O volume de brasileiros inadimplentes caiu pelo segundo mês consecutivo e terminou 2019 com uma queda de -0,2% em relação ao ano anterior. Cerca de 61 milhões de pessoas começaram 2020 com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas. Em 2018, o ano havia se encerrado com uma alta de 4,4% na taxa de inadimplência. Os dados foram apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Em dezembro, as contas em atraso no setor de comunicação, que inclui telefonia e internet, caíram -16,4% e as bancárias, -1,9%. Já as dívidas contraídas no comércio subiram 0,9%, enquanto nas contas de água e luz aumentou 2,1%. Somando todas as pendências, cada consumidor inadimplente deve, em média, R$ 3.257,91, porém, 52,8% tem dívidas inferiores a R$ 1.000.
Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a queda na inadimplência reflete um cenário de recuperação de crédito, impulsionado pelas campanhas de renegociação promovidas no fim do ano passado, como renegociação de dívidas e a liberação dos recursos do FGTS.
“A expectativa é de que a inadimplência siga em queda pelos próximos meses, mas a passos lentos. A aceleração desse quadro passa pela continuidade da melhora econômica e, em especial, daquilo que toca diretamente o bolso do consumidor, emprego e renda. As famílias ainda enfrentam dificuldades para honrar seus compromissos em dia”, explicou.
Regiões e faixa etária
O Norte é a região com mais inadimplentes em termos proporcionais: 47,2%, o que representa 5,9 milhões de consumidores. Em seguida aparece o Centro-Oeste, com 42,4% (5,1 milhões), Nordeste com 40,2% (16,6 milhões), Sudeste com 37,4% (25,2 milhões) e o Sul com 35,5% (8,2 milhões).
O indicador mostra ainda que houve uma queda expressiva na inadimplência da população mais jovem. O número de pessoas que tem de 18 e 24 e estão endividadas caiu 21% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Já entre os idosos de 65 a 84 anos, o número de inadimplentes cresceu 3,7%.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a permanência dos idosos no mercado de trabalho e o hábito de pegar dinheiro emprestado para outras pessoas contribui para a inadimplência nesse público. “Com o desemprego alto, em muitas famílias o idoso que recebe a aposentadoria é a única fonte de renda. Há ainda o hábito que alguns idosos possuem de emprestar o nome a terceiros, geralmente familiares, principalmente diante da facilidade de acesso ao crédito consignado”, analisou.
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