Talvez você já tenha visto nas redes sociais previsões catastróficas envolvendo 2019. Com um ano tão pesado, que começou com tragédias e perdas, as pessoas ficaram mais abertas a explicações místicas para o que está acontecendo e o que ainda há de vir nos próximos meses. Na web, passaram a circular teorias com tom apocalíptico baseadas em algo chamado “data limite”.
Segundo Jefferson Bellomo, dirigente da Comunhão Espírita de Brasília, a data limite está prevista para 2019 por ser 50 anos após o homem ter pisado na lua pela primeira vez. “A população foi impactada com as inovações científicas, o espaço e o acesso a armas no período. De acordo com a crença, se não houvesse uma guerra de proporções mundiais até 2019, o mundo passaria por um grande avanço, em termos sociais e tecnológicos”, conta.
O conceito tem como berço o espiritismo. “Supostamente, houve um diálogo entre Chico Xavier e um amigo. Apenas essas duas pessoas presenciaram o encontro e a teoria só veio à tona após a morte do médium. Então quem acredita na data limite confia na palavra desse amigo”, explica Jefferson.
Essa mudança intensa viria em forma de desastres naturais, atingiria várias pessoas e, após um período de transtornos, ocorreria um ciclo de renovação e melhorias. Apesar de ser ligado ao espiritismo e a teoria também estar vinculada à fé, Jefferson fala que é uma “profecia entre aspas”. No ambiente da doutrina, a data limite é polêmica: algumas pessoas acreditam e outras desejam mais provas e respostas. O dirigente da Comunhão pede calma a quem tem contato com o conceito.
“Várias gerações tiveram suas previsões apocalípticas. Acontecia no início do cristianismo, na época da peste negra e vimos até mesmo em 2012 a premonição do fim do mundo”, comenta. Para ele, os desastres naturais fazem parte do “organismo” do universo e vão continuar acontecendo.
Victor Nascimento, 23 anos, ecoa a fala de Jefferson e afirma que a ideia de uma catástrofe para começar a paz mundial não é algo exclusivo do espiritismo ou de Chico Xavier. “Curiosamente, a profecia aponta para o Brasil ser o país menos afetado e abrigo aos demais, mas temos visto constantes desastres naturais ocasionados por ações ruins dos seres humanos”, diz o escriturário e amante de tópicos ocultos. Na visão dele, qualquer assunto massificado e mal comunicado pode causar histeria coletiva.
Já a taróloga Jade Oliveira, 19, tem uma percepção mais otimista da teoria. A jovem ficou conhecida nas redes sociais por postar sobre a data limite em alguns grupos de Facebook. Atualmente, ela não acredita mais no conceito. “Primeiro, porque não sou mais conectada ao espiritismo e também por não existir uma fonte verídica de onde a história surgiu. Não há provas”, afirma.
Jade acredita na renovação do planeta, mas não baseada em tragédias. “A luz não necessariamente vai ferir. Acredito que a transformação será baseada mais nas atitudes individuais de cada pessoa”. Victor também ressalta que o tema é propício para o momento atual, porque a sociedade está mais em contato com a natureza e a espiritualidade.
Ele reforça que o fim do mundo é um assunto com o qual a humanidade flerta desde o início da civilização. “Daqui a alguns anos, isso tudo vai ser visto como mais uma profecia mitológica, como ocorreu com os maias, celtas, gregos e nórdicos”, aponta. Sendo real ou não, Victor diz que esse é um bom momento para as pessoas refletirem sobre seus hábitos com os outros e com o meio ambiente.
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