uns e explora outros.
Quando pensamos na comunicaçÃo horizontal, entÃo vemos uma perspectiva coletiva de transformar a realidade com uma comunicaçÃo que nos permita entrar no seu contexto e construir novas formas, sem obedecer padrões americanos que nem mesmo conhecemos ou sabemos o real significado. Precisamos unificar as bandeiras para que se efetive o sonho de uma comunicaçÃo em movimento, enraizada nas vozes gritantes das gentes do Brasil e do Mundo que querem falar, ouvir e construir novas linguagens. Ao sairmos para as ruas neste sete de setembro, contrariando a “pátria nossa”, queremos também anunciar que nós, povo organizado, temos voz e podemos sim criar outras formas de comunicar, possibilitando o diálogo das ‘diferenças’. Anunciamos também a nossa defesa a radicalizaçÃo desse sistema midiático que tanto fere a classe trabalhadora.
Por fim, ao contrariar a pátria que nos querem fazer amar, levantamos nosso punho para dizer o que o guerreiro Sepé Tiaraju repetia por diversas vezes: “Alto lá! Esta terra tem dono”, e nÃo sÃo esses a quem a sociedade tanto idolatra, a quem a mídia conclama. “Uni-vos”! Até breve.




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