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Bancários deflagram greve nacional por salário e condições de trabalho

Última atualização 1 de outubro de 2014 - 00:00:00

Os bancários de bancos públicos e privados de todo o país entram em greve nacional ontem dia 30, por tempo indeterminado. Por orientação do Comando Nacional, coordenado pela Contraf, a decisão foi tomada pelas assembleias realizadas pelos sindicatos nesta segunda-feira à noite, que ratificaram as decisões das assembleias do dia 25 e rejeitaram a nova proposta apresentada no sábado 27 pela Fenaban, elevando o índice de reajuste de 7% para 7,35% (0,94% de aumento real) para os salários e demais verbas salariais e de 7,5% para 8% (1,55% acima da inflação).

Conforme o presidente do Sindicato dos Bancários de São Miguel do Oeste, Odacir Balbinot, além de o índice de reajuste não atender a expectativa dos bancários, a proposta não contempla as reivindicações não econÔmicas, que são imprescindíveis para a categoria, como garantia de emprego, combate às metas abusivas e ao assédio moral, segurança bancária e igualdade de oportunidades. “Queremos mais dos bancos, que têm aqui a mais alta rentabilidade de todo o sistema financeiro internacional. Nossa pauta busca um reajuste de 12,5%, além da contratação de mais bancários para atender melhor a população, diminuir as filas, e dar um basta no aumento das tarifas bancárias que estão ‘esfolando’ a população”, enfatiza.

Até o fechamento de edição do Jornal Gazeta Catarinense, ainda não haviam informações concretas de quantos bancos aderiram à greve. Em São Miguel do Oeste, e Caixa EconÔmica Federal e o Banco do Brasil, ainda pela manhã de ontem, já anunciavam a paralização com placas colocadas nas portas.

Conforme dados emitidos pelo Comando Nacional, somente os seis maiores bancos (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa EconÔmica Federal, Santander e HSBC), que somados detêm mais de 85% dos ativos do sistema financeiro e empregam mais de 90% dos bancários, tiveram lucro líquido de R$ 56,7 bilhões em 2013 e mais R$ 28,5 bilhões no primeiro semestre deste ano.

Após o resultado das assembleias dos sindicatos, que representam a grande maioria dos bancários de todo o país, a Contraf enviou ofício para a Fenaban, comunicando a rejeição da nova proposta dos bancos e a ratificação da decisão das assembleias do dia 25 de greve por tempo indeterminado a partir desta terça-feira. “A Contraf continua à disposição da comissão dos bancos para a retomada das negociações visando buscar uma nova proposta que atenda às expectativas da categoria bancária”, anunciaram.

JURO ASTRONÔMICOS

Ainda, conforme a Contraf, a exploração dos bancos sobre a sociedade vem também na forma de uma das maiores taxas de juros do mundo. A média do cheque especial em junho foi de 171% ao ano (alta de 34,7 ponto percentual em 12 meses). No crédito pessoal foi de 100,3% (alta de 27,5 ponto percentual em um ano). Enquanto cobram isso para emprestar, pagam 11% ao ano (a taxa oficial do mercado, a Selic) para conseguir esse mesmo dinheiro. “A ganãncia, que é uma marca do setor, também está comprometendo a renda dos brasileiros”, destacam.

Estudo feito pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra que a prestação mensal de um financiamento de R$ 1 mil, tomado, por exemplo, em junho deste ano, foi de R$ 39,87. O valor é 3,5% maior do que a prestação de R$ 38,54 paga um ano atrás (descontada a inflação medida pelo IPCA). Por outro lado, de acordo com o Dieese, o aumento real médio conquistado pelas categorias no 1º semestre foi de 1,54%. “Eles fazem horrores com as contas dos clientes”, finaliza o presidente Odacir Balbinot.

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