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Dirigir com menos de 5 horas de sono pode ser tão perigoso quanto dirigir bêbado

Última atualização 19 de abril de 2023 - 11:08:45

Foto: Divulgação – O risco é o mesmo observado em motoristas com 0,05% de álcool no sangue

Os perigos de beber e dirigir já são bem conhecidos. Agora,
um estudo feito por um grupo de cientistas australianos mostra que, se você
tiver dormido mal, também não deveria pegar o volante.

Uma pesquisa de 2021 apontou que entre 10% e 20% dos
acidentes de trânsito provavelmente eram causados, ao menos em parte, pelo
cansaço. Buscando alternativas para diminuir esse número, os pesquisadores
australianos avaliaram as evidências científicas de estudos de laboratório e de
campo para determinar quantas horas de sono você precisaria para dirigir com
segurança.

Os novos achados, publicados na revista Nature and Science
of Sleep este ano, mostram que dormir por menos de 4 ou 5 horas nas 24 horas
anteriores praticamente dobra o risco de um acidente. O risco é o mesmo
observado em motoristas com 0,05% de álcool no sangue.

 

Efeitos do álcool (e
do sono)

Quando o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) surgiu, em
1997, essa era a “tolerância máxima” para beber e dirigir. Motoristas pegos com
mais de 0,06% de álcool no sangue recebiam uma infração gravíssima. A multa era
multiplicada por cinco, o direito de dirigir do motorista era suspenso e seu
veículo recolhido. Com a Lei Seca em 2008, essa tolerância passou a ser de 0%.
Nada de álcool e volante, nem mesmo um pouquinho.

De 0,01% a 0,05% de álcool costuma ser suficiente para a
pessoa ficar só “felizinha”. Os músculos ficam mais relaxados e ela sente mais
vontade de falar e socializar. A partir desse nível, ela já começa a apresentar
problemas em tomar decisões e fica menos alerta. Acima de 0,08% ela já pode ter
dificuldade em focar e apresentar reações mais lentas.

Os cientistas sintetizaram 61 estudos para chegar à
conclusão: dirigir com menos de cinco horas de sono é tão perigoso quanto
dirigir bêbado. Além disso, o risco de acidente aumenta significativamente com
cada hora de sono perdida na noite anterior. Alguns estudos sugerem que, quando
o motorista havia dormido de zero a quatro horas na noite anterior, ele era 15
vezes mais suscetível a uma batida.

 

Como controlar?

Diferente de um happy hour depois do serviço, as pessoas não
costumam escolher dormir menos. Pessoas com distúrbios no sono, pais de
recém-nascidos e trabalhadores de turnos noturnos podem, às vezes, não
conseguir dormir a quantidade necessária por dia.

Seria difícil controlar o nível de sono dos motoristas. Não
existe um “teste de bafômetro” que avalie a fadiga na beira da estrada, o
quanto você dormiu ou quão debilitado está.

Alguns regulamentos já levam em conta o cansaço no trânsito.
No estado americano de Nova Jersey, uma lei determina que motoristas são
legalmente prejudicados se, nas últimas 24 horas, não tiverem dormido nada. Não
é o ideal, mas é alguma coisa.

No Brasil, não há uma especificação sobre o sono; mas,
segundo o art. 169 do CTB, dirigir sem atenção ou cuidados indispensáveis à
segurança caracteriza uma infração leve e, para o art. 166, entregar a direção
do veículo a alguém que não esteja em estado físico ou psíquico de conduzir é
infração gravíssima.

 

Como saber se você
deve dirigir

Já que a legislação não dá conta de regular esse tema, é
útil seguir alguns conselhos práticos para decidir se você está ou não cansado
demais para dirigir.

Se você boceja com frequência, dá umas piscadas mais longas,
está com a visão embaçada, tem dificuldade de manter a cabeça erguida e a
velocidade estável, e faz desvios na pista, talvez seja melhor passar o
volante. E se você dormiu por menos de cinco horas, talvez seja melhor nem
arriscar.

 

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