Home “Foi só uma trégua, a guerra não acabou”, afirma motorista após fim da greve

“Foi só uma trégua, a guerra não acabou”, afirma motorista após fim da greve

Última atualização 6 de março de 2015 - 08:58:10

A greve dos motoristas encerrou na manhã de terça-feira, dia 3, na região do Extremo-oeste. Após quase 15 dias de manifestações, o movimento encerrou com ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), com apoio das polícias Civil e Militar. Ainda na noite de segunda-feira o movimento já havia enfraquecido em São Miguel do Oeste, quando a Justiça concedeu liminar exigindo a retirada dos caminhões estacionados no Parque da Faismo.

Um efetivo de mais de 200 policiais participou da ação, realizada de forma ordeira e pacífica. Com a chegada dos policiais, o trãnsito foi liberado por completo e os caminhões seguiram viagem. Além de São Miguel do Oeste, a ação policial desbloqueou as rodovias federais em outros pontos no Extremo-oeste, casos de Maravilha, São José do Cedro e Guaraciaba, últimos pontos a registrar manifestações no Estado.

Conforme o inspetor da PRF, Guido Marcelo Mayol, a ação da PRF foi desempenhada para garantir que muitos caminhoneiros mantidos no movimento contra vontade pudessem seguir viagem com segurança. Ele revelou também que o movimento pode seguir, mas sem bloqueio de rodovias, e sem estacionamento de veículos em canteiros ou outros espaços de circulação. Além de dispersar o movimento, a PRF mantém por tempo indeterminado efetivo permanente nos pontos onde havia bloqueios.

No final da manhã de terça-feira, em uma coletiva, um dos líderes do movimento, Vilmar Bonora, afirmou que a paralisação foi apenas uma trégua e prometeu novos manifestos. “Que isso sirva de exemplo. Isso foi só uma trégua, a guerra não acabou! Que o governo tome de recado que o povo tem força e a batalha vai continuar. Isso é só uma trégua porque não queremos sacrificar a população, deixando faltar alimento, fazendo ela sofrer por culpa do governo, que são todos corruptos”, desabafa.

Bonora acredita que apesar dos caminhoneiros não terem a pauta toda atendida, um grande objetivo foi alcançado, pois serviu para mostrar o descontentamento da população com o governo. Outro líder do movimento, Junior Bonora, comentou o desfecho do movimento com a vinda de forças policiais. Ele classificou a medida como vergonhosa por parte do governo. Segundo ele, mais uma vez o governo usa as forças policiais para calar a vontade do povo. “Infelizmente, mais uma vez a vontade política se sobressaiu a vontade do povo”, criticou.

Reivindicações atendidas


Após o fim da greve, algumas reivindicações dos caminhoneiros foram atendidas. Uma delas foi a presidente da República, Dilma Rousseff, sancionar sem vetos a lei do caminhoneiro, que fixa jornada de trabalho dos profissionais e permite que veículos vazios não paguem pedágio. O governo prometeu também conceder carência de 12 meses nos empréstimos pró-caminhoneiro e do Finame, do BNDES, feitos pelos caminhoneiros para aquisição de veículos. A Cãmara dos Deputados também criou uma Comissão Externa de acompanhamento das negociações entre Governo Federal e caminhoneiros. A Comissão é um órgão temporário da Cãmara dos Deputados e tem fim específico.

Em Brasília, o governador Raimundo Colombo entregou reivindicações do setor de transporte de cargas para o governo federal, durante audiência com o secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto. “Eu assumi um compromisso com os líderes do movimento dos caminhoneiros de trazer o pleito que me foi apresentado. E decidi fazer isso pessoalmente. Desde o início do movimento, conversei muito com o ministro Miguel Rosseto e estamos trabalhando para ajudar no máximo que pudermos”, afirmou Colombo após entregar o documento.

Na próxima semana, deverá ser realizada uma nova reunião em Brasília entre representantes do governo federal e do movimento dos caminhoneiros. Entre as reivindicações apresentadas pela categoria estão questões como a redução do preço do diesel, que tem um peso significativo no custo do frete. “Trata-se de setor de qualidade que ajuda bastante o Brasil e está enfrentando sérias dificuldades, com um custo de trabalho muito grande. É preciso buscar alternativas para tentar evoluir e dar segurança para essa categoria. Como Governo do Estado, vamos também procurar as empresas de Santa Catarina para ajudar a buscar uma fórmula que melhore essa situação e essa relação”, acrescentou Colombo.

Sindicalistas acreditam que movimento mostrou descontentamento do povo


Juntamente com os caminhoneiros, os agricultores também participaram da manifestação. Em entrevista coletiva na terça-feira, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Miguel do Oeste, Joel de Moura, reconheceu que houve prejuízo com a greve, o retorno não foi o esperado, mas acredita que o movimento serviu para mostrar a insatisfação do povo com o governo. “Claro que tem prejuízos e descontentamentos, mas era a única forma de demonstrar nosso descontentamento”, afirma.

Segundo Joel, toda a paralisação traz prejuízos, não apenas para os agricultores, mas para toda a sociedade. “Nosso agricultor vai ter dificuldades, a crise vai vir. Mas ele tem que ter o entendimento que além do último aumento dos combustíveis que tivemos, há poucos dias um saco de adubo custava R$ 68,00 e agora está em R$ 90,00. Ele tem que fazer toda essa análise do futuro, não apenas do que ele está perdendo agora. O que o agricultor perdeu nos últimos meses é bem maior do que o perdido agora”, argumenta. “Logo mais vão estar pedindo para fazer mais mobilizações, porque a próxima safra, com a política que aí está, está comprometida”, conclui.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São Miguel do Oeste, Adair Teixeira, também entende que o principal prejudicado com a greve foram os agricultores, principalmente o setor leiteiro. Porém, ele entende que o manifesto foi válido por ter apresentado a indignação do povo com todos os fatos de corrupção que têm acontecido no País.

Ameosc faz assembleia com prefeitos e discute desfecho da greve


REGIÃO

Na manhã de quarta-feira, dia 4, a Associação de Municípios do Extremo-oeste de Santa Catarina (Ameosc), convocou uma assembleia extraordinária para avaliar os encaminhamentos da Greve dos caminhoneiros e possível decretação de situação de emergência em função dos impactos econÔmicos e sociais provocados pela paralisação.

Segundo Scherer, os prefeitos presentes avaliaram positivamente a participação e apoio que a Ameosc vem realizando em favor do Movimento e destacam a importãncia da pauta de reivindicação e as conquistas já alcançadas. Por outro lado, demonstram preocupação com os impactos econÔmicos na atividade da agropecuária e comercio e indústria, bem como no movimento econÔmico dos municípios devido as paralisações.

Os prefeitos deliberaram que nos próximos dias serão encaminhados mais documentos e apresentação de pautas ao governo do estado e Governo Federal para auxiliar a atividade da agricultura, especialmente a produção do leite que vem sofrendo constantes quedas no preço do produto, principalmente em função da imagem que foi criada em relação ao leite produzido em Santa Catarina,

Sobre a situação de emergência, foi deliberado pela não decretação, pois é preciso um laudo econÔmico e social que justifique detalhadamente todos os impactos para serem reconhecidos pela Defesa Civil Estadual e nacional, o qual momentaneamente não preenche todos os requisitos exigidos, por mais que na visão da entidade os prejuízos sejam enormes.

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