Nesta entrevista exclusiva ao colunista Moacir Pereira, o senador peemedebista Luiz Henrique da Silveira fala sobre a proposta de ampliar a aliança política para garantir a reeleição do governador Raimundo Colombo (PSD) em Santa Catarina e mais um mandato para a presidente Dilma Rousseff (PT) no Palácio do Planalto. A estratégia inclui PP e PT. 
Diário Catarinense— O PMDB terá convenção estadual no dia 29 de junho, com dois candidatos: Eduardo Moreira e Mauro Mariani. O senhor apoia quem?
Luiz Henrique da Silveira—Estou com o consenso. E tenho certeza que ambos realizarão os entendimentos para produzir este consenso. Até porque os companheiros do PMDB não querem se submeter ao constrangimento de ter que se submeter a uma chapa ou outra. Sinto que vamos ter um acordo político.
DC— O senhor tem uma fórmula para este acordo?
Luiz Henrique—Ficar rouco de tanto ouvir.
DC— Alguma ideia sobre a composição ideal?
Luiz Henrique —Esta questão vai ser encaminhada pelos dois candidatos. Senti na última reunião que ambos estão com ãnimos de concordãncia e não de divergência. Tenho certeza de que este processo vai evoluir positivamente.
DC — O senhor continua com intensa atividade em Brasília e Santa Catarina. O senhor poderá concorrer ao governo em 2014?
Luiz Henrique—Isto é totalmente impossível. É ilusório. Já disse e repito: não sou mais candidato. Lembre-se que eu dizia três anos antes, no primeiro governo, que, se fosse candidato à reeleição renunciaria ao mandato para disputar em igualdade de condições com meus concorrentes. E foi o que aconteceu. O que falei, ninguém precisa me perguntar duas vezes. Quando falo, cumpro efetivamente.
DC— Mesmo que a base do PMDB o pressione em 2014 o senhor descarta a possibilidade?
Luiz Henrique —O meu último mandato eletivo é este de senador.
DC— O senhor acha que para facilitar a proposta de ampla aliança em 2014, Raimundo Colombo deveria renunciar também, seguindo seu exemplo?
Luiz Henrique —É uma avaliação que o governador vai fazer no momento adequado. O fato de eu ter renunciado para concorrer não deve ser olhado como padrão de comportamento. Cada um tem sua visão e sua circunstãncia.
DC— O senhor está defendendo uma ampliação da tríplice aliança com a participação do PT e do PP em 2014. Por quê?
Luiz Henrique —Sobre 2014 temos que olhar a floresta e não a árvore. Quais são os ponderáveis? Primeiro, temos uma aliança nacional do PMDB com o PT. O PMDB vai manter na vice presidência o seu presidente Michel Temer. Segundo: a presidente Dilma enfrentará um candidato do Nordeste e um de Minas. Não são candidatos desprezíveis, são fortes. Nesse sentido, partir de uma derrota de 500 mil votos em Santa Catarina, como no segundo turno da última eleição, para uma vitória de, no mínimo 500 mil, é absolutamente estratégico para a reeleição. As lideranças da base de Colombo e de Dilma deveriam ponderar para suas decisões partidárias em 2014. Seria uma solução natural estas forças estarem juntas, seja para reeleger Colombo, seja para reeleger Dilma. É normal, natural.
DC — E o futuro do PMDB no Estado?
Luiz Henrique —O PMDB é governo. Quando fizemos entendimento para eleger Colombo já o fizemos dentro das regras eleitorais da reeleição. Portanto, o apoio ao governador é algo decorrente do entendimento feito há três anos. Por outro lado, somos governo. O vice-governador é do PMDB, e ocupamos o governo desde o primeiro mês do meu primeiro governo. Uma candidatura própria teria efeito ético e impositivo, se desembarcarmos do governo. Centenas de companheiros que estão servindo ao governador teriam que desembargar. E não vejo isso como operação viável. O natural é apoiarmos a reeleição do governador, apresentarmos de novo o vice. E já que Colombo está governando com o PMDB, com o PP e outras forças, nada mais natural que todos estejam no projeto. Quanto ao PT, o PMDB integra a base do governo Dilma. Assim, o PT ocupando a vaga do Senado teria espaço importante para reaglutinar as forças que já teve quando Fritsch, na primeira disputa, quase chegou ao segundo turno. Mas é uma avaliação que o PT tem que fazer. O PMDB está no projeto de reeleição da presidente. Se o PT priorizar também, seria natural e estratégico para o partido estar junto neste projeto de SC.
DC— E onde ficaria neste chapão o PP, já que o PSD teria o governador, o PMDB a vice e o PT o candidato ao Senado?
Luiz Henrique—O PP tem todo direito de reivindicar espaços na majoritária. Esta formulação que fiz não pretende excluir o PP. Ao contrário. Trata-se de uma acomodação de partidos que integram o binÔmio Presidência-governo do Estado. O PP poderia figurar nesta coligação _ decisão que cabe ao PP tomar _ ocupando a primeira suplência do Senado e integrando forte nominata para deputado federal e estadual.
DC — Durante o seu governo, o senhor recebeu forte oposição do PT e do PP. Agora, defende os dois partidos na grande aliança? Por quê a mudança?
Luiz Henrique—Não há mudança. Simplesmente não faço política com o fígado. Já disse que “quem olha para trás vira mulher de Ló, estátua de sal”. Temos que fazer política olhando para a frente. O que priorizo? O governador Colombo tem projetos que precisam de continuidade. Santa Catarina será outra após os oito anos do governo Colombo. Por isso, priorizo a união. Não tem interesse pessoal. Não vou disputar mais eleição. Meu grande interesse é ver Santa Catarina atingir estágio de primeiro mundo.
DC— O Sinte decidiu requerer a extinção das secretarias regionais, criada em seu governo. Qual sua posição?
Luiz Henrique—É uma proposta cega. Os países desenvolvidos— Alemanha na frente da Europa, EUA à frente do mundo— têm estruturas semelhantes. Governo centralizado é ineficiente. É uma visão de atraso. A descentralização promoveu a democratização. Decisões na base são mais acertadas. Esta decisão é lamentável, ainda mais partindo de uma representação de professores.
DC— O que o senhor tem a dizer sobre as heranças pesadas recebidas pelo governador Colombo na educação e na saúde?
Luiz Henrique—Quando deixei o governo, a Associação Catarinense de Medicina se posicionou com cumprimentos pelo alto desempenho na área da saúde. Reduziu-se a mortalidade infantil. A expectativa de vida aumentou. Santa Catarina tem o mais alto nível de escolarização, as melhores notas do Ideb.
DC— O senhor teme alguma crise grave na economia por equívocos do governo Dilma? Luiz Henrique—A economia é sempre imponderável. Mas não acredito que vá ocorrer descarrilhamento da economia brasileira. Pela análise macroeconÔmica, creio que a inflação será controlada. O Brasil não vai voltar a crescer 7%, mas ficará em 3% a 4%. Não imagino que ocorram problemas econÔmicos que alterem a popularidade da presidente Dilma.
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