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Aumenta número de casos de câncer de pele em Santa Catarina

Última atualização 12 de agosto de 2015 - 16:41:26
Ainda garoto, Luiz Ekke Moukarzel ia muito à praia em Florianópolis e nÃo tomava qualquer tipo de cuidado. Naquela época, nÃo havia muita divulgaçÃo sobre os riscos do câncer de pele. Agora, aos 61 anos, sente os efeitos cumulativos do sol e já teve que fazer a retirada de manchas que representavam o início da doença.
Casos como o de Moukarzel sÃo mais comuns a cada ano. Mesmo com mais informações e campanhas de conscientizaçÃo, a taxa de incidência da doença cresce de forma significativa, principalmente em Santa Catarina, que aparece nas primeiras posições do ranking nacional. Os fatores para a incidência no Estado estÃo na descendência europeia, que resultou em pele muito clara, e na cultura de ir à praia.
Daniel Holthausen Nunes, presidente da regional catarinense da Sociedade Brasileira de Dermatologia, afirma que, como os homens costumam ser mais expostos constantemente ao sol, caso de agricultores e pescadores, a incidência é bem maior.

— A taxa de detecçÃo cresceu 20% nos últimos 10 anos no Estado. O grande problema do câncer de pele é que, como a lesÃo é mais visível, o diagnóstico é precoce, entÃo a chance de complicaçÃo é menor, por isso as pessoas se preocupam menos. Mas câncer é câncer e, se demorar, pode precisar de procedimento que deixa cicatriz ou mutilaçÃo – diz Nunes.

Embora os tumores costumem aparecer após os 40 anos, eles geralmente sÃo resultado da exposiçÃo crônica ao sol ou daquela queimadura de anos atrás:

— O sol é bonzinho, demora um tempo para mostrar os efeitos. EntÃo, aquela queimadura que você teve na infância vai aparecer lá depois dos 40. Por isso é fundamental os cuidados desde criança – explica Márcia Purceli, consultora em dermatologia do programa Bem Estar, da Rede Globo.

Para evitar a doença, o mais importante é priorizar a fotoproteçÃo e usar protetor solar toda vez que sair ao ar livre.

— Se nÃo mudarmos a consciência dos adultos sobre fotoproteçÃo, nÃo iremos mudar este cenário — afirma Márcia.
Aplicativo ajuda a monitorar
Além de cuidar da proteçÃo constante contra o sol, é fundamental acompanhar o surgimento e a alteraçÃo de manchas. Há uma regra básica de autoexame chamada de ABCD ( assimetria, borda, cor e dimensÃo): mancha assimétrica pode ser tumor maligno, assim como a com borda irregular, de dois ou mais tons e maior di que seis milímetros.
Para auxiliar neste pré- diagnóstico, o coordenador do Curso de Ciência da ComputaçÃo da Universidade Regional de Blumenau ( Furb), Aurélio Hoppe, e o ex- estudante do curso, Thiago Pradi, começaram a desenvolver o aplicativo iMelanoma em 2012. O usuário cadastra a mancha para histórico, tira uma foto da lesÃo com a câmera do próprio celular e pressiona o botÃo de diagnóstico e, em segundos, o aplicativo retorna o resultado ( lesÃo benigna ou maligna).
— Porém, é importante ressaltar que o objetivo nÃo é substituir o especialista e sim, auxiliá- lo. O nível de acerto do aplicativo é em torno de 90% — diz Hoppe.
Nos últimos dois anos, o trabalho de desenvolvimento continuou. Fizeram a portabilidade do aplicativo para a plataforma Android – a iOS já está pronta – e incluíram uma interface para fazer o mapeamento corporal das lesões cutâneas, que serve para acompanhar as modificações.
— Pretendemos disponibilizar o aplicativo, no início, gratuitamente. Mas, antes disso, precisamos conseguir algumas autorizações legais, como do Conselho de Ética — explica o coordenador.
Tipos
Carcinoma basocelular (CBC)
É o mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. O CBC surge nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme (a camada superior da pele). Tem baixa letalidade, e pode ser curado em caso de detecçÃo precoce. Os CBCs surgem mais frequentemente em regiões mais expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas.
Carcinoma espinocelular (CEC)
Manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol. É duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. Normalmente, têm coloraçÃo avermelhada, e apresentam-se na forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que nÃo cicatrizam e sangram ocasionalmente.
Melanoma
Tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, o melanoma tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. Em geral tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, quando se trata de melanoma, a “pinta” ou o “sinal” em geral mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento. Por isso, é importante observar a própria pele constantemente, e procurar imediatamente um dermatologista caso detecte qualquer lesÃo suspeita.
Sinais e sintomas
O câncer da pele pode se assemelhar a pintas, eczemas ou outras lesões benignas. Conhecer bem a pele e saber em quais regiões existem pintas faz toda a diferença na hora de detectar. Somente um exame clínico feito por um médico especializado ou uma biópsia podem diagnosticar o câncer da pele, mas é importante estar sempre atento aos seguintes sintomas:
Uma lesÃo na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;
Uma pinta preta ou castanha que muda sua cor, textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de tamanho;
Uma mancha ou ferida que nÃo cicatriza, que continua a crescer apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento.
Como prevenir
Evitar a exposiçÃo excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiaçÃo UV sÃo as melhores estratégias. Os grupos de maior risco sÃo os do fototipo I e II, ou seja: pele clara, sardas, cabelos claros ou ruivos e olhos claros. Além destes, os que possuem antecedentes familiares com histórico da doença, queimaduras solares, incapacidade para bronzear e pintas também devem ter atençÃo e cuidados redobrados.
Usar chapéus, camisetas e protetores solares.
Evitar a exposiçÃo solar e permanecer na sombra entre 10 e 16h (horário de verÃo).
Na praia ou na piscina, usar barracas feitas de algodÃo ou lona, que absorvem 50% da radiaçÃo ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o material.
Usar filtros solares diariamente, e nÃo somente em horários de lazer ou diversÃo. Utilizar um produto com fator de proteçÃo solar (FPS) 30, no mínimo.
Reaplicar o produto a cada duas horas ou menos, nas atividades de lazer ao ar livre. Ao utilizar o produto no dia-a-dia, aplicar uma boa quantidade pela manhà e reaplicar antes de sair para o almoço.
Observar regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas.
Consultar um dermatologista uma vez ao ano, no mínimo, para um exame completo.
Manter bebês e crianças protegidos do sol. Filtros solares podem ser usados a partir dos seis meses.

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