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Grêmio reúne lideranças políticas para resolver impasse entre clube e OAS

Última atualização 26 de março de 2013 - 08:51:01

Os três últimos presidentes do Grêmio se reúnemnesta terça-feiraem busca de uma solução para o impasse criado no contrato entre o clube e a OAS para a construção do novo estádio. O nó a ser desatado é o que trata dos R$ 41 milhões gastos anualmente para acomodar os associados

Por décadas, quando mergulhava em crises institucionais, o Grêmio buscava a solução junto aos seus cardeais, definição dada ao colegiado formado por dirigentes eméritos.

Uma solução nos mesmos moldes será buscada, para reduzir o impasse criado com a empreiteira OAS em torno do contrato da Arena.

Umalmoço, no Olímpico, reunirá o presidente Fábio Koff e seus antecessores no cargo, Paulo Odone e Duda Kroeff. Também participará o mentor do encontro, o presidente do Conselho Deliberativo, Raul Régis de Freitas Lima (veja ao lado as ideias de cada um).

A paz, contudo, só será possível se Koff não levar em conta a posição de dois de seus vice-presidentes. Um deles, Nestor Hein, considerou “uma afronta” a entrevista concedidanesta segunda-feirapor Odone. Renato Moreira também diz que foi afrontoso o fato de o ex-presidente ocupar uma sala do Conselho “para criticar a atual gestão”.

O ponto de partida é encontrar uma solução para o que a atual direção define como um buraco nas finanças. O Grêmio considera exagerado o repasse anual de R$ 41 milhões à Arena Porto-Alegrense em troca da acomodação de seus associados nos dias de jogos. Tanto que contratou os serviços de uma auditoria para analisar o contrato e alterar algumas cláusulas.

Odone reconhece a dificuldade financeira, mas destaca que o Grêmio também aumentou seu faturamento. Pelas suas contas, são R$ 75 milhões, representados pelos R$ 66 milhões de faturamento do Quadro Social e R$ 9 milhões pagos por ano pela Arena Porto-Alegrense. Pela versão do clube, a receita do Quadro Social é de R$ 55 milhões.

– O Grêmio não está indo para o buraco financeiro. Manteve a mesma arrecadação do Olímpico. Só terá dificuldades financeiras se quiser gastar acima de sua possibilidade orçamentária – entende Odone.

Para Raul Régis, o contrato é bom, “mas pode ser melhorado”.

Fábio Koff
Presidente do Grêmio

Fábio Koff irá à reunião de hoje com o objetivo de despolitizar a discussão do contrato entre Grêmio e OAS na construção da Arena. Mesmo que o presidente evite manifestações, é consenso entre seus seguidores que as recentes entrevistas do ex-presidente Paulo Odone (principalmente a de ontem, na sala do Conselho) foram uma tentativa de criar um “terceiro turno eleitoral”.

Por conta disso, a estratégia de montar uma comissão para rediscutir os termos da parceria junto à construtora estabelecerá uma conversa em alto nível. Para Koff, trazer Odone à mesa de negociações significa uma aproximação com a OAS. Afinal, o ex-presidente tem experiência de sobra em lidar com a construtora baiana.

– Esperamos que ele possa nos ajudar. Como tem um relacionamento muito bom com a OAS, pode ser útil para melhorar o contrato – considera Renato Moreira, membro do conselho de administração de Koff.

Paulo Odone
Ex-presidente do Grêmio (2011/2012)

Longe dos holofotes desde a inauguração da Arena, Paulo Odone volta à cena para articular um entendimento entre Grêmio e OAS. Segundo o ex-presidente, a discussão pública dos problemas provoca “desilusão nos torcedores”. O risco, avalia, é uma queda no faturamento:

– O Grêmio dará um grande salto se valorizar a Arena. Enquanto não resolver sua relação com a OAS, teremos problemas – diz.

Como quem abre portas para um entendimento, Odone isenta Fábio Koff das críticas mais contundentes. Atribui a crise à “periferia”. E cita o assessor de futebol Marcos Chitolina:

– Ele (Chitolina) disse que a pré-temporada foi curta por uma antecipação da inauguração da Arena. E não houve isso.

O ex-presidente fala sobre o alto investimento da atual gestão no futebol, cuja folha salarial mensal beira os R$ 11 milhões. Saúda a ambição pela Libertadores, mas alerta: o clube não pode extrapolar seu limite orçamentário.

Duda Kroeff

Ex-presidente do Grêmio (2009/2010)

A exposição do logotipo da OAS em um espaço nobre da camisa do Grêmio em troca do abatimento dos R$ 41 milhões anuais cobrados pelo espaço dos associados na Arena. Esta é a sugestão que o ex-presidente Duda Kroeff levará para o encontro de hoje. Preocupado com as divergências entre clube e empreiteira, Duda antecipou a ideia no sábado a Koff e Raul Régis, durante a partida contra o Caxias:

– Talvez a solução seja apresentar algum produto novo, que baixe estes valores. Quem sabe a gente bota o nome da OAS na camisa?.

O contrato com a OAS foi assinado no último dia da gestão de Odone (19/12/2008), que voltaria ao clube em 2011. Duda, que assumiria no dia seguinte, serviu de testemunha. Ele esclarece que não teve nenhum aditivo em seu mandato. O único gasto foi com a contratação do arquiteto Carlos de La Corte para fiscalizar a construção:

– As coisas vão se ajeitar. A OAS sempre foi uma boa parceira.

Raul Régis de Freitas Lima

Presidente do Conselho Deliberativo

Raul Régis de Freitas Lima confia em uma rápida solução para o impasse entre o Grêmio e a OAS. O presidente do Conselho Deliberativo acredita que o lucro do Grêmio irá aumentar quando todo o potencial financeiro da Arena for explorado, o que passa pela locação dos espaços do novo estádio.

– É preciso haver diálogo, um depende do outro – diz Raul Régis.

Amigo de Koff e Odone, ele torce para um entendimento entre os dois. Em dezembro, durante o período de transição de gestões, o presidente do Conselho havia promovido um encontro no Olímpico.

O almoço com Koff, Odone e Duda não será sua única atividade hoje. À noite, Raul Régis comandará a reunião em que serão apreciadas as contas da gestão 2012 do ex-presidente Paulo Odone.

– A questão Arena não será discutida na reunião do Conselho Deliberativo. Em abril, haverá um encontro para tratar exclusivamente do contrato – informa.

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