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Covid-19 matou 5 pessoas por hora no mês de março em Santa Catarina

Última atualização 2 de abril de 2021 - 17:10:06

Foto: Willian Ricardo/ND

“O Brasil irá viver em março de 2021 o mês mais triste de sua vida”. Essa expressão foi usada pela pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, ainda no final de 2020.

O que foi previsto pela pesquisadora, infelizmente, se concretizou. No mês de março de 2021, 5 pessoas perderam a vida por hora pela Covid-19, em Santa Catarina.

O dado se encontra em um artigo divulgado pelo Necat (Núcleo de Estudos de Economia Catarinense), vinculado à UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

“Variante brasileira”

O professor Lauro Mattei, que assina o artigo e coordena o Núcleo, afirma que o número se dá em função de que a chamada “variante brasileira” se espalhou rapidamente pelo país.

Isso porque sua transmissibilidade é maior e bem mais agressiva, o que fez com que houvesse uma verdadeira explosão dos registros oficiais da doença e, por consequência, dos óbitos. Para Mattei, duas situações contribuíram para agravar ainda mais esse cenário.

“Por um lado, a falta de uma política preventiva de controle da pandemia por parte do governo federal e, por outro, os impasses do Plano Nacional de Imunização, que até hoje se ressente da falta de vacinas em quantidades suficientes para desencadear uma vacinação em massa da população do país.”

No mês de dezembro de 2020 ocorreu uma grande elevação do número de mortes fazendo com que atingisse o segundo maior percentual (13,5%) dentre todos os meses considerados.

Isso representou um crescimento de 40% em relação ao total registrado nos meses anteriores. Nos dois meses iniciais de 2021 (janeiro e fevereiro) houve um ligeiro recuo dos óbitos registrados, ainda que se mantivessem num patamar elevado. Com isso, ambos passaram a responder por aproximadamente 20% do total de mortes ocorridas no Estado.

Já o mês de março de 2021 apresentou uma grande explosão do número de óbitos. Somente nesse mês foram registradas 32% do total de mortes que ocorreram no Estado em 13 meses de pandemia.

Isso significou um crescimento de 48% em relação ao total existente até o mês anterior. Se a este percentual for somado os percentuais dos meses de janeiro e fevereiro, verifica-se que 51,5% de todos os óbitos registrados no Estado ocorreram nos três primeiros meses de 2021.

Além disso, se for considerado o período entre dezembro de 2020 e março de 2021, observa-se que 65% do total de mortes do Estado ocorreram em apenas 4 meses.

Do ponto de vista da participação percentual de cada faixa etária, o artigo expõe que houve uma trajetória praticamente linear na maioria das faixas, chamando atenção para a existência de dois movimentos distintos nos meses recentes.

Por um lado, as faixas de 30-39 anos e de 40-49 anos apresentaram uma ligeira tendência de aumento de suas participações, especialmente nos meses de fevereiro e março. Esse movimento foi observado também na faixa etária de 20-29 anos, porém em magnitude menor.

Por outro lado, houve redução da participação das faixas de 80-89 anos e 90 ou mais, particularmente no mês de março quando houve uma grande expansão dos óbitos. “É bastante provável que nestas duas últimas faixas essa redução possa estar relacionada à vacinação que já estava em curso desde meados de janeiro de 2021.”, afirma o estudo.

O estudo aponta uma questão central, caso o efeito da vacinação venha a se confirmar nos próximos meses com relação à diminuição dos óbitos.

“Muitas dessas vidas que ainda continuam sendo perdidas diariamente poderiam ter sido salvas, caso tivéssemos no Brasil uma política nacional efetiva de prevenção à doença casada com um programa de vacinação em massa da população como está acontecendo em diversos países.”, conclui.

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