Anunciado em Brasília pela presidente Dilma Rousseff (PT), o programa Mais Médicos foi recebido com críticas pelas três instituições médicas de Santa Catarina.
Obrigatoriedade de os estudantes de Medicina trabalharem ao fim do curso dois anos nos Sistema Único de Saúde em unidades da periferia das grandes cidades e também no interior dos estados a partir de 2015 é criticada por entidades catarinenses
A proposta é de que os alunos que ingressarem nos cursos de medicina públicos ou privados a partir de 2015 tenham de atuar por dois anos no SUS para receber o diploma, o que na prática aumenta o tempo de graduação de seis para oito anos, sem contar a residência.
– O programa é demagógico e eleitoreiro. A solução não é obrigar o médico a trabalhar mais, até porque não falta profissional, falta condição de trabalho, dinheiro e gestão – diz o presidente da presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM), Aguinel Bastian Júnior.
Os estudantes irão trabalhar na atenção básica e nos serviços de urgência e emergência da rede pública, vão receber uma remuneração do governo federal (a expectativa é de que seja entre R$ 3 mil a R$ 8 mil mensais) e terão autorização temporária para exercer a medicina, além de continuarem vinculados às universidades.
Os profissionais que atuarem na orientação desses médicos também receberão complemento salarial. Os últimos dois anos do curso, de atuação no SUS, poderão contar para residência médica ou como pós-graduação, caso o médico escolha se especializar em uma área de atenção básica. Com a mudança nos currículos, a estimativa é a entrada de 20,5 mil médicos na atenção básica.
Para o Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (Simesc), o programa é um afronta à categoria e não resolve os problemas. O presidente Cyro Soncini observa que qualquer iniciativa do governo federal tem de passar por investimentos em saúde e por melhores condições de trabalho dos médicos.
– Nossa presidente não ouve ninguém e não ouve quem entende das áreas específicas – diz Soncini.
O programa também é visto com ressalvas pelo Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (Cremesc). Na avaliação do presidente Vicente Pacheco, a medida por si só não basta para aumentar o número de médicos no SUS – e levar assistência à população – ou mesmo garantir a ida de profissionais para o interior do Brasil. O entendimento do Cremesc é de que, paralelamente a qualquer ação voltada aos médicos,é necessário investir na construção de novos hospitais, aparelhamento e compra de medicamentos.
– A gente quer acreditar (nas medidas do governo), mas do jeito que está, sem um plano paralelo de investimento, é dar tiro na água – fala Vicente Pacheco.
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