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Cirurgiões americanos transplantam com sucesso um coração de porco em uma pessoa

Última atualização 12 de janeiro de 2022 - 15:09:27


Foto: UMSOM/Handout – A operação foi realizada na sexta-feira


Uma equipe de
cirurgiões americanos transplantou com sucesso o coração de um porco
geneticamente modificado em um humano, algo inédito no mundo, informou a
universidade Maryland Medical School nesta segunda-feira (10).

A operação foi
realizada na sexta-feira e demonstrou pela primeira vez que o coração de um
animal pode continuar a bater em um ser humano sem rejeição imediata, explicou
em comunicado.

O paciente, David
Bennett, não tinha condições de receber um coração humano. O residente de
Maryland, de 57 anos, está sob vigilância médica para analisar o funcionamento
de seu novo órgão.

“Era morrer ou
fazer esse transplante. Eu quero viver. Eu sei que é um tiro no escuro, mas é
minha última opção”, declarou Bennett um dia antes da operação. Bennett,
que passou os últimos meses acamado e ligado a uma máquina de suporte à vida,
acrescentou: “Estou ansioso para sair da cama assim que me
recuperar”.

A Agência de Alimentos
e Medicamentos (FDA) americana concedeu uma autorização de emergência para a
cirurgia na véspera de Ano Novo, como a última chance para um paciente que não
estava apto para um transplante convencional.

“Esta foi uma
cirurgia revolucionária e nos deixa um passo mais perto de resolver a crise de
escassez de órgãos”, disse Bartley Griffith, que transplantou o coração do
porco.

“Estamos procedendo com
cautela, mas também estamos otimistas de que esta primeira operação cirúrgica
do mundo será uma nova e importante opção para os pacientes no futuro”, acrescentou.

O porco doador
pertencia a um rebanho que passou por um procedimento de modificação genética
para remover um gene que produz um açúcar que teria desencadeado uma forte
resposta imune de um ser humano e causado a rejeição do órgão.

A modificação foi
realizada pela empresa de biotecnologia Revivicor, que também forneceu o porco
usado em um transplante de rim inovador em um paciente com morte cerebral em
Nova York em outubro.

O órgão doado
permaneceu em uma máquina para preservá-lo antes da cirurgia, e a equipe também
usou um novo medicamento junto com outras substâncias convencionais para
suprimir o sistema imunológico e impedir que rejeite o órgão.

Trata-se de um composto
experimental fabricado pela Kiniksa Pharmaceuticals. Cerca de 110 mil
americanos estão atualmente esperando por um transplante de órgão, e mais de 6
mil pacientes morrem a cada ano antes de receber um, de acordo com dados
oficiais.

Para atender à demanda,
os médicos há muito se interessam pelo chamado xenotransplante, ou doação de
órgãos entre espécies, com experimentos que remontam ao século 17.

As primeiras pesquisas
se concentraram na extração de órgãos de primatas. Por exemplo, um coração de
babuíno foi transplantado em um recém-nascido conhecido como “Baby
Fae” em 1984, mas este sobreviveu por apenas 20 dias.

Hoje, as válvulas
cardíacas de porco são amplamente utilizadas em humanos, e a pele de porco é
enxertada em pessoas que sofreram queimaduras. Os porcos são doadores ideais
devido ao seu tamanho, crescimento rápido, ninhadas grandes e ao fato de
estarem prontamente disponíveis, sendo criados para alimentação.

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