Cada criança tem sua particularidade, seu jeito único de ser, uma das diferenças mais significativas está no nível de movimento. Algumas parecem ter energia infinita- correm, pulam, exploram e estão em constante movimento. Essas são as chamadas “crianças do movimento”, e entender essa característica é fundamental para respeitar sua individualidade sem abrir mão da rotina.
É comum que sejam consideradas como “desobedientes” ou “hiperativas”. No entanto, o movimento é uma necessidade natural para o desenvolvimento infantil. Henri Wallon, um dos grandes teóricos da psicologia e educação, defendia que o desenvolvimento humano ocorre pela integração entre emoção, ação e pensamento. Ou seja, o movimento não é somente uma manifestação física, mas uma ferramenta de aprendizagem e socialização.
Pesquisas em neurociência confirmam essa visão: movimentar-se ativa áreas cerebrais relacionadas à atenção, memória e linguagem. Por isso, encerrar o movimento de forma bruta, pode gerar frustração e comprometer o aprendizado. A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) também reforça a importância das experiências corporais para o desenvolvimento integral, apontando que o corpo é uma forma de expressão e interação com o mundo.
Mas como conciliar essa necessidade com a rotina escolar e familiar? Assim como na alimentação, a chave está no equilíbrio. A estruturação de momentos de movimento ao longo do dia, intercalando-os com períodos de concentração. Atividades devem unir movimento e aprendizagem — histórias interativas, como jogos motores com letras, circuitos de números ou dramatizações — são estratégias eficazes.
A parceria da família é essencial, pais e professores precisar dialogar para manter uma rotina adequada, evitando excesso de telas e garantindo tempo de qualidade ao ar livre. Não se discute a ausência de limites, mas de compreender que o movimento faz parte da aprendizagem e precisa ser conduzido de forma positiva.
Respeitar a criança do movimento é um ato de empatia e inteligência pedagógica. Planejamento, criatividade e acolhimento são os caminhos para transformar energia em aprendizado, mantendo a rotina organizada sem abafar a essência da infância.
Fonte: Silvana Dal Pizzol da Costa
Professora de Educação Infantil do Município de Palmitos
Professora do curso de Pedagogia- Faculdade FAOSC
Formadora LEEI- Leitura e escrita na Educação Infantil 2024/2025
Especialista em Educação Infantil e anos Iniciais
Especialista em Gestão escolar
Especialista em Supervisão escolar
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Educação
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