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Ato público critica recomendação de arquivamento do caso Chiarello

Última atualização 29 de agosto de 2013 - 07:24:53

Um ano e nove meses após o vereador Marcelino Chiarello ter sido encontrado morto em sua casa, dezenas de familiares e amigos fizeram uma manifestação na Avenida Getúlio Vargas, em Chapecó. Além de homenagear as lutas do ex-vereador eles criticaram a decisão do Ministério Público de recomendar o arquivamento do caso.

Aos gritos de “Marcelino Presente, Justiça Ausente”, eles percorreram algumas ruas principal via de Chapecó, com camisetas com a imagem de Chiarello. Na terça-feira o Ministério Público encaminhou ao Judiciário pedido de arquivamento do inquérito. Nem o parecer do médico coordenador do Departamento de Medicina Legal da Universidade de São Paulo, Daniel Romero Muñoz, concluído há cerca de um mês, levou os promotores Jackson Goldoni, Benhur Betiolo e Cleber Hanish, a prosseguirem com as investigações.

De acordo com os promotores o parecer apresenta algumas falhas e não descredencia o material produzido anteriormente, com o laudo do Instituto Nacional de Criminalística. O promotor Cléber Hanish disse que um dos pontos questionados pelo parecer, que eram as manchas de sangue que corriam no sentido do nariz para a orelha, que dava margem para imaginar que ele teria sido colocado deitado no chão e depois enforcado, foram explicadas pelo laudo do Instituto Nacional de Criminalística. Hanish disse que a os peritos mostraram que era possível ele ter pendido a cabeça para trás.

O promotor Jacskon Goldoni destacou que a mancha de sangue de uma mão na janela, seria do próprio Chiarello, segundo a conclusão dos peritos. O Instituto Nacional de Criminalística não apontou nenhum indício da presença de outra pessoa no local onde o ex-vereador foi encontrado morto. Não havia nenhum móvel fora do lugar e, nas manchas de sangue do chão, próximo ao corpo de Chiarello, não havia pegadas no chão indicando que ele teria sido pendurado por outra pessoa. -Só se alguém flutuasse- complementou Cléber Hanish.

A investigação do Ministério Público analisou 11.405 ligações e gravou 129h30min de conversas telefÔnicas. Foram ouvidas 63 pessoas nas investigações da Polícia Civil, mais quatro pela Polícia Federal e 21 pelo Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). Goldoni disse que o Ministério Público decidiu abrir um inquérito pois não ficou satisfeito com o resultado das investigações da Polícia Civil, que embora tenha sido inconcluso, apontava para o enforcamento como a causa da morte. -Ficamos perplexos com os resultados- informou.

O promotor afirmou que a investigação gerou até um desgaste com a Polícia Civil, pois o trabalho foi de checar tudo o que havia sido feito.No entanto, após o trabalho da Polícia Federal, do Gaeco e do laudo do Instituto Nacional de Criminalística, os promotores entenderam que não há nenhum elemento suficiente para indicar o homicídio. –Eu até fico com cara de tacho pois comprei essa briga- disse Goldoni, que imaginava conseguir resultado diferente.

Durante a coletiva, um dos advogados da família da Marcelino Chiarello, Alcides Heerdt, que foi até o Fórum para acompanhar a coletiva, questionou os promotores. Goldoni disse que não iria rebater o advogado. –Rebater é difícil-disse Heerdt. Em determinado momento, o promotor encerrou a coletiva, afirmando que não havia mais condições de prosseguir. Heerdt disse que o Ministério Público está enganado.

O advogado entende que a investigação da Polícia Federal não foi bem conduzida. –O Ministério Público cansou- declarou o advogado. Ele afirmou que vai conversar com a família e os demais advogados, para avaliar qual o encaminhamento, mas já adiantou que há vários recursos possíveis. Outro advogado da família, Sérgio Martins de Quadros, disse que aguarda a decisão judicial mas, se for pelo arquivamento, pretende recorrer.

ENTENDA O CASO

No dia 28 de novembro próximo das 11h30, o vereador Marcelino Chiarello foi encontrado pela mulher e o filho enforcado na janela do quarto de visitas, em sua casa. Ele havia saído da escola por volta das 10 horas, ido para casa e mandado o filho na casa da sogra. No início a cena parecia de suicídio. Mas delegados da Polícia Civil avaliaram que o suicídio era forjado pois o sangue havia escorrido na horizontal, havia sinais de lesão na cabeça e no olho do vereador, não havia banco para ele se apoiar e o nó da fita utilizada era fixo e menor que a circunferência do pescoço. Cinco delegados participaram de uma entrevista coletiva explicando que era homicídio. Depois dois delegados foram designados para o caso: Ronaldo Neckel Moretto e Augusto Mello Brandão.

O primeiro laudo do médico legista que fez a necropsia, Antonio de Marco, apontou como causa da more traumatismo crãnio-encefálico e asfixia mecãnica. No entanto a perícia realizada no local do crime não encontrou indícios da presença de uma terceira pessoa.

O diretor de IGP, Rodrigo Tasso, solicitou um outro parecer, do médico legista Zulmar Coutinho, que apontou para suicídio. Uma junta médica também avaliou o material e apontou para suicídio.

A Polícia Civil ouviu mais de 50 pessoas durante 105 dias e não chegou a nenhuma autoria. O inquérito foi concluído sem apontar a causa da morte, pois o Ministério Público daria sequência ao trabalho. O Partido dos Trabalhadores pediu a federalização do caso, que não foi aceita.

O Ministério Público solicitou auxílio da Polícia Federal para esclarecer a morte. A Polícia Federal fez solicitou a exumação do corpo do vereador, que chegou a ser levado para São Paulo. O Instituto Nacional de Criminalística concluiu que houve suicídio por falta de vestígio de ação de outra pessoa. A Polícia Federal concluiu por suicídio.

A família de Chiarello não se conformou com o resultado solicitou um parecer do doutor Daniel Romero Muñoz, da USP, que simulou as condições da morte do vereador e concluiu que havia elementos fortemente a favor de homicídio. No entanto o Ministério Público decidiu pelo arquivamento do caso.

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