Uma frente vai avançar pelo Sul do Brasil entre quarta-feira
(26) e quinta-feira (27), rompendo o persistente bloqueio atmosférico e, após
duas semanas de temperatura muito acima do normal, estourará a bolha de calor.
A temperatura despencará em relação ao que vem se registrando e se iniciará uma
sequência de dias de marcas mais agradáveis e perto dos padrões históricos
médios desta época do ano.
Esta massa de ar frio vai derrubar as máximas à tarde entre
10ºC e 15ºC em relação ao que vem se registrando e as noites terão mínimas 5ºC
a 8ºC mais baixas que as registradas nestes dias da onda de calor. O
desconforto térmico vai cessar e condições agradáveis devem predominar por
alguns dias após a passagem da frente fria e o ingresso do ar mais ameno.
No Oeste do Sul do Brasil, onde têm sido registradas as
máximas mais altas com valores até superiores a 44ºC em estações automáticas
particulares, a influência da massa de ar frio será menor pela trajetória
marítima do ar mais ameno. Em Florianópolis, o calorão vai até o começo da
quinta, antes da chuva da frente fria, na sexta e no fim de semana a
temperatura estará agradável.
Mesmo assim se espera uma queda notável da temperatura. A
semana deve terminar com máximas em torno de 30ºC a 33ºC em cidades que
repetidamente estão registrando há vários dias 41ºC a 44ºC.
NOITES MUITO MAIS
AGRADÁVEIS
Embora massas de ar frio nesta época do ano não tragam frio
propriamente dito para a grande maioria dos municípios, noites bastante agradáveis
são esperadas. No fim de semana, alguns locais (baixadas) dos Aparados da Serra
e do Planalto Sul Catarinense podem anotar mínimas de um dígito, portanto
abaixo de 10ºC.
O ESTOURO DA BOLHA DE
CALOR
É preciso um sistema atmosférico de mesoescala mais vigoroso
como uma frente fria para que se estoure uma bolha de calor com a potência como
a que cobre o Centro da América do Sul há duas semanas, o que traz uma onda de
calor extremamente forte e prolongada com múltiplos recordes históricos. É o
que vai ocorrer com esta frente fria impulsionada por uma massa de ar frio.
A bolha de calor, assim, vai estourar. Mas o que é uma bolha
de calor? O verão significa clima quente
– às vezes perigosamente quente – e ondas de calor extremas se tornaram mais
frequentes nas últimas décadas por conta das mudanças climáticas. Às vezes, o
calor escaldante fica aprisionado no que é chamado de cúpula de calor.
Áreas de alta pressão, como cúpulas de calor, têm ar
descendente. Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna
de ar. Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão
permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente
por baixo assim como uma tampa em uma panela.
É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar
quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta
pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu
redor.
À medida que o sistema de alta pressão se instala em
determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de
nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens
aquece ainda mais o solo.
Em meio a condições de seca, como o Sul do Brasil e países
vizinhos hoje enfrentam, o ciclo vicioso não termina aí. A combinação de calor
excessivo e superfície terrestre ressecada funciona para tornar a onda de calor
ainda mais extrema. É o que os cientistas denominam de mecanismo de feedback.
Com escassa umidade
no solo, a energia térmica que normalmente seria usada na evaporação – um
processo de resfriamento – aquece diretamente o ar e o solo. Quando a
superfície da terra está mais seca, assim, ela não consegue se resfriar por
evaporação, o que torna a superfície ainda mais quente, o que fortalece ainda
mais o bloqueio da cúpula de calor.
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