Corte o sal e evite o câncer
Última atualização 12 de junho de 2015 - 16:12:37
Esta é a última acusaçÃo contra o abuso do sal: ele também faz parte da quadrilha por trás dos tumores gástricos. O aviso vem da UniÃo Europeia de Gastroentetologia (UEG) e se baseia em estudos que relacionam seu consumo a uma maior atuaçÃo da bactéria Heliobacter pylori, já condenada pela ciência como causadora de úlceras no estômago capazes de evoluir para um câncer. Ultrapassar entre 5 e 6 gramas por dia, segundo os especialistas, já ampliaria a probabilidade de estragos acontecerem – e lembre-se de que é fácil alcançar esse limite se você exagerar no tempero e em alimentos industrializados carregados de sódio, como macarrões instantâneos, embutidos e congelados.
Em entrevista à SAÚDE, o médico John Atherton, secretário-geral da UEG, explica que o excesso de sal parece deixar a parede do estômago mais vulnerável à H. pylori. “Sabemos ainda que o ingrediente interfere na proliferaçÃo da bactéria e aumenta seu potencial de provocar danos”, conta. É como se esse micro-organismo ganhasse forças e brechas para atacar o órgÃo. NÃo por acaso, ele está relacionado a três quartos dos casos de câncer gástrico.
Consumimos mais que o dobro do indicado
O alarde europeu merece ser ouvido pelos brasileiros. Primeiro porque nossa populaçÃo carrega no sal – ingerimos, em média, 12 gramas por dia, mais que o dobro da recomendaçÃo. Segundo porque, pelos cálculos do Instituto Nacional do Câncer (Inca), os tumores de estômago fazem cerca de 20 mil novas vítimas por ano no país – é o quarto câncer mais comum entre os homens. O nutricionista Fábio Gomes, do Inca, ainda chama atençÃo para a dificuldade de medirmos no dia a dia quanto de sódio vai parar dentro do corpo. Até guloseimas, refrigerantes diet e produtos light como blanquet de peru contam com taxas significativas do ingrediente.
Se você ainda nÃo se convenceu do elo entre paladar salgado e as tristes retaliações lá no estômago, basta virar os olhos para o outro lado do globo. “O alto índice de câncer gástrico entre os japoneses é associado ao consumo rotineiro de molho à base de soja”, aponta Gomes. Ora, esse molho, comum no rodízio de sushis e sashimis, é um autêntico poço de sódio.
Diagnóstico tardio
Evidentemente, algumas pessoas estÃo mais propensas do que outras a sofrer com a enfermidade – e, para elas, seria urgente a necessidade de podar o sal. A oncologista Fernanda Caparelli, do Instituto do Câncer do Estado de SÃo Paulo, esclarece que os tumores gástricos têm origem multifatorial. Ou seja: genética, presença da bactéria H. pylori, histórico de gastrite e úlcera, abuso de álcool, cigarro, estresse, dieta desiquilibrada e sedentarismo também contribuem para o seu aparecimento. E, agora, o sal.
E nÃo dá pra vacilar mesmo. O mal tem uma alta taxa de letalidade, consequência do diagnóstico muitas vezes tardio. Por isso, dores constantes na boca do estômago, perda de peso sem explicaçÃo aparente e sensaçÃo de empachamento após quase toda refeiçÃo devem ser encarados com atençÃo. Nessas circunstâncias, o gastroenterologista indica uma endoscopia para detectar eventuais lesões precocemente – se a bactéria H. pylori for identificada, antibióticos sÃo receitados. Agora, independentemente de sentir ou nÃo mal-estar nas bandas do estômago, uma liçÃo você já leva para casa sem precisar de receita médica: melhor maneirar no sal, nÃo?
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