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Empréstimos e dívidas no cartão são os principais vilões da inadimplência, revela SPC Brasil

Última atualização 3 de setembro de 2015 - 11:33:54
Um estudo realizado em todas as capitais pelo Serviço de ProteçÃo ao Crédito (SPC Brasil) e pela ConfederaçÃo Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que as dívidas bancárias sÃo as principais causadoras da inadimplência dos brasileiros. Sete em cada dez (76%) consumidores inadimplentes que tomaram empréstimos em bancos e financeiras disseram estar com o nome sujo por causa de atrasos no pagamento dessas dívidas. O percentual é inclusive maior do que os 68% apurados em 2014. Os cartões de loja (75%) e os cartões de crédito (74%) vêm em seguida como as modalidades de crédito que mais geraram a inadimplência dos consumidores.


De acordo com o levantamento, neste ano, uma proporçÃo maior de usuário de cartões afirmou estar inadimplente por causa de atrasos na fatura do cartÃo de loja e do cartÃo de crédito. Em 2014, os percentuais eram de 65% e 66%, respectivamente. O cheque especial também é destaque como um dos vilões da inadimplência: dos consumidores inadimplentes que possuem esta dívida, 67% atribuem a ele o fato de terem ficado com o nome sujo – no ano passado o índice era de 43%. Já as parcelas a pagar em cheques pré-datados, boletos e carnês foram os causadores da inadimplência para 59% dos consumidores entrevistados em 2015.


“Neste momento de crise é importante que os consumidores tenham alguns cuidados na hora de adquirir novas dívidas. Em especial se as dívidas sÃo no cartÃo de crédito ou no cheque especial, já que os juros cobrados nestas modalidades de crédito sÃo os mais altos do mercado, chegando, em alguns casos, a mais de 300% ao ano”, alerta o educador financeiro do portal 'Meu Bolso Feliz', José Vignoli.


O estudo mostra ainda que há um percentual considerável de consumidores inadimplentes que alega ter sido registrado em cadastros de devedores pela pendência no pagamento de contas de serviços. Entre os consumidores que afirmam terem compromissos com contas de telefone fixo e celular, 22% disseram ter ficado inadimplentes por causa do nÃo pagamento dessas contas. Neste caso, chama a atençÃo o avanço de mais de 10 pontos percentuais em relaçÃo aos 9% verificados no ano passado. Já entre aqueles que possuem compromissos com instituições de ensino, como na mensalidade de faculdade ou do colégio, 19% afirmaram que acabaram sendo negativados em razÃo dessas pendências, um percentual acima dos 8% observados há um ano.


Brasileiro se endivida menos


Embora o brasileiro esteja atrasando mais as suas contas, o número de compromissos financeiros assumidos pelos consumidores inadimplentes tem diminuído. E segundo os especialistas do SPC Brasil, isso pode estar relacionado à dificuldade para se conseguir crédito em virtude dos juros elevados e do maior comprometimento da renda com o pagamento de outras dívidas. Em 2014, 70% dos inadimplentes entrevistados tinham parcelas a pagar no cartÃo de crédito – estivessem elas em dia ou nÃo. O percentual caiu para 57% em 2015. Também houve recuo na utilizaçÃo do cartÃo de loja: de 60% em 2014 para 55% em 2015. As parcelas a pagar em cheques e carnês caíram de 26% para 17%; a utilizaçÃo do cheque especial recuou, decaindo de 23% para 15%. Dentre os serviços nÃo bancários, a mesma tendência de recuo do número de contas assumidas foi observada. O destaque foi a queda das contas de água e luz – de 74% para 65%. Também houve recuo de 57% para 51% nas contas de telefone.


Em contrapartida, as únicas dívidas bancárias que aumentaram a incidência de utilizaçÃo entre os inadimplentes foram o empréstimo em bancos e financeiras, aumentando a participaçÃo de 22% para 33% em um ano, ao lado das parcelas a pagar de crédito consignado, cuja variaçÃo foi de 10% em 2014 para 12% em 2015.


“A tendência de o consumidor assumir menos dívidas é reflexo da economia bem mais fraca em 2015 em relaçÃo ao ano anterior. A piora na confiança com os rumos da economia faz com que haja retraçÃo na demanda por crédito e por compromissos financeiros. Mas ainda que haja menos contas a pagar, a queda da renda real do brasileiro, principalmente por conta da alta da inflaçÃo e da piora do emprego, tem feito com que a inadimplência se mantenha em trajetória de crescimento”, afirma Marcela Kawauti, economista chefe do SPC Brasil.


Dívidas nÃo bancárias sÃo prioridade de pagamento para os inadimplentes


Um dos grandes dilemas para quem está inadimplente é saber escolher as contas que devem ser pagas prioritariamente em detrimento de outras. Dentre os compromissos financeiros que estÃo em dia assumidos pelos consumidores inadimplentes, o principal destaque sÃo as dívidas nÃo bancárias, em especial aquelas ligadas ao plano de saúde e aluguel. No primeiro caso, 94% dos inadimplentes que têm esta pendência estÃo com os pagamentos em dia; no caso do aluguel, a participaçÃo dos que têm esta conta em dia chega a 92%. Outros compromissos que os inadimplentes costumam pagar majoritariamente em dia sÃo as contas de água e luz (85%) e as parcelas do condomínio (79%).


No caso das dívidas bancárias, os percentuais dos inadimplentes que pagam suas dívidas na data correta diminuíram na comparaçÃo com o ano passado. As mais citadas foram o financiamento da casa própria (63% frente à 67% verificado em 2014), seguida pelo crédito consignado (42% contra 60% no ano passado), que é descontado em folha de pagamento, e pelo financiamento do automóvel (36% ante 59% em 2014). “Percebe-se que os inadimplentes costumam priorizar o pagamento de contas de necessidades básicas e de financiamentos, que implicam na tomada do bem caso haja atrasos”, observa o educador financeiro do portal 'Meu Bolso Feliz', José Vignoli.


Metodologia

O estudo foi realizado pelo Serviço de ProteçÃo ao Crédito (SPC Brasil) e pela ConfederaçÃo Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e teve como objetivo analisar o comportamento dos consumidores inadimplentes em relaçÃo aos seus compromissos financeiros e investigar os principais vilões da inadimplência. Foram entrevistados 600 consumidores com contas em atraso há mais de 90 dias nas 27 capitais. A margem de erro é de no máximo 4,00 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%.

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