Florianópolis sedia nesta terça e quarta-feira (24 e 25) a terceira edição do Encontro de Segurança do Transporte Rodoviário de Cargas Sudeste-Sul. O evento reúne autoridades do setor de diversos estados, entre poder público, polícias, e iniciativa privada. A organização e promoção é da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc).
O objetivo principal é discutir meios para combater o roubo de cargas. Segundo o inspetor da Polícia Rodoviária Federal em Santa Catarina, Adriano Fiamoncini, é um trabalho difícil, mas que vem mostrando resultados. O número de casos registrados no Estado caiu de maneira importante nos últimos meses.
Ele aponta que o sucesso vem de ações de inteligência e integração. Um dos fatores é a aproximação entre as forças de segurança do Estado, entre si e com a sociedade civil. “Elas [as quadrilhas] sabem onde estão as cargas valiosas, que horas serão carregadas, que horas saem do pátio e que rotas vão fazer. Como elas sabem isso? Por inteligência. Então o Estado precisa de contrainteligência”, afirmou.
Com a medida, é possível reduzir ainda mais o número de casos. Entre as ações necessárias estão evitar o vazamento de informações sigilosas sobre transportes, presença ostensiva da polícia em rodovias, depósitos e portos, e investigação do destino das cargas roubadas para combater o crime de receptação.
Mais controle
Durante o evento, o coordenador de gestão de dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Welton Rodrigo Torres Nascimento, explicou a iniciativa do governo federal em concentrar dados de maneira ampla. “É um projeto novo que iniciou este ano e busca integrar dados de segurança pública de todos os estados numa plataforma inteligente”, afirmou.
Na prática, o sistema permite que as informações tenham maior intercâmbio e facilitem o trabalho do poder público. Segundo Welton, este modelo foi aplicado no Ceará e resultou na redução de 50% dos casos. Em quatro anos, o programa deve ganhar eficiência com adição de inteligência artificial.
O objetivo é expandir a ideia para todo o país. Até agora, apenas oito estados estão integrados e falta a parte burocrática para a inclusão dos demais. Santa Catarina está de fora, mas deve entrar em breve, segundo ele.
O sistema funciona com informações de boletins de ocorrência, câmeras de videomonitoramento, câmeras OCR (identificação de placas), localização de presos com tornozeleira eletrônica, entre outros dados. O cruzamento permite identificar padrões e desenhar mapas de calor.
Preferência por eletrônicos
Segundo Fiamoncini, a preferência dos bandidos é por cargas de produtos eletrônicos, como celulares, e também eletrodomésticos. “Mas qualquer carga valiosa no Brasil, pelo mercado negro, tudo pode ser negociado. Quanto maior o valor, mais atraente”, disse.
Além disso, a PRF identificou também o roubo de materiais plásticos, produtos químicos, insumos que não tem como destino final o consumidor comum. “Eles tentam vender para empresários sem ética oferecendo a um preço muito mais baratos. Eles sabem para quem oferecer. Os criminosos são muito bem informados”, alertou.
“Nós temos quadrilhas em Santa Catarina, mas as mais perigosas, as mais violentas, ficam fora. Geralmente eixo Rio-São Paulo e às vezes estão ligadas a essas grande facções criminosas”.
Nova viatura
No primeiro dia de evento, o presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, entregou para a Divisão Especializada em Roubo de Carga da Polícia Civil de Santa Catarina um automóvel 0 km para ser usado como viatura. A Federação já havia contribuído com o poder público em anos anteriores com veículos, aluguéis de automóveis e celulares. Quem recebeu as chaves da nova viatura foi o delegado-geral Paulo Koerich.
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