SÃO MIGUEL DO OESTE
Os 60 haitianos que estão em São Miguel do Oeste vindos de diversas regiões do Haiti participaram, na tarde do último sábado, dia 08, de uma confraternização realizada pela paróquia São Miguel Arcanjo e Conselho de Pastoral, no auditório do salão paroquial. Conforme um dos integrantes do Conselho de Pastoral, Jamil Luíz Schaker, o objetivo da atividade foi possibilitar um momento de apresentação dos grupos de haitianos que chegaram ao município no início do ano. Em São Miguel do Oeste, aproximadamente 70 haitianos estão trabalhando em empresas da Construção Civil.
A Coordenadora de Recursos Humanos da empresa Macodesc, Karina Wormesbecker, ressalta que foram contratados na segunda semana de janeiro 16 haitianos para trabalhar na função de auxiliar de obras. Segundo Karina, a Construção Civil é uma área que está crescendo e necessita, de acordo com ela, de mão de obra. Karina explica que na região, diversas empresas já haviam feito à contratação de haitianos. Em Chapecó, por exemplo, são aproximadamente sete mil trabalhadores vindos do Haiti. “Descobrimos que outras empresas estavam contratando e resolvemos seguir o mesmo caminho”, enfatiza.
Sem mencionar o valor pago aos haitianos, Karina diz que existe uma diferença salarial que é paga aos brasileiros e haitianos. A empresa, segundo Karina, fez um acordo com os haitianos e pagará durante um período acordado o aluguel da casa localizada no bairro São Jorge e a alimentação até que, segundo ela, os trabalhadores consigam sua estabilidade. Um acompanhamento também está sendo feito pela Polícia Federal do Acre. Segundo Karina, a cada seis meses as empresas precisarão prestar informações a Polícia sobre a situação trabalhista dos haitianos.
ACOMPANHAMENTO
O Pároco da Igreja Matriz São Miguel Arcanjo, Padre Reneu Zortea, destaca que a igreja fará um acompanhamento através de visitas às comunidades onde os haitianos estão residindo. Segundo ele, a primeira visita já ocorreu, mas esse trabalho deve continuar. Para Zortea, a migração dos haitianos surge por uma necessidade de sobrevivência, embora ofereça riscos.
Para Zortea, é preciso entender se existe de fato a falta de mão de obra na região e o que o poder público está fazendo para capacitar as pessoas que residem no Brasil. “Precisamos olhar além da compra e venda de mão de obra. Antes de tudo, compreender os seres humanos que estão aqui com a gente e como a situação de vida e trabalho dos haitianos ficará daqui para frente, principalmente se ocorrer futuras demissões”, enfatiza.
ADAPTAÇÃO
Quem está há mais tempo no município já consegue se comunicar com mais facilidade e auxiliar os que recentemente chegaram ao Brasil. François Louis, 35 anos, veio da cidade de Artibonite, no Haiti, e está há nove meses em São Miguel do Oeste. François deixou quatro filhos sobre os cuidados do irmão no Haiti e há um mês trouxe a esposa para morar em São Miguel do Oeste.
Segundo ele, o custo para trazer a família é muito elevado. “Para trazer minha esposa gastei R$ 9 mil. Vou precisar esperar mais um tempo para trazer as crianças também, embora a saudade seja grande”. Fraçois explica que os demais haitianos também pretendem trazer a família, mas, segundo ele, devem esperar mais um ano até conseguirem se adaptar e se estabilizar financeiramente. “A princípio vamos trabalhar e aceitar o normativo que nos é pago, mas queremos ter condições melhores para sobreviver e trazer quem ficou no Haiti”, finaliza.
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