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Entenda por que fogos de artifício assustam cachorros e gatos

Última atualização 31 de dezembro de 2021 - 10:59:48

Toda virada de ano a história se repete: donos de cães e
gatos divulgam, em cartazes nas ruas ou postagens nas redes sociais, a fuga de
seus bichinhos de estimação, que sumiram assustados durante a queima de fogos
no réveillon. O problema é tão grave que motivou a proibição de fogos de
artifício com som alto em cidades como São Paulo, Cuiabá, Campo Grande,
Curitiba e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal. A medida beneficia não só
animais, mas também idosos, autistas, bebês e enfermos. 

Os cães têm a capacidade auditiva maior que a dos humanos e,
para eles, barulhos acima de 60 decibéis, que equivale a uma conversa em tom
alto, podem causar estresse físico e psicológico, segundo o Conselho Federal de
Medicina Veterinária (CFMV). O ouvido canino é capaz de perceber uma frequência
maior de sons, se comparado a humanos, e podem detectar sons quatro vezes mais
distantes. Por esse motivo, a queima de fogos com barulho, em comemorações como
o réveillon, torna-se um momento de desespero para os animais, silvestres e
domésticos.

 “Esse é um problema seríssimo”, diz o médico-veterinário
Daniel Prates, proprietário de uma clínica no Distrito Federal. “Já atendi um
cão que atravessou uma vidraça [durante a queima de fogos]. Chegou aqui cheio
de cacos de vidro enfiados na região de rosto, peito e pescoço. Por sorte não
cortou a jugular ou entrou vidro nos olhos. Também atendi o caso de um cão que
morreu de infarto”, conta.

 Além disso, Prates adverte sobre os riscos de fuga do animal
e de acidentes. “Já recebemos um cachorro que saiu pelo portão assustado,
atravessou a rua e o carro pegou”. Ele recomenda aos donos de animais muito
sensíveis uma atenção especial na hora da queima de fogos. “Aconselho deixá-los
à vontade perto dos donos, que é onde eles se sentem mais seguros. Se forem
presos sozinhos ou deixados do lado de fora da casa pode ocorrer acidentes
horríveis”.

 Segundo a médica-veterinária Kellen Oliveira, presidente da
Comissão de Bem-Estar Animal do CFMV, muitos filhotes acabam sofrendo um “erro
de sociabilização”, que precisa ocorrer no período entre 21 a 90 dias de vida
dos cães e gatos, e desenvolvem fobias, sobretudo a sons altos como fogos de artifício
e trovoadas.

 “Para isso, alguns animais devem passar por um processo de
dessensibilização ou contracondicionamento. E muitos que infelizmente não
passam por esse processo podem vir a óbito por vários motivos. Aos tutores que
sabem que seus animais têm fobia a ruídos a gente pede uma atenção especial
agora no final do ano”, orienta.

 Dicas

Mesmo com leis municipais proibindo fogos com estampido
(sons de tiro), eles ainda podem ser ouvidos em grandes comemorações ou dias de
final de campeonato de futebol. Por isso, é importante que as pessoas tomem
algumas providências para atenuar o impacto do barulho excessivo nos seus
bichinhos de estimação. “Nesse momento não dá para fazer uma dessensibilização,
mas a gente tem outras técnicas que podem ser utilizadas que amenizam o
sofrimento dos animais”, lembra Kellen Oliveira. O CNMV oferece algumas dicas
importantes.

 Primeiro, é importante manter o animal identificado, com
plaquinha na coleira contendo número de telefone e e-mail. Em caso de fuga do
bichinho, a chance de recuperá-lo é maior.

 Outra dica está na preparação de um ambiente acolhedor para
o animal. “Prepare o ambiente e acostume seu animal a um espaço fechado, que
abafe o som dos fogos. Pode ser um quarto, a lavanderia ou a garagem. Não deixe
seu pet em sacadas, perto de piscinas ou em correntes”, aconselha a entidade.
Vale lembrar que os pássaros criados em gaiolas também devem ser protegidos.

 Esse espaço deve conter “tocas”, como espaços debaixo da
cama ou caixas de transporte. Essas tocas devem ter objetos com o cheiro do
dono, principalmente se os donos forem passar a virada do ano longe de seus
animais. Os gatos, por sua vez, gostam de se esconder em lugares altos, como no
alto de armários ou prateleiras. 

Outra dica do CNMV é não deixar comida à vontade para seu
animalzinho. Se você alimenta seu cão duas vezes por dia, o alimente pela manhã
normalmente e prepare brinquedos recheáveis com as comidas preferidas dele para
fornecer próximo da hora de maior intensidade dos fogos. Ossos naturais bem
grandes, para evitar engasgamentos, podem ser opções. O objetivo é ele estar
motivado a se entreter com os brinquedos e ficar menos preocupado com o
barulho.

 Caso seu animalzinho fique muito estressado, desesperado e
tenha convulsões ou tente fugir por portas e janelas, uma alternativa é usar
medicamentos calmantes. Converse com um veterinário a respeito. O importante é
chegar em 2022 com seus bichinhos de estimação seguros e acolhidos.

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